Samsung adota regime de 6 dias de trabalho por semana na Coreia do Sul. A medida chegará ao Brasil?
Regra foi adotada após companhia não atingir as metas financeiras no último ano, segundo jornal coreano
Repórter
Publicado em 23 de abril de 2024 às 17h09.
Última atualização em 23 de abril de 2024 às 17h18.
Na contramão do que muitas empresas estão fazendo ao reduzir ou flexibilizar a jornada de trabalho, a Samsung na Coreia do Sul tomou uma medida drástica: a partir deste mês, todos os executivos e diretores irão trabalhar 6 dias da semana, ou sábado ou domingo, para conseguir recuperar o resultado financeiro de 2023 que não alcançou as expectativas globais, segundo o jornal The Korea Economic Daily.
No acumulado de 2023, a companhia sul-coreana de eletroeletrônicos apresentou um recuo de 72% no lucro líquido e de 14% na receita em comparação com 2022. O lucro operacional também encolheu 85%, sendo o mais fraco desde 2009.
O resultado negativo do ano passado, segundo a companhia, foimotivado pela queda global de vendas de celulares, notebooks e chips de memória, além da forte desvalorização da moeda local (won).
Segundo fontes dos bastidores, a jornada de trabalho de 6 dias não será aplicada aos trabalhadores no Brasil, mas procurada, a Samsung não quis comentar.
O mercado de trabalho na Coreia segue em discussão
O coreano Alex Oh, se mudou para o Brasil aos 9 anos e hoje, aos 40 anos, é assessor consular do Consulado Geral da República da Coreia em São Paulo. Ele explica que o regime de trabalho na Coreia, a princípio, é muito parecido com o do Brasil.
“O limite considerado pela lei vigente desde 2018 é de 52 horas por semana, em que 40 horas são para o expediente normal e 12 horas são para extras.”
Porém, segundo Oh,o atual governo está discutindo estender essas horas para 69 horas. “O governo quer dar mais flexibilidade para as empresas escolherem a quantidade de horas trabalhadas, mas isso tem gerado muita discussão com classes trabalhadoras e políticos, porque iria sobrecarregar os funcionários.”
Apesar da lei atual, Alex diz que na realidade muitas empresas, principalmente as consideradas de menor porte, não seguem à risca a regra trabalhista. “Em muitos empregos os funcionários acabam trabalhando mais e muitas vezes nem recebem hora extra”.
Um dos motivos que impactou a receita da Samsung foi a desvalorização da moeda, que o assessor afirma que é volátil como o real no Brasil.
“A moeda coreana, assim como o real, tem sofrido forte desvalorização devido a fatores externos, porque a Coreia do Sul é como uma plataforma de exportação de produtos manufaturados, como chips de memórias e automóveis; se as vendas não vão bem, a economia consequentemente é impactada”, afirma Oh que reforça que na opinião da maioria essa volatilidade da moeda é temporária.“Executivos e políticos na Coreia não enxergam essa volatilidade da moeda como uma tendência que vai perdurar por muito tempo.”