Escândalos de abusos sexuais chegam ao setor financeiro dos EUA
Após a onda de escândalos abalar os EUA, o setor financeiro americano lida com os primeiros casos oficiais de abuso sexual
AFP
Publicado em 24 de outubro de 2017 às 20h53.
Um dos fundos de investimentos mais poderosos do mundo, o Fidelity, dirigido por uma mulher , demitiu dois funcionários após acusações de abuso sexual, indicou nesta terça-fera (24) à AFP uma fonte próxima ao caso.
Tratam-se dos primeiros casos oficiais no setor financeiro americano, um meio dominado por homens, após a onda de escândalos de abusos sexuais que abala os Estados Unidos.
Robert Chow e Gavin Baker, dois gerentes de clientes premium do departamento de ações da Fidelity Investments, tiveram que deixar a empresa após acusações de assédio sexual apresentadas por funcionárias da empresa, indicou a fonte, pedindo anonimato.
Chow, de 56 anos, 30 dos quais passou nesta companhia, foi acusado de fazer comentários sexuais a colegas e acabou demitido em outubro.
Baker, responsável por uma carteira de ativos de 16 bilhões de dólares, teria abusado sexualmente de uma jovem funcionária de 26 anos e deixou a empresa em setembro, segundo a mesma fonte.
"As políticas da Fidelity proíbem o abuso sexual em qualquer uma de suas formas. Quando chegam aos nossos ouvidos alegações deste tipo, as investigamos rapidamente e adotamos, em seguida, as ações adequadas", declarou por e-mail Vincent Loporchio, porta-voz da empresa.
"Não toleramos e não toleraremos este tipo de comportamento", acrescentou, explicando que a companhia estimula seus funcionários a denunciar qualquer comportamento considerado inapropriado através de diferentes canais, como uma linha telefônica especial.
A Fidelity, que gere 6,4 trilhões de dólares de ativos e tem cerca de 40 mil funcionários, é dirigida por Abigail Johnson, considerada a mulher mais poderosa do setor financeiro americano.
Segundo a fonte, Johnson expulsou ambos dirigentes e contratou uma empresa externa para investigar e acionar o departamento, dominado por homens.
A empresa ainda organizou uma reunião de emergência na semana passada, na qual reiterou sua "tolerância zero" frente a qualquer tipo de comportamento inapropriado.
Wall Street é frequentemente criticada pela reduzida representação de mulheres e minorias nas empresas.
Apenas 2% dos postos de alta direção do setor financeiro nos Estados Unidos estão ocupados por mulheres, segundo o escritório Catalyst, e os seis grandes bancos do país - JPMorgan Chase, Bank of America, Wells Fargo, Citigroup, Goldman Sachs e Morgan Stanley - são dirigidos por homens.