Carreira

O que é diferente na Thoughtworks e como você pode trabalhar lá

Em entrevista exclusiva, diretora de talentos global da ThoughtWorks fala da cultura da empresa e dá dicas para quem sonha trabalhar lá

Escritório da ThoughtWorks (ThoughtWorks/Divulgação)

Escritório da ThoughtWorks (ThoughtWorks/Divulgação)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 28 de agosto de 2019 às 15h00.

Última atualização em 30 de agosto de 2019 às 14h50.

São Paulo - Uma companhia fundada pensando no futuro, valorizando a diversidade e o trabalho em equipe. É como Joanna Parke, diretora de talentos (CTO) global da ThoughtWorks, justifica o destaque da empresa como a mais amada pelos funcionários no Brasil, segundo a Glassdoor (antiga LoveMondays).

Em entrevista exclusiva para EXAME, a executiva conta como a satisfação dos funcionários está relacionada a um ambiente que valoriza o aprendizado constante e ajuda a pessoa a evoluir como profissional.

Formada em engenharia elétrica e ciência da computação, ela começou como desenvolvedora de software na ThoughtWorks em 2003. Agora, como CTO, ela supervisiona programas de desenvolvimento como a ThoughtWorks University e ajudou a dobrar a porcentagem de mulheres em cargos técnicos na empresa.

Ela tem muito orgulho do feito, que afirma ter sido um esforço em equipe. Com o foco em procurar talentos “escondidos em plena vista”, como ela descreve, a região norte americana passou de 17% de mulheres para 32%.

“Nós realmente quebramos todas as regras. Nós costumávamos contratar apenas pessoas com diploma em ciências da computação. Para dobrar o número de mulheres na empresa, tivemos que olhar para fora do departamento de engenharia, matemática e ciências”, conta ela.

Segundo ela, bons talentos têm muitas opções, eles podem ir para muitas empresas, mas o que diferencia um profissional bom de um fantástico é o ambiente de trabalho e a cultura da empresa.

“Para criar esse ambiente em todos os escritórios no mundo, mandamos todos os novos contratados de nível iniciante para a ThoughtWorks University. Eles vão para a Índia e a China com pessoas do mundo todo para uma imersão cultural, para entender o que significa fazer parte dessa organização global”, explica Parke.

No Brasil, a empresa já tem 628 funcionários, sendo que 42,5% são mulheres. Dessas, 1% são mulheres trans. E, de 14 cargos de liderança, 10 são ocupados por mulheres. Por etnia, a equipe brasileira é composta por 1,5% de asiáticos e 31,4% de negros.

Atualmente, ela tem 27 vagas abertas para os escritórios de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife. A maioria dos cargos é para pessoas desenvolvedoras, com diversas especialidades e níveis de experiência. Confira todas as oportunidades no site.

Confira a entrevista com a Joanna Parke, CTO global da ThoughtWorks:

EXAME: A ThoughtWorks frequentemente entra para rankings de melhores empresas para trabalhar. No Brasil, ela foi a mais amada no ranking da Glassdoor. O que a empresa faz pelos funcionários que nenhuma outra faz?

Joanna Parke: Algumas coisas. A companhia foi fundada com a crença em uma nova era do trabalho, onde nós mudamos na era industrial, manual e em fábricas, para a era digital. Os trabalhadores precisam de um ambiente diferente para trabalhar. Nosso fundador (Neville Roy Singham) estava a frente de seu tempo, ele valorizava o pensamento crítico, curiosidade, atitude para aprendizado… em resumo, ele pensou em como as habilidades necessárias estavam mudando.

Com esse pensamento, é necessário promover uma forte cultura de aprendizado e ter responsabilidade por isso. Nós temos um ambiente onde as pessoas sentem que é ótimo aprender, desenvolver habilidades e suas carreiras. Também para compartilhar e tentar coisas novas.

