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O preço de um tesouro egípcio? Pelo menos 4 milhões de libras

Busto de quartzito, de mais de 3.000 anos e 28,5 cm de altura, é avaliado em mais de quatro milhões de libras (4,5 milhões de euros)

Busto representa o deus Amon com os traços do faraó Tutancâmon (Cristies/Reprodução)
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AFP

Publicado em 3 de julho de 2019 às 13h00.

Última atualização em 3 de julho de 2019 às 13h01.

O rosto esculpido do jovem faraó Tutancâmon será leiloado na quinta-feira em Londres, apesar das queixas do governo do Cairo, que exige em vão o cancelamento da venda e que a obra seja restituída ao Egito.

Este busto de quartzito, de mais de 3.000 anos de antiguidade e 28,5 cm de altura, é avaliado em mais de quatro milhões de libras (4,5 milhões de euros). Representa o deus Amon com os traços do faraó Tutancâmon, "uma forma de pôr o governante no mesmo nível que os deuses", explica a casa de leilões Christie's, que organiza a venda.

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Esta venda provocou a ira do executivo egípcio, que em junho pediu à casa de leilões que a cancelasse.

Cairo também pediu "a interrupção da venda de todas as demais peças egípcias neste leilão previsto pela Christie's para os dias 3 e 4 de julho, ressaltando a importância de obter todos os certificados de aquisição" relativos a estes artigos.

"É extremamente importante estabelecer a propriedade recente (da obra) e a legalidade da venda, o que fizemos com toda a clareza", reagiu uma porta-voz da Christie's contatada pela AFP.

"Não ofereceríamos à venda nenhum objeto cuja propriedade ou exportação suscitasse dúvidas", acrescentou, detalhando que a embaixada egípcia foi informada do leilão.

No Cairo, o ex-ministro de Antiguidades Zahi Hawass disse à AFP que o governo pretende levar a Christie's à justiça já que "até agora não mostraram nenhum documento legal que demonstre a propriedade" do busto.

A peça "corresponde à 18º Dinastia, de cerca de 1.500 anos antes de nossa era. Acreditamos que saiu do Egito em 1970" quando foram registrados vários roubos importantes no Templo de Karnak, disse o especialista.

Esta disputa entre Londres e Cairo ocorre em pleno debate sobre o retorno das obras de arte a seus países de origem, como ilustrado na questão dos frisos do Partenon conservados no Museu Britânico de Londres e reivindicados por Atenas durante décadas.

O Chile negocia há meses com este museu para recuperar, talvez como empréstimo a longo prazo, o moai Hoa Hakananai'a, o de maior valor espiritual para a Ilha de Páscoa, situada no Pacífico sul.

O busto em litígio faz parte da Coleção Resandro, uma das coleções privadas mais renomadas do mundo, e foi exposto em várias ocasiões nos últimos anos, ressalta a Christie's.

A escultura posta em leilão foi comprada em 1985 de Heinz Herzer, um vendedor com sede em Munique. Anteriormente estava nas mãos de Joseph Messina, um vendedor austríaco, que a havia adquirido por volta de 1973-1974 do príncipe Wilhelm von Thurn und Taxis, que a teria tido em seu poder desde os anos 1960.

Coroado por volta do ano 1333 a.C., Tutancâmon é o faraó egípcio mais famoso da História devido à incrível descoberta de sua tumba, intacta, no Vale dos Reis em 1922 pelo arqueólogo britânico Howard Carter e seu rico mecenas Lord Carnarvon.

Filho do faraó Akhenaton, marido da lendária rainha Nefertiti, o "menino faraó" chegou ao poder aos nove anos de idade e morreu dez anos depois de malária combinada com uma doença óssea.

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