Exame Logo

Entenda o erro básico de português que o ministro da Educação cometeu

Em vídeo publicado no Twitter, ministro Abraham Weintraub escorregou feio na concordância verbal

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, fala sobre políticas para educação e Diretrizes para o MEC, durante café da manhã com jornalistas. (José Cruz/Agência Brasil)

Camila Pati

Publicado em 31 de maio de 2019 às 11h18.

Última atualização em 20 de janeiro de 2020 às 11h54.

São Paulo – Em vídeo divulgado pelo Twitter, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, fez graça com o que chamou de chuva de fake news sobre o contingenciamento de verbas para a recuperação do Museu Nacional. Mas, ao tentar usar o humor, o ministro tropeçou em princípio elementar da concordância verbal.

Weintraub, que se apresenta na rede de microblogs como professor universitário, economista e mestre em administração, cometeu um erro de português ao usar no plural o verbo haver no sentido de existir.

Veja também

Disse o ministro: “Haviam emendas parlamentares de R$55 milhões para recuperar o museu”. Confira o vídeo:

https://platform.twitter.com/widgets.js

“De acordo com a gramática normativa, o verbo haver no sentido de existir não tem plural”, explica o professor Diogo Arrais.
Ou seja, o correto é utilizar na 3ª pessoa do singular. Veja os exemplos:

Há emendas parlamentares de R$55 milhões para recuperar o museu.
Havia emendas parlamentares de R$55 milhões para recuperar o museu.

“O ministro escorregou e escorregou feio. Esse é um princípio, é algo básico da nossa concordância verbal”, diz Arrais.
O professor destaca também qual o uso adequado nas locuções. Veja exemplos:

Deve haver emendas parlamentares de R$55 milhões para recuperar o museu.
Pode haver emendas parlamentares de R$55 milhões para recuperar o museu.

Mas e se o ministro quisesse mesmo utilizar um verbo no plural? “Nesse caso ele deveria ter optado pelo verbo existir e dito: existiam emendas”, indica o professor, que já gravou um vídeo para o programa SUA CARREIRA de EXAME sobre o assunto:

https://www.youtube.com/watch?time_continue=80&v=QKajxU9fLpA

Por que não existe plural do verbo haver no sentido de existir?

Segundo a gramática normativa da língua portuguesa, os verbos impessoais – aqueles que não possuem sujeito – ficam restritos à conjugação na terceira pessoa do singular.

Verbos que indicam fenômenos da natureza (chover, trovejar, nevar) no sentido denotativo, o verbo haver no sentido de existir e de tempo decorrido, o verbo fazer, também no sentido de tempo decorrido, e o verbo tratar - acompanhado do pronome ‘se’ (quando não puder ter sujeito) - são exemplos de verbos impessoais descritos na Gramática para Concursos de Marcelo Rosenthal (Editora Campus).

O tema é frequente nas provas de português de concursos públicos. A Gramática para Concursos traz uma questão cobrada de candidatos a administrador da Transpetro, em prova organizada pela Cesgranrio Confira:

Os alunos, em uma aula de Português, receberam como tarefa passar a frase abaixo para o plural e para o passado (pretérito perfeito e imperfeito), levando-se em conta a norma-padrão da língua.

HÁ OPINIÃO CONTRÁRIA À DO DIRETOR

a) Houve opiniões contrárias às dos diretores/ Havia opiniões contrárias às dos diretores
b) Houve opiniões contrárias à dos diretores/ Haviam opiniões contrárias à dos diretores
c) Houveram opiniões contrárias à dos diretores/Haviam opiniões contrárias à dos diretores
d) Houveram opiniões contrárias /Haviam opiniões contrárias às dos diretores
e) Houveram opiniões contrárias às dos diretores/Havia opiniões contrárias às dos diretores.

 

Role a página para saber qual é a resposta certa

 

 

 

Resposta: A

 

Assine a newsletter de Você S/Aneste link

Acompanhe tudo sobre:abraham-weintraubDicas de Português

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Carreira

Mais na Exame