Deu branco depois do estudo? Conheça estas técnicas de fixação de conteúdo
Estudantes e especialistas indicam como estimular a aprendizagem com técnicas simples e eficientes
Da Redação
Publicado em 2 de abril de 2019 às 06h00.
Última atualização em 2 de abril de 2019 às 06h00.
Vários fatores podem atrapalhar na hora do estudo: dificuldade de concentrar, ansiedade, cansaço, desânimo, entre outros. Mas se o conteúdo não é fixado corretamente, todo o esforço para aprender é em vão. Além de entender, é preciso reter na memória o conhecimento. Confira alguns métodos para fixar o conteúdo.
O que ajuda na fixação de conteúdo?
Corpo sã, mente sã
Depois de oito anos estudando inteligência humana, o psiquiatra Pablo Vinícius fundou o Instituto PARC (Programa de Alto Rendimento Cognitivo) e reuniu uma série de métodos e pesquisas para otimizar o desempenho intelectual. Para ele, o primeiro passo é cuidar da saúde.
“Cada célula do seu corpo tem que ser otimizada. Ninguém vai aprender nada se não estiver bem.”
“As escolas e cursinhos investem em professores, métodos e estruturas e não garantem o básico que é a condição do aluno. Ter saúde plena é fundamental. A partir disso, podemos intervir com métodos de ensino”, defende.
Pablo também acredita que é essencial observar o cronotipo de cada indivíduo. “Todas as células têm um melhor horário de funcionamento. Um dos segredos é estudar quais são os melhores para o rendimento intelectual. Isso é muito individual, cada um tem o seu. Mas a pessoa vai aprender mais focando os esforços nos horários adequados”, garante.
Hora certa para tudo
Estudando no horário correto, o estudo rende mais, garante Pablo. “Todo mundo se pergunta por quanto tempo estudar. O cérebro tem uma tendência de reter as primeiras ou as últimas informações estudadas. Então, os blocos de estudos têm que ser curtos, de 20 a 30 minutos, com repouso de 5 a 10 minutos. Assim, você aumenta a quantidade de informações retidas”, ensina.
O psiquiatra também defende que métodos de estudo que associam vários canais de informações são mais eficientes. “Se você só lê, sua absorção vai ser de 30%. Se você ler e falar, já aumenta. Se você ler, falar, fechar os olhos e pensar sobre o conteúdo, a absorção é maior ainda. Então minha dica é utilizar a maior parte das ferramentas sensoriais no estudo: leia, fale, pense, escute e ensine”, dita.
Matéria aplicada na realidade
Já o pedagogo especialista em gestão escolar Marco Elvis Alcântara acredita que não existe segredo para fixar bem conteúdo. Ele aposta que o método mais eficaz é fazer exercícios com abordagens diferenciadas.
“O conteúdo só vai ser fixado se ele fizer sentido. Para isso, é importante fazer analogias com seu dia a dia e coisas da sua realidade”, recomenda.
O diretor pedagógico sugere fazer exercícios práticos, estudos de caso e de campo, comparações e análises. “Isso faz com que o estudante tenha um papel mais ativo no aprendizado. Antes, se desenvolvia habilidades e competências, mas não atitude, porque eles não sabiam usar o que aprendiam. Só memorizavam o suficiente para passar na prova”, repreende.
Marco considera que o Brasil passa por uma mudança na abordagem educacional. “Provas como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) já trazem questões que são baseadas mais em vivência do que em teoria. As pessoas não entendem o formato porque foram educadas no sistema antigo, mas assim é mais efetivo”, garante. Para ele, a repetição só funciona para a aprendizagem de línguas estrangeiras.
O caminho para a aprovação
Aprovado no concurso da Polícia Civil (DF) para agente policial, em 2013, Tassio Correa, 32 anos, nunca foi um aluno exemplar. Focado na aprovação, ela conquistou a vaga apostando em flashcards e aplicativos. “Eu estudei bem focado durante três meses, todos os dias. Mas eu já tinha uma base de conteúdos gerais. Praticava durante toda a tarde e noite”, lembra.
Para o policial, as pessoas se acostumaram a estudar nas vésperas da prova e acabam se esquecendo com facilidade de conteúdo. “Muita gente é motivada, mas não tem um bom método de revisão. Eles estudam e depois não lembram o conteúdo. Acredito que é isso que acaba atrapalhando o desempenho da maioria", pondera.
Repetição e revisão
Para revisar tudo que aprendia, Tassio investiu em cartões de memorização, que ajudaram a testar a memória. “A vantagem é que esse é um método ativo por te forçar a pensar e responder. E você testa o tempo todo não só se aprender, mas se memorizou. Quando você lê, não necessariamente está captando o assunto”, revela.
Mas, para ele, o grande diferencial foi utilizar aplicativos para os cartões. “Era muito bom porque ele gerenciava as repetições que você tinha que fazer por dia e quais assuntos você precisava revisar mais, com base no que você não lembrava. Então, você reforça o que ainda não está fixado e não foca tanto no que já está consolidado”, explica. Tassio ainda complementou o estudo com aulas gravadas e podcasts.
- Este artigo foi originalmente publicado pelo Na Prática, portal da Fundação Estudar