13 festivais de música que entraram para a história
Confira na galeria vídeos dos eventos musicais que mais marcaram suas gerações
Da Redação
Publicado em 29 de setembro de 2015 às 07h50.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h30.
São Paulo - “Uma exposição aquariana”. Era com esse mote meio bizarro que o festival Woodstock se vendeu ao público e patrocinadores. Na época, foi preciso muito jogo de cintura para que o evento rolasse, em especial por conta da rejeição que o rock enfrentava da opinião pública conservadora. O Woodstock alterou o curso da história da cultura contemporânea, e tornou-se o símbolo maior da contracultura hippie. Durante os três dias de festival, rolou muito amor livre, drogas de todos os tipos, e o som de alguns dos maiores nomes do rock. The Who, Jimi Hendrix, The Band, Santana, Janis Joplin e Grateful Dead tocaram para mais de meio milhão de pessoas, que tiveram de enfrentar péssimas condições de higiene, falta de comida e um trânsito infernal para chegar até o local do festival – uma fazenda na cidade de Bethel, ao norte de Nova York. Mas ninguém pareceu se importar já que, fora algumas casualidades por overdose e 4 abortos registrados (!), o evento rolou na maior paz.
Parecia algo insano na época: gastar 11 milhões de dólares em um evento de rock, e isso num país mergulhado em crise e que, até então, tinha recebido apenas um punhadinho de bandas gringas que davam pra contar em uma mão. Na esteira da redemocratização do Brasil, o publicitário Roberto Medina apostou na florescente cultura jovem roqueira que saía do eixo Rio-SP, e acabou mudando a maneira como o rock era visto pela mídia brasileira. Ele lucrou bastante também: nos 11 dias de evento, o público de 1,38 milhão de pessoas consumiu 1,6 milhão de litros de bebidas, 900 mil sanduíches, 7,5 toneladas de massa e 500 mil fatias de pizza. Ah, e também aproveitou pra ver Queen, AC/DC, Rod Stewart, Iron Maiden, Yes e Ozzy Osbourne.
A intenção de Perry Farrell quando criou o Lolla em 1991 era apenas marcar a turnê de despedida da sua banda, o Jane’s Addiction. Mas o sucesso da empreitada foi tanta, que ela acabou se tornando um marco da cultura pop dos anos 90. Mesmo que sua impulsão inicial tenha vindo do rock alternativo que bombava na época, o festival era bem eclético. Artistas de hip-hop figuravam entre os headliners, e tinham até atrações não musicais, geralmente circenses. A segunda edição, de 92, entrou para a história por vários motivos: tinha Pearl Jam e Soundgarden no topo do mundo, aproveitando a onda grunge; teve Red Hot Chilli Peppers no auge criativo da carreira; e ainda rolou uma representação de peso do gangsta rap, com Ice Cube, Cypress Hill e House of Pain.
Um dos mais antigos festivais ainda na ativa, criado em 1959, o Newport entrou para a história no ano em que Bob Dylan foi vaiado e taxado de herege pela cena folk. Ao usar guitarras elétricas na edição de 65, Dylan foi acusado por um punhado de puristas de estar abandonando a ortodoxia do gênero. Até os organizadores do festival ficaram de cara feia para a performance, que, de qualquer maneira, foi um sucesso, e ficou marcada como o primeiro set “plugado” da carreira de Dylan.
O “Glasto” é, atualmente, um dos maiores festivais ao ar livre do mundo, sendo o maior na terra da Rainha. Com sua primeira edição realizada em 1970, o evento tem uma regularidade singular entre os grandes festivais: fora uma pausa de seis anos na década de 70, o Glastonbury acontece religiosamente todos os anos. A edição de 94, ano que ficaria marcado pela ascensão do “britpop” ao mainstream, teve, na sequência, shows de Pulp, Blur e Oasis. Os irmãos Gallagher, por exemplo, nunca mais repetiram a química que emularam no show memorável que mandaram naquele ano.
Nascido no auge do prog e hard rock dos anos 70, o Knebworth acontecia nos jardins de um castelo que levava o mesmo nome, num pequeno vilarejo à leste de Londres. Sua primeira edição, em 1974, teve como headliner o The Allman Brothers Band, e atraiu cerca de 60 mil pessoas. Mas o grande impacto veio no ano seguinte, ao trazer o Pink Floyd como grande atração. Consagrado pelo recente lançamento de The Dark Side of The Moon, foi a última vez que a banda tocou o disco na íntegra com Roger Waters, além de ter sido a última performance da gigantesca Echoes e seus quase 25 minutos de duração. Outras atrações que marcaram aquele festival foram o lendário DJ da BBC, John Peel, o músico experimental Captain Beefheart, e o grupo humorístico Monty Python. Foi um evento que encapsulou o clima lisérgico da cultura da época, ainda na ressaca da dissolução do movimento hippie.
