Bilionário da Red Bull renova antigas propriedades nos Alpes
Em 2017, ele pagou 15 milhões de euros por Landhaus zu Appesbach, uma mansão histórica
Guilherme Dearo
Publicado em 25 de outubro de 2019 às 07h00.
Última atualização em 25 de outubro de 2019 às 07h51.
Dietrich Mateschitz fez fortuna com a bebida energética Red Bull e não esconde sua paixão por esportes radicais.
Aos 75 anos, o piloto e esquiador patrocina competições de mountain bike e parapente para associar seu produto a aventura. Com patrimônio aproximado de US$ 11 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index, o empreendedor austríaco também é dono de duas equipes de Fórmula 1 e do time de futebol alemão RB Leipzig.
Mais discretamente, ele passou a última década fazendo aquisições nos Alpes Austríacos, comprando castelos e mansões de ordens religiosas ou de famílias aristocráticas que não conseguiam arcar com os custos de manutenção. Entre suas propriedades estão uma casa de hóspedes em estilo Art Nouveau construída em 1908, uma casa de campo remota às margens do Lago Wolfgangsee e uma taberna erguida em 1603. Ele gastou milhões em reformas, restaurando afrescos e tetos de estuque.
“Tenho uma queda por lugares lindos e únicos”, revelou Mateschitz em entrevista ao jornal Kleine Zeitung em abril de 2017. “Quero curtir esses lugares, mas também quero cuidar deles.”
As aquisições se concentram em uma região economicamente problemática que já teve uma próspera indústria siderúrgica. Por isso, ele consegue pechinchas. A taberna com séculos de existência foi comprada por 861.000 euros (US$ 947.000). Esses investimentos imobiliários são ínfimos em comparação à receita de 5,5 bilhões de euros da fabricante de energéticos sediada em Salzburgo, que ele fundou em 1984 junto com o empresário tailandês Chaleo Yoovidhya. Mateschitz, o homem mais rico da Áustria, é dono de 49% do empreendimento.
Embora tenha transformado algumas propriedades em pousadas ou hotéis para atrair visitantes para sua pista de Fórmula 1, ele não ganha dinheiro com elas. Um projeto altamente sazonal na região de Murtal, que inclui a pista de corrida, sete hotéis e cafés, perdeu cerca de 30 milhões de euros em 2016 e também em 2017.
“Mateschitz é um filantropo clássico no sentido de que se preocupa muito mais com os materiais, a beleza e o patrimônio cultural do que com preços ou taxas de retorno do investimento”, afirmou Alexander Kottulinksy, proprietário do Castelo de Neudau e presidente da Associação Austríaca de Casas Históricas. “Sem pessoas como ele, muito do conhecimento especializado de carpinteiros, pintores e conservadores se perderia.”
Nascido na província da Estíria, Mateschitz começou a procurar essas propriedades quando decidiu dar vida nova à única pista de Fórmula 1 do país, em Spielberg, a cerca de 60 quilômetros do vilarejo onde ele nasceu. O bilionário precisava oferecer hospedagem a figuras importantes do segmento, como Bernie Ecclestone.
Em 2017, ele pagou 15 milhões de euros por Landhaus zu Appesbach, uma mansão histórica às margens do Lago Wolfgangsee — por sinal onde Edward, o duque de Windsor, passou algum tempo em “esplêndido isolamento” em 1937, após abdicar do trono britânico. A família Schuetten a vendeu com “dor no coração, porém com a consciência limpa por ter procurado e encontrado um comprador que entende este lugar e vai preservá-lo”, segundo a brochura que promove o que hoje funciona como um hotel.
No ano passado, Mateschitz adquiriu uma pousada de madeira de três andares no Lago Preber que estava sendo usada por nudistas. A Associação de Tiro do Lago Preber temia que um oligarca russo comprasse o local para transformá-lo em refúgio de luxo, conta Heimo Waibl, o mestre de tiro do clube.
Atualmente, Mateschitz está reformando uma pousada alpina e planejando a restauração do Castelo de Thalheim, que fica perto da cervejaria administrada por seu filho Mark, de 27 anos.
Com a colaboração de Samuel Dodge.