Estados Unidos pagam US$ 1,6 bilhão por vacina contra covid-19
A decisão faz parte da ação governamental chamada de Warp Speed, voltada para identificar rapidamente o desenvolvimento de vacinas contra o vírus
Tamires Vitorio
Publicado em 7 de julho de 2020 às 10h05.
O governo dos Estados Unidos, liderado pelo presidente Donald Trump , deu mais um passo em direção ao domínio dos tratamentos contra o novo coronavírus. Além de o governo americano ter reservado 90% do estoque do remdesivir , primeiro tratamento promissor contra o vírus, agora pagará 1,6 bilhão de dólares para que a empresa de biotecnologia Novavax desenvolva 100 milhões de doses de sua potencial vacina até o começo de 2021.
A decisão faz parte da ação governamental chamada de Warp Speed (Velocidade de Dobra, em tradução literal), voltada para identificar rapidamente o desenvolvimento de vacinas para a covid-19. Em junho deste ano, os Estados Unidos anunciaram que estavam avaliando 14 candidatas para a produção delas. Dessas, apenas cinco chegaram a final, sendo elas as opções da Johnson & Johnson, da Moderna, Merck, Pfizer e a da parceria entre a farmacêutica anglo-sueca AztraZeneca e a Universidade de Oxford, que também será testada no Brasil em 5.000 voluntários.
A vacina Novavax está na fase 1/2 de testes clínicos e a expectativa da empresa é usar uma opção de duas doses, dadas com uma diferença de três semanas entre elas. No entanto, a companhia americana está estudando a possibilidade de uma vacina de apenas uma dose.
Mais de 200 medicamentos e cerca de 165 vacinas contra o vírus estão sendo desenvolvidos ao redor do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) , 18 delas já estão na fase de testes clínicos.
Os projetos mais promissores, no momento, além do de Oxford, são os criados pela Sinovac e pela farmacêutica Moderna. O projeto da universidade britânica é o único que está na fase 3 de testes. A Moderna anunciou em junho a liberação para a terceira etapa, que começará já neste mês. Em primeiro de julho, a vacina da farmacêutica Pfizer demonstrou bons resultados em seres humanos em um teste preliminar com 45 pessoas.
A reserva do remdesivir
A Gilead, fabricante do medicamento, concordou em vender mais de 500.000 tratamentos para os Estados Unidos até setembro, o que é quase toda a capacidade de produção da empresa. Em um comunicado publicado no site oficial do Serviço de Saúde e Humanidades (HHS, na sigla em inglês) americano, o diretor do órgão, Alex Azar, afirmou que “o presidente Donald Trump conseguiu um acordo incrível para assegurar que os americanos tenham acesso à primeira terapia para covid-19” --- o que pode fazer com que os demais países, inclusive o Brasil, receba menos doses da medicação, pelo menos nos próximos três meses.
Quando teremos uma vacina contra a covid-19?
Uma pesquisa aponta que as chances de prováveis candidatas para uma vacina dar certo é de 6 a cada 100 e a produção pode levar até 10,7 anos. O doutor em microbiologia e divulgador científico, Atila Iamarino, acredita que as vacinas da Coronavac, a americana Novavax e a de Oxford são, também, as mais promissoras. Iamarino também acredita que, caso as vacinas não deem certo, outras que estão sendo produzidas pelas farmacêuticas Johnson & Johnson e pela MSD podem solucionar o problema.
Apesar disso, as expectativas de uma prevenção ser criada ainda em 2020 são baixas e a maioria das companhias aponta que, se tudo der certo, teremos uma até o ano que vem.
Por aqui, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal vão participar dos testes da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac. Nove mil voluntários serão testados. O acordo entre o Instituto Butantan e o laboratório Sinovac prevê a transferência de tecnologia para a produção da vacina e distribuição no Sistema Único de Saúde (SUS). A previsão é que esteja disponível para a população em abril ou maio de 2021.
De acordo com o monitoramento em tempo real da universidade Johns Hopkins, mais de 10 milhões de pessoas estão infectadas pelo vírus no mundo e 511.909 morreram. Os Estados Unidos são o epicentro da doença, com mais de 2,6 milhões de doentes e mais de 127.000 mortes. Em segundo lugar no ranking está o Brasil, com 1.402.041 de infectados e mais de 59.000 óbitos.
Nenhum medicamento ou vacina contra a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.
Segundo o relatório A Corrida pela Vida, produzido pela EXAME Research, unidade de análises de investimentos e pesquisas da EXAME, as pesquisas para o desenvolvimento de uma vacina já contam com o financiamento de pelo menos 20 bilhões de dólares no mundo. Desse valor, 10 bilhões foram liberados por um programa do Congresso dos Estados Unidos.