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Hotéis de luxo que viram residências? Casos no Rio e Nova York divergem

Hotel Glória, no Rio, viu anos de abandono e agora deve virar residencial; em Nova York, Waldorf Astoria passa por reforma para manter status de luxo

Hotel Glória: após abandono, deve virar prédio residencial (Divulgação/Divulgação)

Guilherme Dearo

Publicado em 2 de junho de 2020 às 18h34.

Última atualização em 2 de junho de 2020 às 18h39.

Ícone do Rio de Janeiro nos anos 1920, o famoso Hotel Glória viu seus dias de glória ficarem para trás há muito tempo. Abandonado desde 2013, no passado o edifício de 1922 localizado na zona sul carioca recebeu 19 presidentes da República e foi o primeiro hotel cinco estrelas do Brasil. Nesse século, após esperança de vida nova e problemas financeiros, acabou sem hóspedes. Agora, em 2020, entre redes de proteção e tapumes, dará adeus ao passado hoteleiro.

O Opportunity Fundo de Investimento Imobiliário comprou o hotel do fundo árabe Mubadala. Em parceria com a incorporadora SIG Engenharia, transformará o local em prédio residencial. Antes do Opportunity e do Mubadala, o Glória foi de Eike Batista, que o comprou em 2008 por R$ 80 milhões. A promessa de Batista era reformar o prédio de fachada preservada e devolver o seu glamour, criando um hotel seis estrelas para ser usado na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas de 2016.

Contudo, as obras foram paralisadas em 2013 e tanto o estado do Rio de Janeiro quanto os negócios de Batista entraram em profunda crise, como é sabido. Tanto o governador do Rio entre 2007 e 2014 Sérgio Cabral quanto o empresário do antigo Grupo X estão presos, cumprindo pena por corrupção e lavagem de dinheiro.

Enquanto isso, nos Estados Unidos...

Em Nova York , o icônico hotel Waldorf Astoria passa por momento semelhante, com uma reforma que transformará parte do prédio histórico em apartamentos e penthouses de luxo a partir de 2022. O hotel, inaugurado nos anos 1930 e que viu passarem por seus quartos e salões de festa Frank Sinatra, Cole Porter, Marylin Monroe, Grace Kelly, Marlene Dietrich e Elizabeth Taylor, entre outras dezenas de presidentes e líderes políticos, está fechado para reforma desde 2017. Quando reabrir, após um investimento de US$ 1 bilhão (dinheiro do grupo chinês Dajia Insurance, que comprou o hotel em 2015 por US$ 1,95 bilhão), estará com fachada e interiores renovados, tanto na parte que ainda será hotel de luxo quanto na parte residencial, que se chamará The Towers of The Waldorf Astoria.

Ali, serão 375 apartamentos e preço inicial de US$ 1,7 milhão (para estúdios de 49 metros quadrados). Um apartamento de dois quartos e 105 metros quadrados no 19o andar sairá por 4,75 milhões de dólares. Uma unidade de 279 metros quadrados e quatro quartos custará 18,5 milhões de dólares. As duas joias da coroa serão as coberturas nas duas torres icônicas do prédio, ainda sem o preço final revelado.

Brevemente, no começo de março, o empreendimento abriu seu showroom e vendas e recepcionou os interessados com champanhe no número 305 da Park Avenue. No lobby, um piano de cauda Steinway que pertenceu a Cole Porter e Frank Sinatra enchia os olhos dos visitantes com histórias. EXAME esteve em Nova York em março e visitou o edifício em obras. Mas as visitas presenciais duraram pouco, já que Nova York e, logo, outas cidades do mundo, entraram no período de quarentena e isolamento social.

Enquanto o negócio in loco não volta, o empreendimento criou dois tours virtuais 3D para os interessados. Além dos vídeos, a equipe de venda trabalha sete dias por semana, a distância, para atender os potenciais clientes. Em uma visita virtual, é possível conhecer um modelo de apartamento decorado. Em outra, é possível ver o modelo do prédio e saber mais detalhes do projeto.

Projeto de renovação do Waldorf Astoria, em Manhattan: reforma de US$ 1 bilhão (The Towers of the Waldorf Astoria/Divulgação)

Projeto de renovação do Waldorf Astoria, em Manhattan: reforma de US$ 1 bilhão (The Towers of the Waldorf Astoria/Divulgação)

Dois destinos

Diferente do Hotel Glória, no Rio, o Waldorf nunca ficou fechado ou abandonado, esperando por dinheiro ou reforma. Tampouco abandonará o setor hoteleiro de vez. Claro, a construção já passou por alguns baixos, quando deixou de ser o maior e mais moderno do país (por um tempo, foi o hotel mais alto do mundo e um dos únicos com ar-condicionado em cada quarto) e teve dificuldade em competir com a explosão das redes de hotéis com cara mais jovem e contemporânea. A renovação, capitaneada pelo famoso escritório de Chicago Skidmore, Owings and Merrill promete trazer o Waldorf Astoria para a ponta novamente. Aspirantes a morar no coração de Manhattan com um skyline imbatível buscarão as The Towers, enquanto o interior passará por renovações de Jean-Louis Deniot (parte residencial) e Pierre-Yves Rochon (parte hoteleira), que soprarão um pouco da poeira e apresentarão o famoso edicício Art Déco ao século 21.

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