Nós acreditamos em times de alta performance acima da performance individual. Parte da maneira como pensamos sobre software vem da colaboração e funcionalidade. Sentir que somos parte de um time e maiores do que só nós mesmos. Pensando desse modo, mas com liberdade para ser seu eu verdadeiro, sem código de vestimenta, dá uma certa satisfação pelo trabalho que você faz.

Por último, nós temos um forte foco em diversidade, com um olhar diferenciado e permitindo que essas pessoas fiquem confortáveis. Tudo contribui para o sentimento que os funcionários têm sobre a empresa.

EXAME: Você ajudou a dobrar o número de mulheres em posições técnicas. Qual a importância disso?

Parke: Primeiro, nós acreditamos que é a coisa certa a se fazer. Em uma escala maior, a diversidade na tecnologia é importante, pois impacta toda a sociedade. Se você desenvolve um algoritmo ou determina uma nova política, ela tem impacto na sociedade. Quanto mais diverso é o time desenvolvendo uma tecnologia, ela serve e representa melhor a sociedade. E, no geral, times diversos produzem melhor.

EXAME: E vocês não fazem entrevistas às cegas como estratégia para contratar pessoas diversas, o que é muito popular entre as empresas para eliminar vieses. Então qual é a estratégia de vocês para contratar mais mulheres e mais diversidade?

Parke: Nós realmente quebramos todas as regras. Nós costumávamos contratar apenas pessoas com diploma em ciências da computação. Para dobrar o número de mulheres na empresa, tivemos que olhar para fora do departamento de engenharia, matemática e ciências. Elas programavam como um passatempo e tinham outra interação com a tecnologia. Então expandimos nosso campo de busca, não olhamos apenas para escolas renomadas, por exemplo. E encontramos tantos talentos só assim. Com o olhar mais amplo, convidamos pessoas novas para serem programadoras em tempo integral.

Sobre o processo às cegas, nós preferimos colocar os candidatos para programar com outra pessoa sentando junto com elas. Para contratar, organizamos um painel diverso, com vários grupos minorizados representados, para tomar as decisões. Toda as decisões são sempre em pares.

Outra coisa que fazemos é apresentar relatórios no final das entrevistas, discutimos o processo e temos recrutadores treinados para encontrar vieses. Se alguém fala “eu não acho que ela é boa para isso”, eles perguntam o que a pessoa quer dizer com isso. Eles devem apresentar algo concreto. Quem faz as entrevistas sabe que atributos procuramos e precisamos, e devem julgar a partir disso.

EXAME: Para as pessoas que sonham em trabalhar na ThoughtWorks, qual o seu conselho? Quem você gostaria de contratar?

Parke: Nós gostamos de falar que procuramos por pessoas com atitude e integridade, pois são duas características inatas difíceis de se ensinar. Depois, vemos fortes candidatos em pessoas boas em resolver problemas e em trabalhar com outros. É mais fácil ensinar alguém a ser um bom analista de negócios do que todas essas características. Além delas, o mais importante seria ter conhecimentos de programação, interesse em se tornar um gerente e começar com certo entendimento do que a empresa faz.

EXAME: No que você está trabalhando hoje que a deixa mais animada? E o que você mais tem orgulho do seu trabalho?

Parke: Uma das coisas que mais me anima é uma iniciativa para reforçar a cultura de cultivar pessoas. É um aspecto da nossa cultura para reconhecer pessoas que são muito boas em ajudar os outros a crescer. E trabalhar com cultura é difícil, não existe jeito fácil de medir isso. Sobre o que mais me orgulho… acho que o esforço que fizemos pela diversidade. Não fui só eu, fui um time inteiro de pessoas. Individualmente, acho que fazer parte do time global de lideranças me dá orgulho.

Acompanhe tudo sobre:Busca de empregoEntrevistasTecnologia da informaçãoThoughtWorks

Mais de Carreira

ARTIGO: Dignidade na Sala do Conselho

10 dicas para construir um portfólio digital de sucesso

Concurso INSS: edital é publicado com 500 vagas e salário de R$ 14 mil

Fora da sala de aula, esta empresa aposta em comunidades de aprendizagem para capacitar funcionários