Empresas apostam em serviço corporativo de saúde mental
O serviço do Zenklub voltado para o bem-estar emocional cresceu oito vezes em 2020. A meta é chegar a 800 clientes em 2021
Gabriella Sandoval
Publicado em 6 de janeiro de 2021 às 09h00.
Última atualização em 7 de janeiro de 2021 às 20h00.
A pandemia de covid-19 trouxe à tona o problema da saúde mental no Brasil. Quase 6% da população brasileira sofre de depressão e os casos de ansiedade são ainda mais numerosos: 9,3% dos habitantes do país possuem esse transtorno, segundo dados do último relatório divulgado em 2017 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o tema.
Se antes esses distúrbios já afetavam a produtividade de profissionais em todo o país, com o coronavírus, a nova forma de viver tornou o problema ainda mais acentuado. “O ser humano não está pronto para perder o controle e a pandemia tirou nossa capacidade de administrar tudo: trabalho, vida social, família, até mesmo a liberdade de ir e vir”, aponta Rui Brandão, médico e CEO do Zenklub, empresa que oferece uma plataforma de saúde emocional que conecta pessoas a profissionais de saúde emocional que, desde 2019, oferece planos corporativos voltados para a saúde emocional.
Apesar de relativamente nova, a proposta de oferecer planos de saúde mental a empresas nunca foi tão necessária. Comparando o terceiro trimestre de 2020 com o primeiro, o número de clientes do Zenklub Empresas quintuplicou e o número de consultas – realizadas por vídeo, áudio ou chat – teve um crescimento de 400%.
Mas é importante ressaltar que o tema não deve ser priorizado apenas para a pandemia. “Saúde emocional não é só uma consulta quando se está em crise, mas uma jornada de vida que cada um deve trilhar para viver com mais propósito”, afirma Brandão.
Para as empresas é ainda mais difícil ajudar os colaboradores quando eles estão a quilômetros de distância, trabalhando em home office. A ajuda de uma empresa especializada pode fazer toda a diferença. E, acredite, custa menos investir em saúde mental do que ignorar o problema.
Pesquisa realizada pelo Zenklub mostrou que a cada real investido na saúde mental de funcionários, há um retorno de 3,68 reais. Mas se o empregado for da alta gestão, esse valor chega a 8 reais, considerando não apenas o salário mas o impacto que esse profissional tem na corporação.
“Com colaboradores emocionalmente saudáveis, a empresa reduz tanto o absentismo (afastamento) como o presenteísmo (quando o profissional está de corpo presente, mas não tem produtividade), chamados de custos diretos, mas também ganha com aspetos mais intangíveis como marca empregadora forte, diminuição de risco jurídico e aumento da conexão emocional da empresa com seus colaboradores”, explica o CEO do Zenklub. “Vivendo melhor, mais alinhado a seus propósitos, os empregados são mais engajados e se tornam mais produtivos”.
Saúde mental acessível
O serviço, garante Brandão, é acessível a qualquer tamanho e tipo de empresa e pode ser implementado unidade por unidade. Em um negócio com 50 funcionários, por exemplo, é possível oferecer saúde emocional por 1.200 reais (o pacote), incluindo sessões com profissionais com formação comprovada e treinados pela empresa. “O valor equivale a 10% do custo de um plano de saúde que a empresa pague”, aponta. “Se levarmos em conta que uma consulta com um psicólogo custa, em média, 200 reais, é bem em conta.”
O pacote corporativo vai depender do número de vidas protegidas – além do funcionário, há a possibilidade de incluir dependentes – e dos serviços incluídos. Há vários disponíveis, mas há quatro principais. O primeiro é de ações de sensibilização e transformação cultural para a formação do RH em como cuidar da saúde mental da sua população e como desenvolver habilidades comportamentais. A consultoria vai desde a comunicação dos serviços até o treinamento da liderança em como abordar o tema com a equipe.
O segundo serviço é um app de educação socioemocional em que cada colaborador pode consumir conteúdos sobre saúde emocional de seu interesse. “Há desde entrevista com Mario Sérgio Cortella sobre a importância das mudanças, meditações guiadas até trilhas de áudio para melhorar o sono”, exemplifica o executivo.
