Economia

Alta da gasolina deve ter impacto de até 0,13 p.p. na inflação

Petrobras anunciou na segunda-feira o aumento do preço da gasolina em 8,1 por cento e do diesel em 9,5 por cento

Gasolina: segundo a Petrobras, se o ajuste for integralmente repassado ao consumidor, a gasolina pode subir 3,4 por cento (Jeff Pachoud/AFP)

Gasolina: segundo a Petrobras, se o ajuste for integralmente repassado ao consumidor, a gasolina pode subir 3,4 por cento (Jeff Pachoud/AFP)

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Reuters

Publicado em 6 de dezembro de 2016 às 11h13.

São Paulo - O aumento do preço da gasolina anunciado pela Petrobras deve ter um impacto de até 0,13 ponto percentual na inflação deste ano, mas não muda o cenário para a política monetária diante da expectativa de arrefecimento do IPCA.

Com isso, a possibilidade de a inflação terminar o ano no teto da meta --de 4,5 por cento com margem de 2 pontos percentuais-- diminui, com as projeções subindo para mais perto de 7 por cento.

"Psicologicamente era importante ficar abaixo do teto depois de ter estourado no ano anterior, o Banco Central não precisaria fazer a carta (explicando os motivos)", destacou o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal, que passou a ver o IPCA neste ano em 6,7 por cento.

Ainda assim ele manteve a perspectiva de corte de 0,5 ponto percentual na Selic, atualmente em 13,75 por cento, na próxima reunião do BC, indo a 10 ou 10,5 por cento no final de 2017.

A Petrobras anunciou na segunda-feira o aumento do preço da gasolina em 8,1 por cento e do diesel em 9,5 por cento, em média, nas refinarias, a partir desta terça-feira.

Segundo a estatal, se o ajuste for integralmente repassado ao consumidor, a gasolina pode subir 3,4 por cento, ou 0,12 real por litro, enquanto o diesel teria alta de 5,5 por cento, ou cerca de 0,17 real por litro.

Isso, entretanto, não altera a perspectiva de afrouxamento monetário uma vez que o cenário de desinflação dos preços de forma geral se mantém.

"Por mais que esse aumento da gasolina limite a desaceleração do IPCA, não altera o quadro de que a inflação deve continuar em trajetória de arrefecimento", disse o analista da Tendências Consultoria Marcio Milan.

Assim, a perspectiva da consultoria permanece sendo de corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros em janeiro, fechando o ano a 10,75 por cento.

Milan destacou, entretanto, que a nova política da Petrobras de reavaliar os preços dos combustíveis de forma regular dificulta traçar um cenário de mais longo prazo para a gasolina.

"A regra agora vai ser analisar mês a mês o avanço do petróleo no mercado internacional, e como o câmbio vai se portar", explicou ele.

A ata da última reunião do BC mostrou que a autoridade monetária discutiu aumentar o ritmo de cortes da Selic, com alguns dos membros do Comitê de Política Monetária (Copom) defendendo que a evolução favorável da inflação, a aprovação inicial de medidas fiscais e o ritmo fraco da economia justificariam o movimento.

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