Presidentes de 14 empresas discutem equidade de gênero no mercado de trabalho (Well Fernandes/Especialista)
Marina Filippe
Publicado em 5 de dezembro de 2018 às 10h00.
Última atualização em 5 de dezembro de 2018 às 15h19.
São Paulo -- Nesta terça-feira, 4, se reuniram em São Paulo 14 presidentes de grandes empresas para discutir a promoção da equidade de gênero no mercado de trabalho. O evento organizado pelo Movimento Mulher 360 ocorreu na sede da fabricante farmacêutica Sanofi e contou com três painéis.
No primeiro momento, os presidentes da Atento, Bayer, Brookfield Energia, Mattos Filho, Sanofi, Souza Cruz e Tozzini Freire discutiram o papel do homem na ascensão da carreira feminina.
“A falta de experiência de parte das mulheres em nossa empresa ocorria pelos vies inconscientes de todos os funcionários. Quando percebemos isso, intensificamos os treinamentos no tema e hoje temos mulheres a frente de equipes com 200 pessoas”, disse Liel Miranda, presidente da Souza Cruz.
“O ambiente machista é dificilmente reconhecido e assumido pelos homens. Por isso, temos o papel de induzir mudanças nesse cenário, seja com metas, treinamentos ou políticas”, afirmou José Eduardo Queiroz, do escritório de advocacia Mattos Filho.
No segundo painel participaram os presidentes da A. T. Kearney, Basf, Diageo, Microsoft, PepsiCo, Pernod Ricard e White Martins.
Entre os assuntos, foi reforçada a necessidade de quebra dos preconceitos e vieses inconscientes dos funcionários; o momento em que os executivos perceberam a necessidade de pauta específica para gênero e como os mesmos pretendem trabalhar essas políticas durante o governo Bolsonaro.
“Fui convidada para um evento de presidentes no qual uma das atividades era fumar charuto enquanto meu marido ia ao shopping. Educadamente sinalizei uma oportunidade de que não deduzam um gênero de acordo com o cargo dos presentes no local”, disse Paula Belizzia, presidente da Microsoft.
Para os representantes das empresas parece haver um acordo. Por atuações globais, as políticas devem se manter independente do governo atual de cada país. E as metas para a equidade de gênero continuam em vigor.
No terceiro e último tópico, nove executivos, entre vice-presidentes e diretores, contaram as práticas de suas empresas. Sendo elas: Avon, Citi, Edenred, Itaú, Johnson & Johnson, Kimberly Clark, Santander, Schneider Electric e PwC.
“Dentre as diversas políticas que criamos, uma que faz sucesso é a licença-paternidade estendida para 40 dias úteis. Além de tirar o período, os pais passam por um curso e entendem seu papel na construção familiar e na paridade do mercado de trabalho”, falou Thaís Leite, diretora de recursos humanos da Johnson & Johnson.
No Itaú as funcionárias provocaram os executivos há cerca de cinco anos. De lá para cá, metas específicas foram desenvolvidas e, em 2018, o banco lançou uma reformulação de sua política. “Mulheres em ano de licença-maternidade recebem bônus integrais e avaliações proporcionais ao período trabalhado”, afirma Sergio Fajerman, diretor de recursos humanos do Itaú.
O Movimento Mulher 360 possui 45 empresas associadas e é um dos parceiros do Guia EXAME Diversidade, uma publicação junto ao Instituto Ethos, que mapeia as iniciativas voltadas à diversidade nas grandes empresas do Brasil. “Neste momento podemos mostrar que já subimos alguns degraus, mas ainda temos muito a avançar”, diz Margareth Goldenberg, gestora executiva do Movimento.
Das empresas associadas ao Mulher 360, 70% possuem metas definidas para reduzir a diferença na proporção de homens e mulheres em seu quadro de colaboradores e exigem que haja candidatas mulheres em seus processos seletivos. Outros 65% possuem ações para assegurar a presença de mulheres no plano de sucessão de posições de liderança.