Além da covid-19: cinco vezes em que Gates previu uma pandemia – e acertou
Em 2015, Gates afirmou que "se alguma coisa matar mais de 10 milhões de pessoas nas próximas décadas, provavelmente será um vírus infeccioso"
Tamires Vitorio
Publicado em 11 de maio de 2020 às 19h30.
Última atualização em 23 de dezembro de 2020 às 07h16.
O segundo homem mais rico do mundo e fundador da Microsoft , Bill Gates , avisou o presidente americano Donald Trump sobre uma possível pandemia, como a do coronavírus , em 2016, quando o republicano assumiu a Presidência dos Estados Unidos — pelo menos é o que diz o site The Wall Street Journal .
O bilionário afirmou que, durante um encontro com Trump, assim que ele foi eleito, discutiu os perigos de doenças infecciosas e pediu para que o presidente priorizasse as preparações para lidar com um possível vírus. O mesmo conselho, de acordo com o site, foi dado aos outros candidatos à Presidência dos Estados Unidos durante as eleições.
Também em 2016, ele deu uma entrevista à rede britânica BBC, na qual afirmou que cruzava os dedos para que "uma pandemia ou uma grande gripe não acontecesse nos próximos dez anos" porque, para ele, o mundo estava extremamente vulnerável após os vírus da zika e do ebola.
Mas os anúncios de Gates sobre uma possível pandemia não foram feitos pela primeira vez em 2016. Dez anos atrás, em seu blog, ele falou sobre o surto de H1N1, que matou mais de 18.000 pessoas ao redor do mundo. "A história real não é o quão ruim a H1N1 é. A história real é que temos sorte de que não foi pior, porque estamos totalmente despreparados para isso", escreveu ele em 2010. Gates acreditava que a pandemia de 2009 havia sido um recado para o mundo "acordar" e se preparar melhor para gerenciar epidemias. "Mais epidemias virão nas décadas futuras e não há garantias de que vamos ter sorte da próxima vez", afirmou. Recentemente, a esposa de Gates, Melinda, afirmou que ela e o marido estocam comida há anos, prevendo um surto ou desastre.
Em 2015, durante um TED Talk que aconteceu no meio da epidemia do ebola (surto que deixou 11.000 mortos mundialmente), o bilionário afirmou que "se alguma coisa matar mais de 10 milhões de pessoas nas próximas décadas, provavelmente será um vírus infeccioso, e não uma guerra. Você pode ter vírus nos quais as pessoas se sentem bem o suficiente enquanto estão infectadas e viajam de avião ou vão ao supermercado", disse ele, sem saber que, cinco anos depois, a covid-19 seria perigosa principalmente por ser assintomática em alguns casos.
Dois anos depois, em 2017, em uma conferência em Munique, na Alemanha, Gates afirmou que "enxergava a ameaça de uma pandemia mortal empatada com guerras nucleares e mudanças climáticas. "Preparar-se para uma pandemia global é tão importante quanto a desnuclearização e a luta contra o aquecimento global", afirmou ele.
Já em 2018, o bilionário afirmou que o mundo estava melhorando, mas que uma área em questão não estava progredindo: a de preparação contra pandemias. "Isso deveria nos preocupar. Porque, se a história nos ensinou alguma coisa, é que outra pandemia global vai acontecer", disse. Nos últimos 20 anos, os estudos sobre coronavírus receberam 550 milhões de dólares, menos do que a metade do 1,2 bilhão de dólares (1,1% dos gastos globais) investido em pesquisas sobre o ebola, segundo uma análise feita por pesquisadores da Universidade de Southampton, no Reino Unido.
Apesar dos avisos constantes e das doações que faz a projetos de pesquisas científicas por meio da Fundação Bill e Melinda Gates, ele acha que não fez o suficiente. "Queria ter feito mais para chamar a atenção aos perigos das doenças infecciosas", afirmou ele ao WSJ.
No final de abril, Gates publicou em seu blog que “todos podem trabalhar juntos para aprender sobre a covid-19 e desenvolver ferramentas para combatê-la.” Para ele, o coronavírus é “como uma guerra, mas todos estamos do mesmo lado.”