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Quem é o empresário que fez o gim virar febre no Brasil?

Bruno Siqueira fincou a bandeira de gigantes como a Beefeater no Brasil quando o gim ainda era considerado uma bebida de segunda categoria no país

Gim: atualmente, Bruno Siqueira comanda a Atlantis, sua própria marca. (Atlantis/Reprodução)
MD

Matheus Doliveira

Publicado em 7 de janeiro de 2022 às 14h17.

Última atualização em 14 de janeiro de 2022 às 11h31.

Até uma década atrás, beber gim não era um pensamento automático quando o assunto é destilado. O mercado nacional desse segmento etílico era bem menor do que é que hoje e havia uma clara divisão: de um lado, marcas nacionais de qualidade duvidosa. Do outro, importados que tinham dificuldade de fazer sucesso devido aos preços mais altos e à baixa demanda por parte dos brasileiros. A moda que se vê hoje em bares e restaurantes no formato de taças cheias de gim, água tônica e limão-siciliano é recente e tem um culpado. "As pessoas falavam que eu estava louco, que gim era bebida de alcoólico", afirma Bruno Siqueira, o empresário responsável por popularizar a bebida no Brasil. "Hoje, o mercado me reconhece como o cara que reintroduziu o gim no país", diz.

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Tudo começou quando Bruno Siqueira, que antes de se jogar de cabeça no mundo das bebidas alcoólicas passou pela área de vendas da P&G e da Schincariol, decidiu empreender e abrir sua própria marca, a cachaçaria Santa Dose, em 2009. Mesmo com recursos limitados, Siqueira conseguiu fazer seu negócio vingar e, em 2014, aBrown-Forman,donado uísqueJack Daniel's, comprou 100% da Santa Dose por 12 milhões de dólares. "Quando isso aconteceu, tive a certeza que deveria continuar empreendendo no mercado de bebidas", relembra.

A partir do case da Santa Dose, a primeira empresa que Bruno abriu na vida, grandes players do mercado de bebida começaram ver o empresário com outros olhos. Ainda em 2014, Bruno foi convidado pela gigante francesa Pernod Ricard para assumir um imenso desafio: comandar a marca de gim Beefeater no Brasil.

O problema? Em meados de 2014, a categoria de gim quase não tinha peso no mercado brasileiro. No segmento de destilados, a unidade padrão de medida é uma caixa de 9 litros. Quando Bruno assumiu a Beefeater, todas as marcas do mercado brasileiro somavam apenas 100 mil caixas produzidas ao ano."Eu estava percebendo que na Europa, principalmente em Portugal e na Espanha, o gim estava se tornando uma febre. Fui para lá estudar e voltei para o Brasil obstinado em transformar o gim em moda", diz Bruno.

Nas mãos de Bruno, a Beefeater Brasil teve o maior crescimento global da marca comparado às outras outras operações no resto do mundo. "Depois disso, todos os grandes players começaram a investir no segmento, fazendo a categoria ganhar a relevância que tem hoje", diz Bruno.

Com o sucesso da marca que traz um soldado inglês no emblema, outras empresas, nacionais e estrangeiras, começaram a introduzir de verdade o gim nas taças dos brasileiros. Como consultor, Bruno ainda ajudou a trazer outras marcas gringas de gim para o Brasil, como a alemã Monkey 47 e o inglêsPlymouth gin."Hoje, nós temos mais de 300 marcas de Gim. A categoria cresceu mais de 10 vezes desde 2014. Ainda assim, o nicho ainda representa apenas 10% da categoria de vodca, por exemplo. Há muito espaço para crescer", aponta.

Nos últimos anos, Bruno vinha se dedicando a prestar consultoria para marcas de bebidas alcoólicas, até que, durante a pandemia, tudo mudou. " No início da pandemia, as marcas começaram suspender meus contratos de consultoria. Foi o estalo para criar um nova marca de bebidas", diz.

O resultado foi a criação da Atlantis Spirits, negócio de destilados que fabrica gim e vodca e tem como público-alvo a geração z, o que pode ser observado pela linguagem descolada que a marca utiliza em seus canais.

Lançada em 2020, a marca nativa digital comercializa o gim e a vodca na faixa dos 80 reais. " Eu identifiquei no mercado que ninguém acertou na combinação: marca jovem + líquido bom + preço justo" diz Bruno. Junto dos sócios Lucas Albuquerque e Leandro Faria, a Atlantis Spirits fechou seu primeiro ano de operação com faturamento de 6 milhões de reais e 125 mil garrafas vendidas. A meta para 2022 é vender 250 mil garrafas e faturar 15 milhões de reais. Hoje, a marca está presente na internet e em espaços físicos como bares, restaurantes e na rede Pão de Açúcar.

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