Como as empresas devem receber os trabalhadores afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul?
Psicóloga especializada traz orientações de atenção emocional às organizações que vivem o desafio de receber de volta funcionários que estão retomando a vida e o trabalho ao mesmo tempo.
Repórter na Exame Corporate Education
Publicado em 27 de junho de 2024 às 15h37.
Última atualização em 17 de julho de 2024 às 14h44.
Quase 2 meses após as enchentes que inundaram o Rio Grande do Sul, empresas começam a receber trabalhadores que estavam afastados por conta de danos físicos, psicológicos, materiais e emocionais.
A Gerdau, por exemplo, recebeu mensagens de funcionários que estavam em cima do telhado pedindo ajuda, realizou mais de 200 resgates de helicóptero, pagou aluguel de casas para colaboradores desabrigados e agora está acompanhando individualmente aqueles que estão retornando ao trabalho, mesmo que de forma remota.
“Nenhum dos nossos manuais de crise nos preparou para a dimensão do que aconteceu, mas as nossas políticas de bem-estar foram fundamentais para estruturar o nosso comitê de crise. Construímos esforços para primeiramente salvar vidas, depois acolher e agora estamos fazendo acompanhamento diário com mais de 400 colaboradores afetados com foco na saúde e bem-estar”, disse Shana Queiroz Business Partner de RH da Gerdau.
Com diversos clientes com operações no Rio Grande do Sul, a Exame Corporate Education convidou a psicóloga Daniele Nazari, especialista em saúde mental do trabalhador, para participar do encontro de conselheiros de educação do mês de junho e dividir o debate sobre gestão de crise.
Esse encontro bimestral é promovido para a rede de líderes de RH clientes de educação corporativa da Exame, com o objetivo de debater os temas mais relevantes para o setor no momento, com consultoria de especialistas e depoimentos de clientes, como o da Gerdau e do Grupo RBS.
"Estávamos muito conectados às necessidades do negócio assim como das pessoas. Agimos apoiando os colaboradores atingidos e aqueles estavam na linha de frente. Disponibilizamos apoio psicológico, além de suporte material e financeiro quando necessário. Também flexibilizamos muitos processos de gestão de pessoas, como adiantar o décimo terceiro e ajustar o formato da integração presencial. Tudo isso nos exigiu muita agilidade, adaptação, colaboração e empatia”, disse Rachel Malva - gerente de RH do Grupo RBS
Para contribuir com outras empresas que enfrentam o mesmo desafio, Daniele compartilhou orientações de atenção emocional em situações extremas, que impactam necessidades básicas como alimentação, água, frio, calor e perda de moradia.
Quais são os sintomas típicos de quem viveu uma situação extrema?
EMOCIONAIS: choque, medo, raiva, culpa, vergonha, desamparo
COGNITIVAS: confusão, desorientação, indecisão, dificuldade de concentração, perda de memória, lembranças indesejáveis.
INTERPESSOAIS: irritabilidade, isolamento, desconfiança, abandono, distanciamento e controle exagerado.
FÍSICAS: tensão, fadiga, insônia, náusea, perda apetite e coração acelerado
Como empresas devem tratar colaboradores impactados pelas enchentes no RS?
- Ajudar as pessoas a suprir suas necessidades básicas.
- Acolher eescutar as pessoas, sem pressioná-las a falar. Permita o silêncio.
- Proteger emocionalmente eter cuidado para não compartilhar informaçõesfalsas que causem mais sofrimento.
- Oferecer apoio psicológico e emocional.
- Oferecer apoio financeiro, incluindoalternativas como home office, antecipação de férias, banco de horas, entre outras.
- Estar disponível para conversar .
O que falar para acolher os trabalhadores em conversas difíceis?
- Eu lamento pelo que houve com a sua casa, estamos aqui juntos pensando numa saída para te ajudar.
- Eu não tenho essa informação, vou me informar sobre isso para você.
- Eu estou aqui para te fazer companhia. Você já comeu, quer algo?
- Super entendo você estar se sentindo assim, mas quero te dizer que você não está sozinho.
- Não estou passando pelo o que você está vivendo, mas você pode contar comigo.
“Precisamos entender que todos nós estamos sofrendo, é importante manter-se bem para não ser absorvido por tudo isso. Se precisar dê um passo para trás, feche os olhos, descanse, para recuperar sua energia e voltar a ajudar com todo gás”, orientou a psicóloga.
Como doar para o Rio Grande do Sul
PIX (CNPJ): 92.958.800/0001-38
Conta SOS Rio Grande do Sul
Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul)
Atenção: quando realizar a operação, confirme que o nome da conta que aparece é "SOS Rio Grande do Sul" e que o banco é o Banrisul.