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São Paulo - Surtos de gripe são comuns no inverno, principalmente em regiões muito urbanizadas. Ambientes fechados e aglomerados contribuem para a transmissão de diversos tipos de vírus pelo ar, e o causador da gripe é um deles. Pela lógica, poderíamos pensar que quanto maior a cidade, mais oportunidades a infecção tem para se espalhar e mais intenso é o surto provocado pelo vírus. Mas não é bem assim.
Pesquisadores da Universidade do Estado de Oregon, nos Estados Unidos, decidiram investigar a relação entre o tamanho das cidades e de suas populações com os impactos dos surtos de gripe sazonais no país. Surpreendentemente, descobriram que cidades menores, como Nashville e Atlanta, têm mais chances de passar por uma epidemia de gripe do que cidades densamente povoadas, como Miami e Nova York. Estas últimas veem um fluxo constante de casos de gripe, mas não há um grande surto de uma única vez.
O estudo, publicado neste mês pela revista Science, utilizou modelos preditivos para combinar dados climáticos com dados de casos de gripe em 603 cidades americanas de 2002 a 2008, unindo-os ao censo para estimar o tamanho e a densidade da população em níveis precisos.
A umidade foi o grande fator observado. Já se sabia as condições ideais para um vírus se espalhar, ou seja, regiões de clima seco e frio, com baixo grau de evaporação, o que permite um maior tempo de sobrevivência fora do corpo dos hospedeiros. O resultado da pesquisa mostrou que, quando as condições climáticas são boas para os vírus em cidades menores, a gripe “enlouquece”, o que gera um grande aumento nos casos ao longo de poucos dias ou semanas. Em cidades maiores, o contato constante entre os indivíduos facilita a transmissão sem a necessidade de uma mudança drástica no tempo. Essas cidades podem ver mais casos de gripe total do que as cidades menores, mas os casos estão espalhados por um período de tempo muito mais longo.
A descoberta do padrão de comportamento do vírus pode transformar os grandes centros urbanos em “sentinelas”, pois podem servir como previsão de surtos de gripe em regiões menores. Segundo os pesquisadores, a capacidade de prever os surtos de gripe pode ajudar os sistemas de saúde e os demais setores a se preparar para reduzir os impactos.