Justiça salarial: 68% dos trabalhadores acham injusto o salário que recebem
Pesquisa do Gartner, consultoria global, ainda apontou que funcionários que acreditam receber um salário injusto também são menos engajados e mais propensos a pedir demissão
Luciana Lima
Publicado em 4 de janeiro de 2023 às 18h56.
Última atualização em 4 de janeiro de 2023 às 19h11.
Cerca de 68% dos trabalhadores acreditam que o salário que recebem é injusto. Pelo menos é isso que aponta uma nova pesquisa do Gartner, consultoria global, que ouviu 3.523 funcionários e 104 líderes de RH de todo o mundo no segundo trimestre de 2022.
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De acordo com o levantamento, a percepção de justiça salarial dos funcionários impacta diretamente o seu engajamento.
Isso porque as pessoas que acreditam receber um salário injusto têm uma intenção 15% menor de permanecer no atual emprego e são 13% menos engajadas no trabalho em comparação com quem está feliz com o salário.
“A sensibilidade dos funcionários às diferenças salariais percebidas está sendo exacerbada pelas condições econômicas de hoje, incluindo o aumento da inflação e o mercado de trabalho aquecido, que está causando uma mudança na remuneração entre profissionais efetivos e novos contratados”, afirma Tony Guadagni, diretor sênior do Gartner Prática de RH.
Desconfiança gera desconfiança
Mas o sinal de alerta já acendeu para a maioria das empresas. Segundo pesquisa do Gartner, 84% das empresas estão conduzindo auditorias de igualdade de pagamento, mas de acordo com a consultoria a raiz do problema é mais embaixo.
“As percepções dos funcionários sobre a equidade salarial não estão enraizadas na remuneração”, diz Guadagni.
“Ao invés disso, o principal impulsionador da percepção é a confiança organizacional — quando as pessoas não confiam em seus empregadores, elas não acreditam que sua remuneração é justa ou equitativa”.
Comunicação eficiente pode diminuir ruídos
De acordo com o Gartner, uma das chaves para aumentar a confiança dos funcionários é a comunicação, algo que é o calcanhar de aquiles de muitas empresas, especialmente quando o assunto é salário.
Segundo a pesquisa, quase 43% dos profissionais discutem seus pagamentos com colegas de trabalho que ocupam função semelhante, enquanto 45% consultam, pelo menos uma vez por ano, sites com informações de terceiros, como Glassdoor.
Porém, menos de um terço dos funcionários diz estar ciente sobre quanto sua organização prioriza a equidade salarial.
“Apenas 38% dos participantes da pesquisa relatam que entendem como a remuneração é determinada”, diz Guadagni.
“Quando as organizações educam os funcionários sobre como o pagamento é feito, a confiança na organização aumenta em 10% e as percepções sobre equidade salarial aumentam em 11%.”
Igualdade salarial é prioridade para os próximos anos
Enquanto avança o debate sobre equidade e transparência salarial nas empresas, com países criando leis que obrigam empresas a divulgarem informações sobre remuneração desde antes da contratação, mais empresas estão comprometidas com a questão.
Conforme a pesquisa do Gartner, 72% dos líderes de remuneração relatam que a alta direção da organização em que atuam acredita que a equidade salarial é uma prioridade alta ou muito alta.
No entanto, os tomadores de decisão não priorizam esse assunto na prática, principalmente ao contratarem talentos críticos.
De acordo com o Gartner, os times de Recursos Humanos precisam criar times dedicados a esse assunto com uma visão ampla para entender quais os fatores que causam as distorções e como corrigi-los.
“Uma equipe de igualdade de pagamento ideal consiste em líderes e profissionais em todos os níveis, unidades de negócios e funções com conhecimento sobre as práticas e processos que criam desigualdade nas remunerações e um compromisso visível para manter a conformidade na organização”, afirma Guadagni.