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AGU pede à Polícia Federal que investigue a disseminação de fake news sobre Pix

Ação foi motivada por fake news a respeito das regras previamente aprovadas pelo governo para monitoramento dos pagamentos; mudanças foram revogadas ontem

(Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Publicado em 16 de janeiro de 2025 às 06h27.

Última atualização em 16 de janeiro de 2025 às 06h45.

A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu na última quarta-feira, 15, à Polícia Federal (PF) a abertura de um inquérito para investigar a produção e disseminação de fake news nas redes sociais a respeito do uso do Pix e das novas regras de monitoramento para o sistema de pagamento, previamente aprovadas pela Receita Federal. A AGU também solicitou à Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça, que apure práticas abusivas nas relações de consumo que ocasionaram a aplicação de golpes.

No ofício enviado ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, a AGU cita como exemplo das informações falsas o envio de boletos e cobranças adicionais por golpistas” e pede que seja apurada “a materialidade e a autoria dos fatos apontados, sobretudo para fins de detectar e analisar a criação de sites e perfis falsos em redes sociais que se passam por instituições governamentais ou financeiras”.

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Na nota técnica que embasa a notificação, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) destaca que “fraudes que exploram o nome e os símbolos da Receita Federal para enviar notificações falsas e espalhar desinformação nas redes sociais geram pânico, insegurança e levam a práticas como cobranças indevidas e recusa de pagamentos eletrônicos”.

A AGU cita ainda, no ofício, nota divulgada ontem pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) negando que as novas normas da Receita Federal significassem alterações nas regras do Pix, além de dados do Banco Central sobre o impacto das fake news na queda do número de transações por Pix.

“Em razão dos crimes cometidos, pessoas de boa-fé caíram em golpes estimulados pela mentira produzida por esses criminosos”, ressaltou o ministro da AGU, Jorge Messias, durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto. “É preciso identificar todos os atores nas redes sociais que geraram esta desordem informacional, que criaram esta narrativa e fizeram com que pessoas de boa-fé, comerciantes, cidadãos em geral, caíssem nos golpes contra a economia popular”, defendeu. Segundo Messias, foram identificadas práticas abusivas nas relações de consumo, razão pela qual a AGU pede à Senacon que faça a devida apuração dos fatos e tome eventuais medidas de acordo com sua competência.

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Revogação de mudanças

Na tarde de ontem, 15, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, anunciaram a revogação da norma da Receita Federal que aumentava o monitoramento das movimentações financeiras, incluindo o Pix, depois do impacto da disseminação das informações falsas sobre o tema.

"Nos últimos dias pessoas inescrupulosas distorceram um ato da Receita, causando pânico. Apesar de todo nosso trabalho, esse dano é continuado. Por isso, decidi revogar esse ato", afirmou Barreirinhas em coletiva de imprensa após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto. Além de Haddad, o advogado-geral da União, Jorge Messias, também estava presente.

O ministro da Fazenda adiantou que o governo editará uma medida provisória (MP) paragarantir que o Pix não será taxado e proibir diferenças de cobrança entre dinheiro vivo e Pix. A operação também terá garantia de sigilo bancário como qualquer outra operação de pagamento.

"A MP equipara o pagamento com Pix ao pagamento em dinheiro. Com isso, práticas baseadas em fake news, como cobrar valores maiores por pagamentos feitos com Pix, estão vedadas. Lula está prestes a assinar uma MP para reforçar a gratuidade e o sigilo do Pix", disse Haddad. A ideia é que a revogação da normativa ajuda na tramitação da MP.

O chefe da Fazenda afirmou que aqueles que espalharam mentiras sobre o Pix cometeram um crime ao desacreditar um instrumento público e que essas pessoas terão que responder por suas ações.

"O estrago está feito por esses inescrupulosos, inclusive senador e deputado federal agindo contra o estado brasileiro", disse. "Essas pessoas vão ter que responder pelo que fizeram, mas não queremos contaminar a tramitação da MP, até que de fato se esclareça no Congresso o que aconteceu nos últimos dias sobre uma coisa séria que a Receita está fazendo."

O que dizia a norma da Receita Federal

A normativa determinava que as operadoras de cartões de crédito e instituições financeiras, como bancos digitais e aplicativos de pagamentos, seriam obrigadas a informar à Receita sempre que houver transferências ou pagamentos acima deR$ 5 mil para pessoas físicas e de R$ 15 mil para empresas no mês.

No final de todos os meses, as instituições teriam que somar todos os valores que saíram da conta, inclusive saques, e, ultrapassando os limites definidos, informar à Receita. Os valores que entraram na conta também seriam considerados, e não será individualizada a modalidade da operação, seja PIX, débito ou crédito. Todos os valores são consolidados, e os totais movimentados a débito e a crédito numa dada conta deverão ser informados.

As informações seriam repassadas para a Receita semestralmente e poderiam ser utilizadas na declaração pré-preenchida do imposto de renda da pessoa física no próximo ano, evitando-se sonegação e divergências.

Antes, as instituições financeiras tradicionais, como bancos, já são obrigadas a reportar operações de R$ 2 mil para pessoas físicas e de R$ 6 mil para pessoas jurídicas ao Fisco. Não há, contudo, impedimento de que valores inferiores aos limites da norma sejam enviados pelas instituições declarantes.

Na prática, a medida aumentava o alcance da fiscalização, incluia bancos digitais e operadoras de cartão e detalhava na norma a fiscalização de transações via PIX, cartões de débito, cartões de loja e moedas eletrônicas.

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