Carreira

O perfil do estagiário brasileiro: Quanto ganham, onde moram e o que querem?

Segundo pesquisa da Companhia de Estágios, o estudante tem uma nova preocupação no processo seletivo e busca por benefícios que vão além dos tradicionais

Mais da metade dos estagiários atuam em regime totalmente presencial, mas preferem o híbrido, aponta a pesquisa (PeopleImages/Getty Images)

Mais da metade dos estagiários atuam em regime totalmente presencial, mas preferem o híbrido, aponta a pesquisa (PeopleImages/Getty Images)

Publicado em 18 de maio de 2024 às 10h00.

Última atualização em 20 de maio de 2024 às 11h22.

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Além de experiência em sua área de estudo, os estagiários brasileiros buscam duas coisas nas empresas: flexibilidade e desenvolvimento. É o que mostra a pesquisa “Perfil dos Estagiários e Candidatos a Estágio no Brasil 2024”, conduzido pela Companhia de Estágios, empresa de recrutamento e seleção de estagiários, trainees e jovens aprendizes, 48% dos estudantes que participam de programas de estágio ou estão em busca de vagas desta modalidade priorizam flexibilidade e benefícios que favoreçam o seu desenvolvimento, como treinamentos, programas de mentoria e cursos de idioma, na hora de escolherem vagas.

O estudo, que teve sua primeira edição em 2018, aponta que os benefícios mais comuns entre quem está começando a carreira são:

  • Vale-transporte (72%),
  • Vale-refeição e/ou alimentação (58%),
  • Assistência médica (48%),
  • Academia/totalpass (45%).

"Hoje em dia, os benefícios de treinamento estão na oitava posição entre os que as companhias mais oferecem aos estagiários. Apenas um terço delas concedem esse tipo de benefício, no entanto, ele é desejado por cerca de 50% dos respondentes", afirma Tiago Mavichian, CEO da Companhia de Estágios. Para o executivo, as áreas de RH das empresas devem estar atentas a estas demandas, realizando melhorias e investimentos para se manterem atrativas para os jovens profissionais.

Realizado entre os dias 21 de fevereiro e 28 de março de 2024, o levantamento ouviu 6.226 estudantes e foi elaborado por meio de questionário online com 36 questões que abordou diversos assuntos, como desafios enfrentados durante o processo seletivo, situação econômica, detalhes sobre a vaga conquistada e motivações profissionais.

Quem são e onde vivem?

Ao analisar o retrato dos estagiários e candidatos a estágio que participaram da pesquisa, nota-se que 66% deles são do sexo feminino.

Já em relação à distribuição geográfica, o Sudeste apresentou a maior representação, com sete em cada dez participantes residindo na região.

Além disso, 49,2% dos respondentes são de raça branca, 47,5 são negros (pretos e pardos) e 3,4% de raça amarela, indígena ou preferiu não declarar.

Outros dados que a pesquisa são:

  • 64% têm entre 18 e 24 anos, o que indica uma predominância de pessoas mais jovens no mercado de estágios, a geração Z - tendência que se mantém ao longo dos anos.
  • Seis em cada dez participantes estão estagiando ou em busca de uma oportunidade de estágio. O restante ou está desempregado ou atuando em outros modelos, como vaga celetista ou autônom

Quanto ganham?

Boa parte de quem faz estágio ou está em busca de vaga está cursando ensino superior (95%), sendo que a maioria (69%) deles estuda em instituições privadas. Entre estes, mais de um terço declara ser o principal responsável pelo pagamento das mensalidades do seu curso (36%). Além disso, para financiar os estudos, 40% destes estudantes do ensino privado recebem algum tipo de bolsa de estudos, mas apenas 1% dos alunos de instituições privadas participam do programa de financiamento estudantil do governo (FIES).

Ao observar a relação entre pretensão salarial e salário informado, chama atenção a convergência entre os valores desejados e o que é oferecido pelo mercado, já que 45% dos estudantes que estagiam informaram receber entre R$ 1.412 a R$ 2.118, faixa salarial desejada por 47% dos respondentes.

O que mais preocupa os estagiários?

Processos de seleção são um período crítico para os estudantes em início de carreira e o estudo revela que grande parte deles (66%) participou de ao menos uma entrevista para vaga de estágio no último ano, evidenciando que ainda existem poucas vagas. A boa notícia é que uma parcela significativa (50%) encontrou sua colocação atual em menos de três meses.

Para mapear oportunidades de emprego, 77% dos talentos afirmam usar aplicativos e plataformas de divulgação de vagas. E, quando conseguem uma oportunidade de participar de um processo seletivo, enfrentam inseguranças. A capacidade de demonstrar habilidades durante a entrevista (59%) é o que mais preocupa esses jovens.

Quando o tema é futuro, no geral os jovens estão com pensamento positivo:

  • 41% se dizem esperançoso,
  • 39% determinado,
  • 37% ansioso para entrar no mercado de trabalho.

Em contrapartida, 23% se dizem preocupados, 17% inseguros e 3% desanimados.

O que eles querem?

Tanto os estudantes que estão trabalhando quanto os que estão buscando o primeiro emprego apontaram o desejo por “adquirir experiência profissional” como principal razão para buscar uma vaga nesta modalidade. Somente 36% das pessoas citam motivações financeiras.

O estudo também mostrou que 80% dos estudantes estagiários afirmam estar satisfeitos ou muito satisfeitos com a vaga, e 66% dos relataram que tiveram vida acadêmica positivamente impactada com a oportunidade. Apenas 1% dos estagiários está muito insatisfeito com a experiência proporcionada pelo estágio, mesma proporção que diz que teve a vida acadêmica prejudicada pelas atividades do estágio.

Por outro lado, o maior investimento que os estudantes fizeram por conta própria em suas carreiras foi voltado para o desenvolvimento profissional como cursos complementares à área de formação, cursos de tecnologia e cursos de idiomas. Apenas 8% disseram não ter feito nenhum tipo de investimento com foco em capacitação profissional.

“Nos últimos anos, está acontecendo uma flexibilização de requisitos para a contratação de estagiários”, afirma Mavichian. “Antes, era bastante comum a exigência de inglês, Excel e faculdade de primeira linha, mas o olhar agora é para o potencial das pessoas.” De acordo com o especialista, os jovens estão cientes de que a qualificação técnica é importante e continua sendo um diferencial entre os candidatos.

Mais da metade dos contratados (57%) hoje atuam em regime totalmente presencial. Modelo híbrido (parte na empresa, parte em casa) é a segunda opção mais comum (37%), e apenas 6% dos respondentes trabalham em modelo totalmente remoto.

Para Mavichian, o modelo de trabalho híbrido é o mais desejado pelos candidatos. “Os estagiários ficam mais à vontade para perguntar para o colega da mesa do lado do que para marcar uma reunião para tirar dúvidas. As vantagens do presencial são a formação e fortalecimento de cultura, as trocas e o aprendizado”, diz. “Já o home office dá qualidade de vida, economia de tempo, mais foco em atividades para as quais a pessoa não pode ser interrompida, se a atividade da empresa permite, é legal ter o melhor dos dois mundos”.

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