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Pixar faz uma das melhores representações do cérebro humano em “Divertida Mente”

Parece exagero, mas a construção do cérebro feita pela Pixar é indiscutivelmente ótima - assim como filme

divertidamente1 (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2015 às 10h29.

Entender como funciona o cérebro humano, as memórias e as emoções é um desafio que “atormenta” pesquisadores há anos. Teorias, porém, existem – e algumas delas foram tiradas do papel para criar uma das melhores representações da mente do homem já feitas. E ela não está em um modelo 3D, em uma foto ou em um vídeo no YouTube, e sim na animação Divertida Mente, da Pixar , que estreia nesta quinta-feira (18) no Brasil.

Parece exagero, e talvez até seja um pouco mesmo. Mas a construção do cérebro feita pelos mesmos estúdios de Toy Story pode até pecar na precisão científica, mas é indiscutivelmente ótima. No filme, a protagonista humana é Riley (voz de Kaitlyn Dias), uma menina de 11 anos que morava no Minnesota até se mudar para São Francisco, onde sua vida sofre uma reviravolta. Os bons amigos são deixados para trás, o hóquei – seu esporte favorito – se torna impraticável e seu pai começa a ficar cada vez mais distante.

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Em suma, as mudanças deixam a garota infeliz e provocam uma série de problemas dentro de casa – e dela também.

As emoções – Parece um pouco clichê, não? E seria mesmo, caso a história ficasse limitada ao mundo externo. Mas não é o que acontece: a trama aqui é contada de dois ângulos. Tudo que Riley faz é monitorado por um grupo de “pessoinhas” que vivem dentro de sua cabeça. As cinco principais são suas emoções: Alegria (voz da excepcional Amy Poehler na versão em inglês), Tristeza (dublada por Phyllis Smith), Medo (Bill Hader), Nojinho (Mindy Kaling) e Raiva (Lewis Black). O grupo se reveza no controle de uma espécie de computador, que determina a emoção que a garota expressará em cada situação vista por eles, através dos olhos da humana. O time de hóquei ganhou e todos estão comemorando? A Alegria comanda. Perdeu? É a vez da Tristeza. Escola nova? Entra o Medo. Um animal morto? Nojinho.

Cada momento marcante gera uma esfera, que funciona como um pedaço da memória. Todas as bolas brilhantes são todas guardadas em uma enorme e labiríntica biblioteca, cujo visual tem inspiração nas próprias curvas do cérebro. É de lá que elas são trazidas de volta quando é necessário. As recordações mais importantes, por sua vez, ainda viram uma esfera de memória fundamental, que é colocada em uma central e dá origem a uma ilha de personalidade – que define um traço característico de cada ser humano. Inicialmente, por exemplo, temos cinco na cabeça de Riley: a da Família, a dos Amigos, a da Diversão, a da Honestidade e a do Hóquei.

Uma viagem por dentro do cérebro (e alguns spoilers a seguir) – Assim como a menina, essas emoções também não lidam muito bem com a mudança de cidade, e os problemas de Riley começam a aparecer junto com os conflitos entre o grupo. As discussões dentro da cabeça da humana acabam por fazer com que Alegria e Medo sejam tiradas da “central de controle” – restando a humana apenas Medo, Nojinho e Raiva.

É a partir disso que começa outra representação bem feita: a garota uma hora “quebra”. O trio que a controlava não consegue dar conta do trabalho, e basicamente estraga o computador, deixando-a completamente inexpressiva e fazendo suas memórias fundamentais apagarem. Em resumo, as ilhas de personalidade, tão essenciais para a menina, começam a ruir. É a depressão.

A dupla Alegria e Tristeza, enquanto isso, vai conhecer o interior do cérebro. É nesse ato que são apresentados os corredores repletos de memórias, os funcionários responsáveis por eliminar aquelas que já não tem mais importância e os amigos imaginários, que acabam esquecidos uma hora ou outra. A representação para o conceito de músicas-chiclete, por sinal, é brilhante: elas ficam em esferas que são enviadas à central aleatoriamente e reproduzidas automaticamente, voltando à tona nos momentos mais impróprios. Também aparecem aqui a imaginação, a prisão, onde ficam os traumas e medos, e a parte criativa do cérebro, responsável por entender a arte – e cenário de uma das melhores cenas do filme.

Mas como foi criada essa representação? – De acordo com um ótimo texto do io9, o diretor e os produtores da animação contaram com a ajuda de psicólogos para criar as emoções e toda a estrutura onde se passa a parte mais interessante do filme. Alegria, Tristeza, Medo, Nojinho e Raiva são cinco das seis emoções universais catalogadas por Paul Ekman, um estudioso que foi pioneiro nas pesquisas de microexpressões.

Já a ideia das memórias guardadas em esferas e executáveis como vídeos foi inspirada no ato real de guardar e relembrar uma recordação. O processo todo envolve a “codificação” da memória, seguida de seu armazenamento e de sua recuperação quando necessário. Há inclusive uma teoria, de Austin Simonson, que diz que essa última parte, de recuperar, começa com uma pesquisa, que é mais ou menos o que fazem as cinco emoções durante a animação.

A representação das músicas-chiclete, aliás, não é tão precisa, mas tem a ver com a recuperação involuntária de memória. Em suma, apesar de parecer estranho, o cenário de Divertida Mente tem no que se inspirar.

Vale assistir? – Certamente. Não só pela excepcional representação do cérebro humano, mas também porque é um filme bastante divertido e, ao mesmo tempo, emocionante, bem como os outros dois do diretor Pete Docter, de Up: Altas Aventuras e Monstros S.A. Na versão em inglês, os dubladores também não deixam nada a desejar. Destaque aqui para a ótima comediante Amy Poehler, que transforma a potencialmente irritante Alegria (otimista em todas as ocasiões) em umas das personagens mais divertidas dos filmes do estúdio.

Confira abaixo os trailers em inglês, com as ótimas dublagens originais, e em português – a versão brasileira tem Sidney Magal fazendo uma ponta.

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