Ciência

Tremores em Marte revelam anatomia do interior do planeta vermelho

As informações sísmicas foram coletadas pela sonda InSight da Nasa, e revelaram as primeiras estimativas sobre o grande núcleo de metal líquido do planeta, com detalhes da crosta e manto

Planeta Marte em foto do telescópio espacial da Nasa (Hulton Archive/Getty Images)

Planeta Marte em foto do telescópio espacial da Nasa (Hulton Archive/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 23 de julho de 2021 às 09h16.

Última atualização em 23 de julho de 2021 às 15h05.

Ondas sísmicas de terremotos detectados pela sonda robótica InSight da Nasa ajudaram cientistas a decifrar a anatomia de Marte, incluindo as primeiras estimativas sobre o grande núcleo de metal líquido do planeta, a espessura de sua crosta, e a natureza de seu manto.

As descobertas reveladas na quinta-feira, 22, iluminam o que era antes um entendimento pobre sobre a estrutura interna do vizinho menor da Terra, e providenciam algumas surpresas, além de uma confirmação de que o centro do planeta vermelho é derretido.

A sonda InSight, que pousou no planeta em 2018 para começar a primeira missão de estudo do interior profundo de Marte, já detectou mais de 700 tremores, a maior parte deles moderados.

Ondas geradas pelos tremores variam em velocidade e tamanho ao atravessarem diferentes materiais dentro de um planeta. Dados do sismógrafo sobre mais de trinta tremores de Marte permitiram que o interior do planeta estivesse em foco.

"A real importância dessas descobertas é que, pela primeira vez, nós realmente temos medidas de dimensões - tamanhos - dos blocos fundamentais do planeta Marte", disse o geofísico planetário Bruce Banerdt, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, principal investigador da missão da InSight.

"Antes disso, tudo o que tínhamos eram comparações com a Terra, cálculos teóricos e inferências indiretas de outras observações como vestígios de isótopos químicos de meteoritos marcianos", acrescentou Banerdt.

O núcleo de Marte, a camada geológica no centro do planeta, tem 3.660 quilômetros de diâmetro, medida maior do que se pensava. Isso sugere que o núcleo, composto em sua maioria por ferro e níquel, é menos denso do que anteriormente conhecido, com elementos mais leves como enxofre, oxigênio, carbono e hidrogênio representando uma proporção inesperadamente grande da composição.

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