Mônica Quibao, diretora de distribuição da Johnson Controls: “Cerca de 40% de tudo que economizei está em previdência privada. O restante, distribuo em outros tipos de investimento.” (Raul Junior/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 22 de março de 2013 às 11h36.
São Paulo - Se você está começando a dar os primeiros passos na carreira, tem de se preocupar desde já com o futuro. O valor máximo para a aposentadoria paga pelo governo é de 6,6 salários mínimos, o que equivale a 3 597 reais. Parece ruim, mas é bem pior.
Na prática, quase ninguém consegue se aposentar com esse valor. O mais comum é que as pessoas recebam até 2 900 reais por mês. Portanto, quem trabalha e tem um salário mensal maior do que 2 000 reais vai precisar fazer um plano de aposentadoria complementar para viver com tranquilidade quando deixar de trabalhar. O pior é que as estimativas de vários analistas econômicos mostram que, apesar de baixos, esses valores serão impraticáveis no futuro próximo, já que a sociedade brasileira está envelhecendo.
“O sistema de previdência pública é de repartição de recursos. Quem trabalha sustenta quem está aposentado, e isso só funciona em um país cheio de jovens e com idosos que morrem logo. É o inverso do que acontece atualmente no Brasil”, diz o professor William Eid, do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas, em São Paulo. Há três décadas, a expectativa de vida do brasileiro era de 62,6 anos. Hoje, é de 73,2 anos.
A realidade é que há muito tempo a Previdência Social já é deficitária. Segundo dados do Ministério da Previdência Social, de janeiro a agosto o déficit chegou a 25,8 bilhões de reais, mais do que o lucro de um ano inteiro da Petrobras. “Dentro de mais algum tempo, a previdência pública terá benefícios que só atenderão aos desvalidos”, diz William Eid.
É preocupante. Somente 2% da população em idade de aposentadoria consegue se sustentar com os recursos que pouparam, incluindo o dinheiro da previdência pública. “Os 98% restantes dependem de terceiros para sobreviver”, diz Alessandro Andrade, superintendente executivo de previdência do Grupo Santander, em São Paulo.
Se você não quer fazer parte desse grupo, a solução é a previdência complementar, um sistema que se divide em dois grandes grupos bastante distintos.
Fechados e abertos
O primeiro grupo dos planos de previdência é formado pelas entidades fechadas de previdência complementar, que são conhecidas como fundos de pensão. Eles não têm fins lucrativos, adotam o regime de capitalização e são formados por funcionários de uma determinada empresa ou classe profissional. Os trabalhadores fazem depósitos todos os meses e, em alguns casos, há também aportes da companhia.
O dinheiro é investido respeitando regras determinadas pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar e será usado, no futuro, para pagar os benefícios dos associados. “É um sistema muito interessante, de custos baixos, com administração focada e que tende a obter boas rentabilidades”, diz Fábio Gallo, professor de finanças da Fundação Getulio Vargas, em São Paulo.
Neste ano, o dinheiro que esse grupo administra chegou a 545 bilhões de reais, o equivalente a 15% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Atualmente, fazem parte dos fundos fechados 2,1 milhões de pessoas. “Apesar de estar cada vez mais clara a necessidade de um plano complementar, o percentual de pessoas que já possuem previdência privada ainda é muito baixo”, afirma Fábio Gallo.
E não é por falta de opções. Quem não trabalha em uma empresa nem faz parte de uma categoria de profissionais que tenha um fundo de pensão encontra à disposição, em qualquer banco, os fundos de previdência privada.
O segundo grupo é conhecido como fundos abertos. São produtos financeiros que visam ao lucro e nos quais qualquer pessoa pode colocar seu dinheiro. A supervisão deles é feita pela Susep, que é vinculada ao Ministério da Fazenda. O propósito desses fundos é que a pessoa faça uma poupança forçada durante um período que é definido no momento da contratação do plano.
No futuro, a grana acumulada vai se transformar em uma renda que pode ser vitalícia ou temporária. O resgate também pode ser feito em uma única vez. Para incentivar essa poupança, o governo concede vantagens tributárias que, no longo prazo, aumentam a rentabilidade desses planos quando eles são comparados a outros investimentos.
Os tais PGBL e VGBL
A previdência privada aberta engloba diversos tipos de fundos, mas os mais comercializados são Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). A principal diferença entre eles está na tributação. O PGBL é indicado para quem faz a declaração do Imposto de Renda (IR) pelo modelo completo e o VGBL serve melhor para quem faz a declaração simplificada.
Uma dica dos especialistas em finanças é que você deve contratar esses planos o mais cedo possível. “Se aderir a um plano aos 25 anos, o poupador precisará fazer depósitos muito menores do que alguém que começa aos 40 anos para obter a mesma renda”, diz Sandro Bomfim, gerente da área de inteligência de mercado da BrasilPrev, em São Paulo.
Você também precisa ficar de olho nas taxas de administração e carregamento que são cobradas pelos planos de previdência e que podem acabar anulando os ganhos. Nos fundos abertos também é possível mudar a carteira de investimentos sem precisar fazer saques. Dá ainda para trocar de instituição por meio da portabilidade, mas é bom lembrar que os planos de previdência não têm fundo garantidor, como a caderneta de poupança.
Em caso de quebra do banco, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) devolve ao investidor até 70 000 reais. Além de escolher uma instituição financeira segura para colocar seu dinheiro, você precisa começar a poupar desde agora para garantir um futuro tranquilo. Afinal, quanto antes começar a fazer seu pé-de-meia, mais grana acumulará no longo prazo.