Sundance: festival indie traz filme “Sérgio”, com Wagner Moura
É de Sundance que saem alguns dos grandes novos talentos do cinema; Wagner Moura e Ana de Armas estão em filme sobre Sérgio Vieira de Mello
Guilherme Dearo
Publicado em 23 de janeiro de 2020 às 06h48.
Última atualização em 23 de janeiro de 2020 às 11h21.
São Paulo — Começa nesta quinta-feira em Park City, Utah, o Sundance Film Festival, um dos mais importantes da comunidade cinematográfica e o principal acontecimento do cinema indie. Ele existe desde 1978 e nos últimos anos tem atraído mais de 120 mil pessoas por edição.
Durante onze dias, o público se diverte com as novas produções e o clima de competição no ar, uma vez que há premiações para diretores e atores. Mas também estão presentes produtores e investidores atrás das grandes promessas do ano.
É ali que muitos diretores novatos e artistas da cena independente levam seus primeiros filmes na esperança de encontrar distribuidores interessados em seus trabalhos. Os “olheiros” e os jornalistas também aproveitam Sundance para identificar tendências do cinema, promessas e novos debates na pauta.
De Sundance saíram alguns fenômenos das últimas décadas. Quentin Tarantino estourou ali com o clássico cult “Cães de Aluguel” em 1992. O britânico Christopher Nolan levou seu “Memento” em 2000 e a partir dali abriu todas as portas em Hollywood.
O indie “Little Miss Sunshine” atraiu o interesse de um investidor da Fox Searchlight Pictures em 2006, que decidiu apostar na pequena produção, comprando-a por 10 milhões de dólares. O resultado foi um filme que arrecadou 100 milhões de dólares e abocanhou dois Oscar e outras duas indicações, inclusive de Melhor Filme.
O mega hit de Morgan Spurlock “Super Size Me” foi visto primeiro ali. Por fim, o maior sucesso financeiro do festival, o terror “The Blair Witch Project” (1999), que transformou o modestíssimo orçamento inicial de 25 mil dólares em mais de 248 milhões de dólares em bilheteria.
No line up desse ano há um filme que já tem a Netflix como distribuidora. “Sérgio”, sobre a vida e morte do diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello. Ele morreu em um ataque terrorista em 2003, promovido pela Al Qaeda, contra a sede da ONU em Bagdá.
Wagner Moura encarna Vieira de Mello, tendo como companheira de tela a cubana Ana de Armas. Armas está em destaque em Hollywood, protagonizando filmes de sucesso, como “Blade Runner 2049” e “Knives Out”. Ela estará no próximo filme da franquia James Bond, “No Time to Die”. Já Moura continua com espaço no mercado americano após o sucesso de seu Pablo Escobar em “Narcos”, da Netflix. O filme chega à plataforma de streaming em 17 de abril.
Com orçamento estimado em 16 milhões de dólares, a produção foi filmada na Tailândia, na Jordânia e no Rio de Janeiro (o Iraque não era uma opção como local seguro de trabalho).
A direção é de Greg Barker, em sua primeira incursão pela ficção. Ele é especialista em documentários, tendo dirigido o bem-sucedido “The Final Year” (2017), sobre o último ano de Barack Obama na Casa Branca, e um documentário de 2009 para a HBO sobre a morte de Vieira de Mello. O roteiro é de Craig Borten, indicado ao Oscar pelo excelente “Clube de Compras Dallas”.
Outros destaques do festival incluem “Promising Young Woman”, com direção de Emerald Fennell e com Carey Mulligan, Alison Brie e Bo Burnham no elenco; “Zola”, dirigido por Janicza Bravo e com Taylour Paige e Riley Keough no elenco; e “Possessor", de Brandon Cronenberg, com Andrea Riseborough e Christopher Abbott no elenco. Vale ficar de olho.