O Live Aid, organizado pelos músicos Bob Geldof e Midge Ure, teve uma única edição. A intenção do evento foi arrecadar fundos para o combate a fome na Etiópia e outros países africanos, e entrou para a história por ser um dos primeiros eventos de cultura a ser transmitido ao vivo e em escala global. Uma estimativa de 1,9 bilhão de pessoas de 150 países acompanharam as apresentações, que aconteceram simultaneamente no Wembley Stadium, em Londres, e no JFK Stadium, na Philadelphia. Freddy Mercury e o Queen foram as estrelas da noite, além de Bono Vox e o U2, que tiveram com o evento a chance de se consolidar como as estrelas globais que se tornariam nos anos seguintes.
Quando se trata do curso da história, o Monterey foi uma espécie de “esquenta” do Woodstock. Além de simbolizar o crescente movimento “flower power” na Califórnia, o evento foi importante para trazer assuntos políticos a tona (em especial, os movimentos por liberdades civis nos Estados Unidos). Foi uma chance de celebrar a rica música que nascia desse ambiente de inquietação sócio-cultural. Jimi Hendrix, The Who e Ravi Shankar fizeram suas primeiras grandes apresentações para o público americano no Festival. Foi lá também que Janis Joplin fez o que talvez foi o seu show mais incrível, e onde Otis Redding levou a mensagem do orgulho negro para um audiência majoritariamente branca pela primeira vez.
O grande festival brasileiro dos anos 90 já tinha trazido pra cá nomes de peso como Nirvana, Red Hot Chilli Peppers, Bob Dylan e Bon Jovi, mas foi a edição de 95 que ficou marcada na memória por trazer os Stones para o Brasil pela primeira vez. Com shows em três datas diferentes no Pacaembu e duas no Maracanã, os ingressos rapidamente se esgotaram. As apresentações ficaram marcadas também pela grandiosidade da estrutura: o palco media 32 metros de altura, 72 de largura e 26 de profundidade. O seu peso total chegava a 480 toneladas. Ainda havia uma cobra gigante de 30 metros de altura, que cuspia fogo, e um gigantesco telão, de altíssima definição, que transmitia o show através de 14 câmeras. Foi um show ostentação, do tipo que o Brasil só tinha visto semelhante no Rock In Rio, 10 anos antes.
Realizado na Fazenda Santa Virgínia, no interior de São Paulo, o Festival de Águas Claras foi um símbolo da contracultura brasileira e da resistência a ditadura. O lance nasceu sem pretensão alguma, já que Leivinha, seu organizador, queria apenas levar uma peça de teatro que havia escrito para ser encenada ao ar livre na fazenda de seu pai, com a presença de alguns músicos e bandas convidadas. Deu que 30 mil pessoas apareceram, tudo para ver bandas como O Terço, Som Nosso de Cada Dia, Mutantes (já sem Rita Lee), e Moto Perpétuo, do qual fez parte Guilherme Arantes. O clima foi total ‘paz e amor’, mas a ditadura não gostou nem um pouquinho: o Dops fez Leivinha assinar um compromisso de que não faria outro festival nos próximos seis anos. Ainda rolaram outras três edições durante os anos 80, aproveitando o período de abertura política do país, mas nenhum chegou perto ao clima libertário e psicodélico do primeiro.
Com o declínio do grunge e do britpop, o fim dos anos 90 viu o crescimento da música eletrônica dentro da cultura alternativa e, até certo ponto, do mainstream. O The Prodigy, por exemplo, estava no auge de seu sucesso, levando o big beat e o trance ao topo das paradas: a cultura rave do underground do início da década chegava finalmente na cultura pop. Quer outro exemplo? Os headliners da tenda eletrônica naquele ano eram nada menos que Daft Punk e The Chemical Brothers.
Os festivais de Reading e Leeds começaram nos anos 70 e chegaram a ser banidos pelo partido conservador de Thatcher nos anos 80, mas a sua importância na cultura pop veio, de fato, com os anos 90. A edição de 92 foi memorável pela performance explosiva do Nirvana, que começava a receber rótulos não muito amigáveis da imprensa. O burburinho de que Kurt Cobain era um “doente mental viciado e super estimado” teve uma resposta à altura: o líder do trio entrou numa cadeira de rodas e vestido com uma camisola de hospital psiquiátrico. Outro momento memorável daquele ano foi quando o Public Enemy subiu ao palco, e mandou um dos primeiros grandes shows de hip-hop em território inglês.
O Coachella nasceu em 1999 já com a intenção de ser grande, mesmo que o foco da época fosse mais o de buscar gente com alto valor artístico, deixando de lado artistas com apenas uma grande vendagem. Hoje, mais eclético, o festival é o mais importante do mundo em termos de público e quantidade de artistas envolvidos, além de ser uma espécie de termômetro do que é quente ou não na cultura pop de cada ano. O Coachella de 2012 entrou para a história quando, durante a performance de Dr. Dre e Snoop Dogg, um ‘holograma’ gigantesco de Tupac Shakur foi projetado no palco, e o ‘fantasma’ do rapper permaneceu por ali para cantar duas músicas. A prática acabou fazendo escola, e inspirou outras performances ‘holográficas’ como a de Michael Jackson no Billboard Music Awards em 2014.
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