Alguns shoppings dos EUA podem estar piores do que você imagina
Mais de dois terços dos shoppings dos EUA sofreram uma redução de varejistas nacionais
João Pedro Caleiro
Publicado em 8 de janeiro de 2018 às 17h56.
Última atualização em 8 de janeiro de 2018 às 18h02.
O dano infligido aos shoppings dos EUA pela ascensão do comércio eletrônico pode ser pior do que parece.
Varejistas pressionados anunciam o fechamento de lojas a um ritmo recorde, e alguns inquilinos estão reduzindo sua presença física de forma mais discreta, optando por não renovar os contratos de aluguel que estão vencendo, de acordo com um relatório da empresa de pesquisa imobiliária Green Street Advisors.
Das 2.468 lojas de corredores fechadas em 2017 - uma categoria que exclui as lojas de departamento -, 979 não foram anunciadas, mostra o relatório produzido pelo grupo de assessoria e consultoria da empresa.
"Quando os aluguéis expiram, eles simplesmente não renovam, em vez de quebrar o contrato e fazer algo um pouco mais agressivo", disse Jim Sullivan, presidente do grupo de assessoria, em uma entrevista.
"As lojas de departamento ocupam muito espaço, mas elas não geram muita receita para o dono do shopping", disse Sullivan. "O dono do shopping obtém a maior parte de seu dinheiro com os inquilinos dos corredores."
Indicadores
Até mesmo varejistas que não enfrentam dificuldades notórias estão avaliando constantemente suas opções e tomando decisões estratégicas sobre fechar lojas, de acordo com a Green Street.
Como os inquilinos dos corredores têm maiores encargos de aluguel e prazos de arrendamento mais curtos do que as grandes lojas, eles são mais propensos a deixar um centro comercial onde as vendas estejam caindo e podem servir melhor como indicadores de problemas futuros em uma propriedade, escreveram os analistas.
Mais de dois terços dos shoppings dos EUA sofreram uma redução de varejistas nacionais, incluindo redes como Wet Seal, Bebe e Rue 21, que anunciaram um fechamento combinado de 427 lojas no ano passado, mostram dados da Green Street. Entre as empresas que fecharam lojas sem fazer declarações públicas estão a Stride Rite, que fechou 160 pontos de venda, e a Hallmark, com 101 fechamentos.
Ainda há comerciantes que estão em expansão, como a varejista de fast fashion H&M e a rede de cosméticos Ulta Beauty, de acordo com a Green Street. Ainda assim, essas empresas estão crescendo a um ritmo mais lento do que as varejistas de sucesso de antigamente e são mais seletivas em relação aos shoppings em que entram, escreveram os analistas.
Os melhores centros comerciais estão bastante bem em termos de varejistas nacionais, embora não tenham escapado ilesos, mas os piores centros já perderam muitos desses inquilinos, de acordo com a Green Street. É nos shoppings que estão no meio do espectro de qualidade que a saída de inquilinos dos corredores pode ser mais reveladora, mostram os dados.
"Esses são os shoppings que vão ser bem-sucedidos ou piorar muito nos próximos 10 anos", disse Sullivan.