Os 10 motivos para a derrota histórica da seleção brasileira
Excesso de pressão, ausência de liderança, "Neymardependência", discurso de vítima...Veja os motivos que podem ter contribuído pro vexame em campo
Da Redação
Publicado em 9 de julho de 2014 às 11h18.
Teresópolis - A derrota histórica da seleção brasileira para a Alemanha por 7 a 1, na semifinal da Copa do Mundo , teve origem em 10 grandes problemas que afetaram a equipe comandada por Luiz Felipe Scolari.
1. EXCESSO DE PRESSÃO. A comissão técnica impôs aos jogadores um nível de exigência máximo, colocando o título como marca do minimamente aceitável. Um nível tão alto que gerou muito nervosismo nos atletas. A obrigação de apagar o 'fantasma de 50' criou sentimento de angústia.
A tensão ficou evidente durante a campanha na Copa, em níveis excessivos antes da disputa de pênalti contra o Chile, quando vários jogadores choraram. Ontem, contra a Alemanha, os gols sofridos geraram abalo que impediram qualquer reação.
2. AUSÊNCIA DE LIDERANÇA. Dentro de campo a seleção brasileira não teve um jogador com perfil de líder. A braçadeira de capitão ficou com Thiago Silva, que 'se escondeu' em momento complicado, permitindo que Paulinho fosse o responsável por falar com o elenco antes dos pênaltis contra o Chile.
Jogadores experientes, com disputa de Copa do Mundo na carreira, como Julio César e Fred, também não conseguiram dar tranquilidade aos companheiros ou motivar o grupo após os momentos mais difíceis, como a lesão de Neymar.
3. PREPARAÇÃO RUIM. A seleção brasileira treinou pouco. Felipão cancelou várias atividades programadas, diminuiu a carga física dos exercícios e, especialmente, reduziu o trabalho das titulares. Depois das oitavas de final, por exemplo, os principais jogadores ficaram três dias sem tocar na bola.
O técnico só fechou três treinos aos jornalistas para preparar. Em entrevista coletiva concedida após a derrota para a Alemanha, afirmou que treinou com formações diferentes a que iniciou a partida para 'confundir' os alemães.
O vigor físico e a intensidade do jogo são pontos-chaves para explicar o título brasileiro na Copa das Confederações no ano passado. A redução das atividades fez com que não houvesse repetição do desempenho.
Além disso, apesar de ter ficado longe de repetir o desastre de Weggis, na Suíça, antes do Mundial de 2006, a Granja Comary também teve muitas distrações, com equipes de televisão gravando programas no gramado durante treino, convidados de patrocinadores cobrando atenção de atletas, entre outras situações.
4. EXCESSO DE CONFIANÇA. 'Por nós sermos campeões do mundo, a seleção que mais ganhou títulos, por jogar em casa, nós somos favoritos e temos tudo para ganhar', disse Carlos Alberto Parreira antes do início da Copa.
A seleção brasileira, em diversos momentos não teve humildade. Inclusive para reconhecer erros. Felipão, por exemplo, não abriu mão de 'morrer' com o time campeão da Copa das Confederações. A impressão é que membros da comissão técnica achavam que o Mundial seria vencido apenas com o canto inflamado do hino nacional.
5. NEYMARDEPENDÊNCIA. O Brasil nunca chegou a uma Copa com uma estrela tão destacada como Neymar, o que também implicou em um peso imenso de responsabilidade nos ombros do jogador, justamente na competição disputada em caso.
O camisa 10 até teve alguns bons momentos e fez quatro gols, todos na fase de grupos. Na fase eliminatória caiu de produção e não foi o 'salvador da pátria' que se esperava. A lesão sofrida contra a Colômbia evidenciou a fragilidade do elenco, que não tinha um grande substituto.
6. RENÚNCIA DA BOLA. O Brasil é o semifinalista que menos toca na bola. Até o fim do jogo contra a Alemanha foram 2.249 passes certos na competição, 1.172 a menos que o algoz, recordista na competição.
Entre os cinco melhores passadores da seleção brasileira estão quatro defensores Marcelo, David Luiz, Thiago Silva e Daniel Alves, e também o volante Luiz Gustavo.
As estatísticas mostram o que se viu no campo de jogo, um time com pouca capacidade criativa, em que várias jogadas começavam com bolas longas a partir da defesa.
7. ALTERAÇÕES INEFICAZES. Nos jogos mais duros e mais difíceis, Luiz Felipe Scolari não conseguiu fazer alterações que, de fato, mudavam o rumo das partidas. Contra México e Chile, por exemplo, as mexidas do técnico não surtiram efeito.
Uma das poucas mudanças que realmente funcionou foi a entrada de Fernandinho no lugar de Paulinho contra Camarões. A forma de jogar, no entanto, não foi alterada, mesmo com a lesão de Neymar, com Bernard atuando em seu lugar contra a Alemanha.
8. DESEMPENHO DOS CENTROAVANTES. O Brasil sempre foi terra fértil para 'camisas 9', mas para a disputa da Copa do Mundo teve dois jogadores da posição, Fred e Jô, se apresentando muito abaixo do nível esperado.
O jogador do Fluminense teve apoio incondicional de Felipão, e seguiu no time apesar de ter feito apenas um gol nos três primeiros jogos e de ter recebido série de críticas. Jô, que jogou por 78 minutos no Mundial, não marcou e não acrescentou ao time.
Antes da competição, em entrevista, o técnico da seleção admitiu a predileção por um homem de área, mas disse também que tinha opções para alterar a forma de jogar. Neymar e Hulk poderiam ser os 'falsos 9', mas nenhum atuou como centroavante na Copa.
9. PROBLEMAS NAS LATERAIS. Com Daniel Alves e Marcelo, a seleção costuma ter 'avenidas' a serem exploradas pelos adversários. Não houve plano de cobertura para os laterais.
As falhas defensivas custavam a posição de titular para o jogador do Barcelona, que acabou substituído por Maicon. O reserva mostrou melhor desempenho na marcação, mas pouco acrescentou no setor ofensivo.
O canhoto Maxwell, outro jogador que mais se destaca pelas qualidades defensivas, sequer foi utilizado nos seis jogos disputados até aqui.
10. DISCURSO DE VÍTIMA. Convencidos de que existia um complô contra os anfitriões, CBF e comissão técnica brigaram com a Fifa, imprensa e adversários. Os confrontos repercutiram também dentro da concentração.
Fred teve que gravar vídeo para dizer que sofreu pênalti no jogo contra a Croácia. O diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, foi punido por uma agressão ao atacante chileno Mauricio Pinilla. Por diversas vezes, houve brado de que era preciso apoiar a seleção e não jogar contra ela.