Terceiro, há o serviço de sessões online. Caso o funcionário queira falar com um especialista, há mais de 600 profissionais disponíveis, como psicólogos, psiquiatras, coaches, não só para questões saúde mental como ansiedade, depressão ou fobias mas também para aspetos de desenvolvimento comportamental como resiliência, capacidade de foco ou definir melhor expectativas. As sessões podem ser agendadas e a plataforma disponibiliza profissionais 24 horas por dia.
Um quarto serviço é relacionado a dados. Por ser uma empresa de tecnologia e dados, o Zenklub Empresas oferece ainda um “mapa emocional” para seus clientes. Com a análise dos dados de uso do app – totalmente anônima –, a empresa e a liderança podem adotar estratégias para o bem-estar dos times, como campanhas corporativas focadas nas necessidades comportamental e emocional dos empregados, não em datas comemorativas estanques. E a análise pode ser de toda a empresa, por unidade ou até mesmo por área, preservando a confidencialidade dos funcionários.
Para todo perfil
Atualmente, o Zenklub Empresas atende 1,5 milhão de funcionários de mais de 200 clientes em todo o Brasil. Entre eles estão grandes companhias, como Votorantim, Natura e Ambev, mas também startups como a Creditas, plataforma online de crédito com garantia, e a Revelo, de recrutamento & seleção.
“Saúde emocional deixou de ser um tabu. Há cinco anos, nossos clientes eram empresas digitais de tecnologia ou publicidade. Hoje, atendemos clientes de todos os segmentos e portes”, afirma Brandão. “É uma tendência sem volta. A alta gestão de empresas que querem ser cada vez mais competitivas está entendendo a necessidade de cuidar da saúde emocional e colhendo resultados efetivos deste cuidado.”
A Ambev, por exemplo, recentemente criou uma diretoria de Saúde Mental. E as experiências do Zenklub Empresas na companhia vêm funcionando. Em um projeto piloto em uma unidade com 1.000 funcionários, mais de 15% deles aderiram em uma semana e usaram o serviço.
A maior preocupação das empresas é justamente investir em um benefício e não saber se os funcionários vão usar ou gostar. “Nossa taxa de engajamento é de 20% por mês”, afirma o CEO.
Na Creditas, que enfrentava um crescimento exponencial e precisava replicar a cultura do bem-estar em maior escala, o Zenklub Empresas ajudou a reforçar os valores culturais. O resultado foi mais de 300 colaboradores engajados e, em uma recente pesquisa conduzida pelo Zenklub, 71% consideraram o benefício um dos top 3 de toda a empresa e 84% relataram impacto positivo na produtividade.
O sucesso dessas iniciativas pode ser creditado ao olhar integrado do Zenklub Empresas para a saúde emocional em cada um de seus clientes, oferecendo uma solução customizada à realidade da companhia. A empresa oferece não só atendimento profissional, mas várias frentes, tanto para o negócio – palestras, webinars e rodas de conversa que tratam temas, como bem-estar, liderança, produtividade –quanto para colaboradores, com biblioteca com áudios, vídeos, exercícios e testes sobre carreira e saúde emocional e dicas diárias para um autodesenvolvimento gradativo.
A empresa está constantemente buscando novos serviços e conteúdos. A novidade chega para atender a uma demanda da pandemia. “Estamos criando um produto para treinar a equipe de Recursos Humanos para lidar com os próximos passos do ‘novo normal’. São guias, políticas e formas de apoio aos funcionários de como lidar com a saúde emocional de seus times em momentos como a vacinação contra a covid-19 e reabertura de escritórios”, diz Brandão.
Lançamentos e informações atualizadas são importantes para atender às necessidades dos clientes e do mercado para, assim, seguir expandindo. O faturamento do Zenklub foi de 4 milhões de reais em 2019. Antes da pandemia, o grupo já crescia 15% ao mês. Este ano, só no segmento B2B cresceu oito vezes em comparação ao ano passado. A expectativa para 2021 é atender, pelo menos, 800 empresas.
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