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Fique ligado na economia para proteger seus investimentos

Fique atento à evolução da arrecadação, da dívida e dos juros. A piora desses indicadores pode comprometer seu equilíbrio financeiro

Bandeira dos Estados Unidos: "Se o Brasil estivesse à beira do calote de sua dívida, não seria diferente." (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 17h19.

São Paulo - A crise da dívida americana tem trazido incertezas aos diversos mercados de investimentos, o que tem motivado, entre outras coisas, o movimento de perdas no Índice Bovespa .

O problema é sério. Boa parte da atividade econômica americana se deve a incentivos governamentais. Nos Estados Unidos, o investimento maciço na indústria de guerra, nos subsídios agrícolas e na seguridade social são a garantia de milhões de empregos, que, por sua vez, movimentam o comércio e a indústria.

Com a crise, estão em risco instituições como o seguro-desemprego e o agronegócio. Com menos produção, há aumento dos preços, que somado à perda de renda resulta em empobrecimento da sociedade e perda de arrecadação de impostos.

Se o Brasil estivesse à beira do calote de sua dívida, não seria diferente. O governo é forte incentivador de programas de combate à desigualdade social, como o Bolsa Família. Também é responsável pelo fomento à aquisição da casa própria, com o programa Minha Casa, Minha Vida.

Esses programas são bancados com o superávit na arrecadação de tributos e com a emissão de títulos públicos. Sem superávit e com aumento na taxa de juros, o estímulo à compra da casa fica inviável, assim como os programas sociais. Menos renda significa menos consumo, o que leva à redução do emprego, prejudicando ainda mais a renda. Percebeu o círculo vicioso?

Some a esse efeito um possível aumento dos preços, resultante da diminuição da oferta de bens e serviços. Estaria criado um cenário que conhecemos bem, que é o da inflação, que alimenta juros, que por sua vez compromete o emprego e a renda, que acabam por resultar em perda da arrecadação do governo e agravamento da situação.

O Brasil viveu esse círculo vicioso por décadas. Os Estados Unidos estão sendo apresentados a esse monstro neste exato momento.

Mudar essa realidade não é fácil. O Brasil consegue arcar com seus altos juros em razão dos sucessivos recordes de arrecadação e de uma condição sustentável de sua dívida. Para chegar ao risco de não conseguir pagá-la, teria de perder o superávit primário, o que só aconteceria se a arrecadação diminuísse.

Também teria de consumir suas reservas internacionais, que estão em nível recorde. Nada disso está sendo cogitado no momento. Porém, o jogo pode mudar se os nossos juros continuarem subindo ou se a economia esfriar demais. Atente, portanto, para a evolução da arrecadação, da dívida e dos juros. São sinais que não podem ser desprezados.

Gustavo Cerbasi escreve sobre finanças pessoais, investimentos e como chegar ao primeiro milhão. É consultor financeiro e autor do livro Casais Inteligentes enriquecem juntos

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São Paulo - A crise da dívida americana tem trazido incertezas aos diversos mercados de investimentos, o que tem motivado, entre outras coisas, o movimento de perdas no Índice Bovespa .

O problema é sério. Boa parte da atividade econômica americana se deve a incentivos governamentais. Nos Estados Unidos, o investimento maciço na indústria de guerra, nos subsídios agrícolas e na seguridade social são a garantia de milhões de empregos, que, por sua vez, movimentam o comércio e a indústria.

Com a crise, estão em risco instituições como o seguro-desemprego e o agronegócio. Com menos produção, há aumento dos preços, que somado à perda de renda resulta em empobrecimento da sociedade e perda de arrecadação de impostos.

Se o Brasil estivesse à beira do calote de sua dívida, não seria diferente. O governo é forte incentivador de programas de combate à desigualdade social, como o Bolsa Família. Também é responsável pelo fomento à aquisição da casa própria, com o programa Minha Casa, Minha Vida.

Esses programas são bancados com o superávit na arrecadação de tributos e com a emissão de títulos públicos. Sem superávit e com aumento na taxa de juros, o estímulo à compra da casa fica inviável, assim como os programas sociais. Menos renda significa menos consumo, o que leva à redução do emprego, prejudicando ainda mais a renda. Percebeu o círculo vicioso?

Some a esse efeito um possível aumento dos preços, resultante da diminuição da oferta de bens e serviços. Estaria criado um cenário que conhecemos bem, que é o da inflação, que alimenta juros, que por sua vez compromete o emprego e a renda, que acabam por resultar em perda da arrecadação do governo e agravamento da situação.

O Brasil viveu esse círculo vicioso por décadas. Os Estados Unidos estão sendo apresentados a esse monstro neste exato momento.

Mudar essa realidade não é fácil. O Brasil consegue arcar com seus altos juros em razão dos sucessivos recordes de arrecadação e de uma condição sustentável de sua dívida. Para chegar ao risco de não conseguir pagá-la, teria de perder o superávit primário, o que só aconteceria se a arrecadação diminuísse.

Também teria de consumir suas reservas internacionais, que estão em nível recorde. Nada disso está sendo cogitado no momento. Porém, o jogo pode mudar se os nossos juros continuarem subindo ou se a economia esfriar demais. Atente, portanto, para a evolução da arrecadação, da dívida e dos juros. São sinais que não podem ser desprezados.

Gustavo Cerbasi escreve sobre finanças pessoais, investimentos e como chegar ao primeiro milhão. É consultor financeiro e autor do livro Casais Inteligentes enriquecem juntos

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