Economia

Acordo entre Mercosul e UE só deve sair em 2018, diz Itamaraty

Os diversos acordos comerciais que o governo vem estudando devem ser vistos como formas de melhorar a produtividade brasileira

Acordo: se o acordo com a UE de fato sair, será preciso pensar em programas de ajuste ao comércio, ou seja, iniciativas que auxiliam setores afetados negativamente por esse tipo de tratado (Neil Hall/Reuters)

Acordo: se o acordo com a UE de fato sair, será preciso pensar em programas de ajuste ao comércio, ou seja, iniciativas que auxiliam setores afetados negativamente por esse tipo de tratado (Neil Hall/Reuters)

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Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de novembro de 2016 às 15h59.

São Paulo - O embaixador Carlos Márcio Cozendey, subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, afirmou nesta sexta-feira, 18, que um eventual acordo comercial entre Mercosul e União Europeia só deve ser finalizado em 2018.

Em evento para comemorar os 40 anos da Funcex, ele apontou que o acordo provavelmente só será finalizado após as eleições na França e Alemanha que ocorrem em meados do próximo ano, mas que as discussões técnicas já foram recuperadas e estão a todo vapor.

Cozendey alertou ainda que os diversos acordos comerciais que o governo vem estudando devem ser vistos como formas de melhorar a produtividade brasileira, promovendo mudanças estruturais de longo prazo, e não como um impulso para a atividade no curto prazo.

O embaixador também alertou que, se o acordo com a UE de fato sair, será preciso pensar em programas de ajuste ao comércio, ou seja, iniciativas que auxiliam setores afetados negativamente por esse tipo de tratado.

"O Brasil nunca precisou fazer isso, porque quando da criação do Mercosul a gente vinha da abertura comercial unilateral feita pelo Collor. Além disso, somos a maior economia do bloco, então na verdade foram os outros que se ajustaram à gente", comentou.

Participando do mesmo evento, o economista Roberto Giannetti da Fonseca, que já foi diretor da Funcex, apontou que as únicas formas de o Brasil sair da atual espiral recessionária são investimento em infraestrutura e voltando-se para o mercado externo.

"Nossas indústrias estão com quase 40% de capacidade ociosa, temos 12 milhões de desempregados e o resto do mundo (fora o Brasil) representa 97% do PIB global. Não é possível que a gente não consiga aproveitar esse cenário", afirmou.

Ele ressaltou, porém, que o Brasil precisa de um câmbio mais competitivo e estável. "Precisamos de uma política cambial favorável, o que não tivemos nos últimos 20 anos.

Desde a criação do plano real há uma tendências das autoridades de usar o câmbio para segurar a inflação." O especialista apontou ainda que as empresas brasileiras precisam se internacionalizar, já que hoje em dia quase 50% do comércio global é feito intracompanhia.

Ele também cobrou mais apoio do governo, com a volta total do Reintegra e do Proex. "O financiamento à exportação é essencial para produtos manufaturados de alto valor agregado. Ninguém compra trator à vista", apontou.

Fernando Pierri, Superintendente Executivo de Global Transaction Banking (GTB) do Banco Santander, lembrou que o banco nasceu justamente com a vocação de ajudar empresários espanhóis a exportar para a América Latina e ressaltou a linha de produtos da instituição voltados para o setor.

Ele reconheceu que o sistema bancário brasileiro ainda carece de produtos mais acessíveis para empresas de pequeno e médio porte, mas indicou que isso já começa a mudar.

"Este ano muitas empresas, especialmente de infraestrutura, nos procuraram para obter financiamentos tendo como garantias cartas de agências de crédito à exportação, como o US Ex-Im Bank. Era um mercado que estava muito ligado a grandes empresas e hoje temos visto transações de volumes menores, a partir de US$ 5 milhões".

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