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Vinhos espumantes italianos vão muito além do prosecco

Ao contrário do populista prosecco, os vinhos espumantes do país são feitos com as mesmas uvas e com o trabalhoso método usado em Champagne

Vinho espumante de Franciacorta: estilo e elegância semelhantes, mas a um preço muito mais baixo, em média, do que o de pares franceses (Cantina Al Roco/Divulgação)

Marília Almeida

Publicado em 30 de novembro de 2018 às 12h00.

Última atualização em 30 de novembro de 2018 às 12h00.

O boom do prosecco é real: as vendas devem chegar a 412 milhões de garrafas anualmente até 2020, em comparação com 150 milhões há uma década.

Mas essa notícia já é velha.

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Está na hora da próxima novidade: os vinhos espumantes pouco conhecidos e de alto nível das regiões Franciacorta e Trentino, no norte da Itália. Ao contrário do populista prosecco, estes são feitos com as mesmas uvas e com o trabalhoso método usado em Champagne, o que lhes confere um estilo e uma elegância semelhantes, mas a um preço muito mais baixo, em média, do que o de seus pares franceses. A qualidade também está melhorando, graças aos enólogos de vanguarda que fomentam as técnicas de viticultura orgânica.

Esses vinhos foram negligenciados porque as regiões são pequenas e pouco do que produzem saía do país. No entanto, isso está mudando. A demanda mundial por vinho espumante está aumentando, e os produtores italianos veem uma oportunidade de capitalizar a popularidade do prosecco nos EUA e no Reino Unido. Tanto os grandes quanto os pequenos produtores de outros vinhos estão se concentrando na qualidade, e os importadores estão tentando encontrá-los. Varejistas on-line adicionaram mais rótulos nos EUA, e as lojas de vinhos começaram a estocar algumas das marcas.

Franciacorta é o nome da região e do vinho. Em comparação com Champagne, que produz cerca de 300 milhões de garrafas por ano, as 117 vinícolas de Franciacorta produzem menos de 20 milhões de garrafas por ano e exportam apenas 11 por cento disso. Trentodoc, a marca registrada dos vinhos espumantes de Trentino, é ainda menor: apenas 51 produtores produzem entre 8 milhões e 9 milhões de garrafas por ano, exportando 20 por cento. E nenhuma das regiões tem vinícolas com a história secular de um monge "bebendo estrelas", como o lendário Dom Pérignon em Champagne.

Mas os vinhedos estão lá há séculos, embora a linhagem de vinho espumante de Franciacorta remonte apenas à década de 1960. Franciacorta, a cerca de uma hora de Milão, centro da moda, fica no sopé dos Alpes, perto do Lago de Iseo, onde o artista Christo criou a instalação "Floating Piers" há dois anos. O Trentodoc de altitude elevada fica à sombra das escarpadas montanhas Dolomitas, a nordeste do Lago de Garda. A história moderna dos vinhos espumantes nesta região remonta a 1902, quando a agora famosa vinícola Ferrari (que não tem relação com a fabricante de carros esportivos) plantou uvas chardonnay.

Chardonnay e pinot noir, além de um pouco de pinot blanc, são as uvas mais importantes, mas alguns produtores de vinho de Franciacorta, preocupados com o aquecimento global, estão começando a adotar a uva branca nativa Erbamat, que tem um período de cultivo maior que o chardonnay e mantém alta acidez mesmo quando as uvas ficam muito maduras.

Ambas as regiões produzem diversos estilos, mas Franciacorta também tem sua própria mistura de uva branca rotulada satèn ("seda" em italiano). É mais cremosa, com uma efervescência mais suave e serve como aperitivo.

As bolhas entram no vinho através do "metodo classico", como é feito em Champagne. O vinho base é engarrafado com levedura e uma pequena quantidade de açúcar para criar uma segunda fermentação, o CO2 fica preso na garrafa, e o vinho é envelhecido de 15 meses a 60 meses. Em Franciacorta, a maioria dos produtores de vinho está começando a usar muito pouco ou nenhum açúcar. Rotulados como "dosaggio zero" ou "nature", esses vinhos têm mais energia e pureza.

Tudo isso significa que esses vinhos não têm gosto de champanhe. São frescos e vivazes, mas também mais maduros, com menor acidez e mais sabores cremosos de pêssego e pera.

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