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Documentário sobre Marielle Franco estreia sob polêmicas

Após a estreia na TV aberta, os demais capítulos chegarão à plataforma de streaming Globoplay

Marielle: uma série documental e outra ficcional serão lançadas pela Globo (Emmanuele Contini/NurPhoto//Getty Images)

Marielle: uma série documental e outra ficcional serão lançadas pela Globo (Emmanuele Contini/NurPhoto//Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 12 de março de 2020 às 07h23.

Última atualização em 12 de março de 2020 às 15h02.

São Paulo — Às vésperas de completar dois anos sem solução e culpados devidamente julgados, o assassinato da vereadora Marielle Franco (1979-2018), filiada ao PSOL-RJ, ganha uma série documental produzida pela Rede Globo. O primeiro episódio estreia nesta quinta-feira, 12, após o programa Big Brother Brasil. A produção de seis capítulos “Marielle – o documentário” é encabeçada por Caio Cavechini, que já trabalhou no Profissão Repórter.

Após a estreia do episódio de estreia na TV aberta, os demais episódios chegarão à plataforma de streaming Globoplay. Erick Brêtas, diretor de Produtos e Serviços Digitais da Globo, assim justificou a decisão da emissora em produzir o conteúdo: “O inconformismo com a morte de Marielle não é de esquerda ou de direita. Opõe civilização e barbárie. E estamos do lado da civilização. Por isso, resolvemos jogar luz sobre o caso”. No crime, o motorista Anderson Gomes também foi morto. Ele também ganha destaque na série.

Na ocasião do assassinato de Marielle, circularam uma série de notícias falsas nas redes sociais, que o documentário irá contrapor com documentos e verificação. O deputado Alberto Fraga (DEM-DF) escreveu em seu Twitter em 2018 que a vereadora era “ex-esposa do Marcinho VP” (traficante), que era “usuária de maconha” e “defensora de facção rival e eleita pelo Comando Vermelho”. Marilia Castro Neves, desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), chegou a acusar de aliança com o crime e dizer que ela fora morta por “descumprir compromissos” com o Comando Vermelho. Ambos se desculparam posteriormente pelas alegações infundadas.

O documentário, antes de estrear, acabou envolvido indiretamente em uma polêmica com a qual pouco tem a ver. É que a Globo, além do documentário, anunciou a criação de uma série ficcional, com estreia prevista para 2021, sobre Marielle. A produção de oito capítulos é capitaneada pela argumentista Antonia Pellegrino, que será produtora-executiva da série (ela também é companheira do deputado federal Marcelo Freixo, do PSOL do Rio), e pelo diretor José Padilha (“Narcos”, “Robocop”) e conhecido por abordar o crime organizado no Rio de Janeiro em “Tropa de Elite”.

O fato de duas pessoas brancas cuidarem da série sobre Marielle não foi bem recebido por diversos setores, que contestaram a falta de um diretor ou diretora negra no projeto. Críticos também lembraram que Padilha sofreu críticas por “Tropa de Elite” (à época, chegou a ser acusado de promover a tortura com o filme) e que ele cuidou da série “O Mecanismo”, que fala de modo ficcional sobre Lula, Dilma e Lava-Jato, cuja narrativa desagradou a setores mais ligados à esquerda.

Pellegrino se defendeu dos comentários, dizendo que Padilha tinha currículo para falar sobre milícias e crime organizado. Ela chegou a dizer que não escolhera um diretor negro porque no Brasil ainda não havia um “Spike Lee”, culpa do “racismo estrutural” que por aqui perdura. A frase foi duramente criticada. Padilha também se defendeu do que chamou de “linchamento moral” e lembrou que conhecia Marielle Franco, conhece Marcelo Freixo e estes sempre o viram como um aliado e nunca o chamaram de “fascista”, como as pessoas o chamaram nas redes sociais. Após a polêmica, a Globo anunciou que estava adicionando diretores e roteiristas negros ao projeto.

Apesar das novas séries e da prisão dos assassinos Élcio Vieira de Queiroz e Ronnie Lessa, a investigação sobre a morte da vereadora continua a mobilizar a polícia do Rio de Janeiro. A pergunta “Quem mandou matar Marielle?” permanece.

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