Economia

Amcham: empresas gastam R$ 300 mil com burocracia

Pesquisa feita pelo Ibope levou empresários a elaborarem propostas como a recriação do ministério da Desburocratização

Custos causados pela burocracia é uma das principais reclamações do empresários (GERMANO LUDERS)

Custos causados pela burocracia é uma das principais reclamações do empresários (GERMANO LUDERS)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h46.

São Paulo - Pesquisa divulgada hoje mostra que 20% das companhias associadas à Câmara Americana de Comércio (Amcham) gastam pelo menos R$ 300 mil por ano com rotinas burocráticas no Brasil, considerando despesas com funcionários, profissionais terceirizados e emissão de documentos.

O levantamento, realizado pelo Ibope em 211 empresas de dez grandes cidades do País, foi divulgado hoje. De acordo com o estudo, feito de 28 de abril a 17 de maio, 36% dos entrevistados apontaram que os lucros seriam superiores a pelo menos 6%, caso todas as rotinas exigidas pelo poder público fossem removidas.

Na avaliação dos empresários, entre os elementos que poderiam ser adotados pelo governo para diminuir os entraves burocráticos estão o aumento da eficiência da gestão de administração, o fim das redundâncias, a penalização rápida de infratores - para evitar a corrupção - e a unificação de políticas definidas pela União e adotadas por Estados e municípios. Outro fator importante, segundo os dirigentes de companhias, é a recriação do Ministério da Desburocratização. Isso indica que os entrevistados têm pouca confiança que a atual estrutura do Estado reduzirá as barreiras de processos que prejudicam as atividades comerciais.

De acordo com o levantamento, 78% dos entrevistados apontam entre os entraves burocráticos o tempo exigido para cumprimento de tais obrigações junto ao poder público. Para 77% das empresas outra dificuldade é a necessidade de emissão de diferentes certidões e documentos. Para 63%, os custos causados pela burocracia também são obstáculos. Na avaliação de 91% dos entrevistados, existem conflitos burocráticos que atrapalham o ambiente de negócios.


A sondagem também questionou quais são as exigências burocráticas que mais emperram a concretização de negócios. Quarenta e três por cento citaram as documentais, como as que devem ser obtidas na Junta Comercial ou relativas a alteração de contrato social. Na análise de 39%, merecem destaque os pedidos oficiais relacionados a regras de contabilização de operações e, para 10%, o maior problema são as requisições em transações imobiliárias que envolvem, por exemplo, cartórios (como certidões e atestados).

Segundo a pesquisa Ibope/Amcham, 67% apontaram que as dificuldades burocráticas que prejudicam os negócios estão vinculados, na maior parte das vezes, a normas e exigências federais. Outros 20% estão ligados aos Estados e 7% às prefeituras. Para 77% das empresas ouvidas, por outro lado, o excesso de procedimentos burocráticos poderia ser reduzido por meio de unificação de ações entre as esferas federal, estadual e municipal.

Impacto nos negócios

Pela avaliação, a burocracia requer a contratação de advogados, contadores e despachantes, para que as empresas possam se desvencilhar dos entraves. Segundo 57% dos entrevistados, a necessidade de contratação desses profissionais provoca um impacto negativo nos negócios. Para 46%, são elevados os efeitos provocados para o emprego desses segmentos de profissionais ou técnicos.

Como alternativa para reduzir os processos burocráticos, 89% das empresas entrevistadas investem em tecnologia. Na opinião de 58% das empresas, são excessivos o controle e a fiscalização do governo sobre as empresas em relação às exigências burocráticas, enquanto 21% acham que as solicitações oficiais são insuficientes. Por outro lado, entre quem acredita que o controle do governo é exagerado, 77% afirmam que as regras são usadas como instrumento de poder. De acordo com 35% das empresas entrevistadas, pelo menos 26% dos funcionários lidam diariamente com rotinas burocráticas.

O estudo e as propostas da Amcham serão enviados aos candidatos à presidência da República, para que sirvam de subsídio aos programas de governo. A pesquisa foi realizada nas cidades de São Paulo, Campinas (SP), Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Ribeirão Preto (SP), Uberlândia (MG) e Goiânia.

Acompanhe mais informações sobre Burocracia

Siga as últimas notícias de Economia no twitter

 

Acompanhe tudo sobre:BurocraciaEmpresasPesquisas de mercado

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor