Ciência

Ave extinta há 300 anos pode ser a primeira espécie a voltar à vida

Avanços recentes na engenharia genética podem ajudar a recriar uma ave com características semelhantes às do dodô

Ave dodô: espécie extinta pode voltar á vida com novo projeto científico (Colossal Biosciences/Divulgação)

Ave dodô: espécie extinta pode voltar á vida com novo projeto científico (Colossal Biosciences/Divulgação)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 15 de dezembro de 2025 às 20h04.

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Extinto há mais de três séculos, o dodô, uma ave que desapareceu por volta de 1681, pode estar mais próximo de voltar à natureza graças a um projeto liderado pela empresa norte-americana Colossal Biosciences.

De acordo com os pesquisadores envolvidos, os avanços recentes na engenharia genética podem ajudar a recriar uma ave com características semelhantes às do dodô, embora o retorno da espécie, tal como existia no passado, ainda seja incerto.

O dodô foi declarado extinto após a chegada de colonizadores europeus à Ilha Maurício, no Oceano Índico. Sem predadores naturais e incapaz de voar, a ave foi rapidamente extinta pela caça e pela introdução de espécies invasoras, tornando-se um exemplo trágico de perda irreversível da biodiversidade devido à ação humana.

O projeto da Colossal não utiliza clonagem direta, como foi feito com a ovelha Dolly. Em vez disso, os pesquisadores estão recorrendo à edição genética avançada utilizando espécies vivas relacionadas ao dodô. O parente mais próximo conhecido é a pomba-de-nicobar, que serve como base genética para o experimento.

Nos últimos anos, a Colossal conseguiu cultivar células germinais primordiais de pombos em laboratório. Essas células são precursoras dos óvulos e espermatozoides, e esse avanço é fundamental, pois permite editar genes específicos e transferi-los para embriões de aves vivas, como galinhas, que atuariam como "mães substitutas" do dodô.

Quando o dodô deve voltar à vida?

Apesar do entusiasmo, especialistas alertam para exageros na interpretação dos resultados. Até agora, não há um dodô vivo nem embriões prontos. O que os pesquisadores possuem são reconstruções genéticas baseadas em fragmentos de DNA antigo e comparações com espécies atuais.

A Colossal admite que seu objetivo não é trazer de volta um dodô idêntico ao original, mas criar uma ave geneticamente modificada que se assemelhe ao animal extinto. Cientistas independentes destacam que, mesmo com sucesso, o resultado seria um organismo híbrido, não uma réplica perfeita da espécie perdida.

Desafios para o projeto

O cronograma do projeto também é incerto. A Colossal estima um prazo de cinco a sete anos para avanços significativos, mas essa projeção é considerada otimista, pois ainda existem muitos obstáculos técnicos a serem resolvidos.

Além dos desafios científicos, o projeto também enfrenta questões éticas e ecológicas. Muitos pesquisadores questionam se recursos tão elevados deveriam ser destinados à recuperação de espécies extintas ou à proteção de espécies atualmente ameaçadas de extinção.

Por outro lado, os cientistas defendem que o projeto do dodô representa um marco na biotecnologia, com a possibilidade de, no futuro, ajudar na preservação de espécies em risco crítico de extinção.

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