Ciência

Coronavírus pode ser transmitido pela fala, segundo cientistas dos EUA

A transmissão por via aérea explicaria a alta taxa de contágio que aparentemente tem o vírus responsável pela pandemia da covid-19

Pessoas com máscaras no Rio de Janeiro: pesquisadores observaram recentemente que o uso de máscaras reduzia a quantidade de coronavírus expirados pelos pacientes (Pilar Olivares/Reuters)

Pessoas com máscaras no Rio de Janeiro: pesquisadores observaram recentemente que o uso de máscaras reduzia a quantidade de coronavírus expirados pelos pacientes (Pilar Olivares/Reuters)

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AFP

Publicado em 3 de abril de 2020 às 16h35.

Parece possível que o novo coronavírus seja transmitido quando as pessoas falam e respiram, declarou um cientista dos EUA nesta sexta-feira (3), enquanto a Casa Branca se prepara para recomendar o uso de máscaras à população.

A transmissão por via aérea explicaria a alta taxa de contágio que aparentemente tem o vírus responsável pela pandemia da covid-19 já que parece que as pessoas infectadas mas assintomáticas são responsáveis por uma grande parte das infecções.

O doutor Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas e conselheiro do presidente Donald Trump durante a pandemia, afirmou no canal Fox News nesta sexta-feira que as informações indicam que "o vírus realmente pode ser transmitido inclusive quando as pessoas simplesmente falam, não apenas quando tossem ou espirram".

As academias americanas de ciências detalharam em uma carta enviada à Casa Branca na quarta-feira vários resultados científicos preliminares.

Os resultados inclinam a balança para a possibilidade de que o vírus seja transmitido pelo ar, e não somente pelas gotas expelidas em um espirro diretamente ao rosto de outras pessoas ou sobre superfícies (onde se demostrou que o vírus pode sobreviver por horas e dias, segundo o relatório).

"Os trabalhos de pesquisa disponíveis atualmente aumentam a possibilidade de que o SARS-CoV-2 possa ser transmitido pelos bioaerossóis gerados diretamente pela expiração dos pacientes", escreveu Harvey Fineberg, presidente do comitê de doenças infecciosas emergentes, na carta em nome das academias e revisada por muitos outros especialistas.

Ele citou quatro estudos e destacou que ainda é necessário entender melhor o real risco de infecção por esse vírus. Pois, se realmente estiver presente na respiração, ainda não se sabe se representa uma via significativa de transmissão quantitativamente.

Em um estudo, pesquisadores da universidade de Nebraska encontraram porções do código genético do vírus no ar dos locais onde os pacientes estavam isolados. No entanto, encontrar essas partes do vírus não é equivalente a encontrar o vírus completo.

Enquanto isso, pesquisadores da universidade de Hong Kong observaram recentemente que o uso de máscaras reduzia a quantidade de coronavírus expirados pelos pacientes (em um experimento feito com outros vírus diferentes do SARS-CoV-2).

E pesquisadores chineses em Wuhan coletaram amostras de ar em diversas instalações hospitalares da cidade e descobriram concentrações altas do novo coronavírus, especialmente nos banheiros e nas salas onde os funcionários removem seus equipamentos de proteção.

Devido a esses resultados, as autoridades dos EUA se preparam para recomendar a todos os cidadãos do país o uso de máscaras, preferivelmente artesanais, embora ainda não se saiba em que circunstâncias e quão obrigatório será.

"Não acho que vá ser obrigatório", afirmou Trump na quinta-feira. Em Nova York, o prefeito já pediu aos habitantes da metrópole para cobrirem seus rostos.

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