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David Seyffer faz a ponte entre o passado e o presente na IWC

Executivo tem o cargo de curador do museu da manufatura suíça e ajuda a pensar na estratégia de produtos de relógios com base no que já foi feito

David Seyffer, curador do Museu da IWC Schaffhausen: resgate do DNA da marca (IWC Schaffhausen/Divulgação)

David Seyffer, curador do Museu da IWC Schaffhausen: resgate do DNA da marca (IWC Schaffhausen/Divulgação)

Ivan Padilla
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 11 de abril de 2024 às 06h00.

SCHAFFHAUSEN. David Seyffer olha o passado para ajudar a projetar o futuro. Ele tem o cargo de curador do Museu da IWC, que é integrado hoje com a estratégia de produto e patrimônio desta manufatura centenária.

A IWC foi fundada um 1868 por um pioneiro relojoeiro americano chamado Florentine Ariosto Jones em Schaffhausen, na Suíça. Apesar de tradicional, a marca ficou conhecida pelas inovações e pelo uso de novas tecologias. Em 2000, a chamada International Watch Company foi adquirida pelo grupo Richemont. No fim de fevereiro, na sede da empresa, falamos com Seyffer.

Você pode explicar como é o seu trabalho, o seu dia a dia?

Trabalho na equipe de estratégia de produto e patrimônio, que é bastante nova. Então, de dois anos para cá, digamos, unificamos a equipe do museu com uma estratégia de produto, o que é bastante interessante, porque dessa forma tenho sempre boas informações sobre o que virá no futuro. E também podemos ter influência, sabe, em novas coleções como a Portugieser, e isso torna muito divertido estar nesta equipe.

Qual é o trabalho do museu?

Somos em três pessoas e cuidamos do museu, arquivamento, às vezes fazemos projetos especiais, exposições, organizando relógios para celebridades, relógios vintage. Temos o museu IWC aqui em Schaffhausen desde 2007. Somos um museu suíço oficial. Isso significa que seguimos todas as regras dos museus públicos.

A IWC foi fundada em 1868. Vocês já têm tudo documentado sobre a marca ou às vezes descobrem peças que não conheciam?

Para ser honesto, é sempre um processo contínuo. Eu acessei muitos arquivos, e em determinado momento pensei que tinha descoberto tudo, mas não é verdade. Há tantas coisas ainda por descobrir, não é uma história escrita e ponto final. Com a digitalização ficou mais fácil se aproximar de pessoas ao redor do mundo. Muitos relógios originais aparecem em mercados de pulgas americanos, lojas de segunda mão. E então você diz, uau, esses movimentos ainda existem.

A IWC foi fundada por um relojoeiro americano na Suíça

Você é suspeito por trabalhar na marca, mas o que considera mais impressionante na história da IWC?

Sempre falamos sobre a localização, e isso de certa forma é verdadeiro. Nós nos posicionamos como uma fábrica de relógios americana desde o início. Houve um momento em que os Estados Unidos foram considerados por ter uma relojoaria mais avançada, e nós já existíamos. Também desde o início nos concentramos na qualidade e na precisão. Hoje você vê novas marcas capazes de fazer calendário perpétuo, algo que fizemos primeiro.

Você não pode falar, mas obviamente tem seus modelos favoritos. Como você concilia seu gosto pessoal com as necessidades da marca?

Do ponto de vista profissional, você sempre tem de separar seu gosto pessoal d o estratégico. Mas a boa coisa aqui é que temos uma coleção tão grande e diferente, e sempre há seus favoritos. Entre os funcionários sempre tem uma discussão em andamento, o que é bom, isso ajuda a moldar a marca para o futuro. Claro, eu sou mais o cara conservador, que lembra a todos que nós fazemos isso e aquilo. Mas às vezes eu estou completamente errado. Quando falaram em fazer braceletes de aço inoxidável para o Portugieser eu fui contra, dizia de jeito nenhum, tem de ser de couro. Mas agora tenho de reconhecer que fica funciona! Então às vezes é bom não ouvir David com suas sugestões (risos).

Sobre essa nova coleção apresentada no Watches & Wonders, baseada no Portugieser, quais foram suas contribuições?

Ficamos muito orgulhosos de sempre poder ajudar. Lembro quando os designers vinham perguntar se poderíamos ter alguns cronógrafos históricos para sessões de apresentações, para sentir como era o original e pensar na próxima geração. Essa é nossa contribuição. A nova linha do Portugieser foi muito, muito desafiadora, porque sua moldura de caixa é curta. Se você trouxer muitas coisas novas, talvez não se encaixe no DNA da linha. E então fazer algo novo é sempre um desafio.

  • o jornalista viajou a convite da IWC
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