As melhores (e piores) carreiras em marketing e vendas em 2017
Cresce procura por profissionais ligados à força comercial das empresas, diz estudo. Mas os perfis mais solicitados mudaram
Claudia Gasparini
Publicado em 27 de junho de 2017 às 06h00.
Última atualização em 27 de junho de 2017 às 06h00.
São Paulo — Profissionais de vendas e marketing são fundamentais tanto na crise quanto na calmaria. Ligados diretamente à geração de receita, eles têm o poder de acelerar o crescimento de um negócio — ou de impedir que ele afunde de vez.
Essa natureza estratégica, associada à expectativa de melhora na economia, faz com que o mercado de trabalho nas duas áreas mostre sinais de aquecimento no 2º semestre de 2017, aponta um recente relatório da consultoria de recrutamento HAYS.
Embora o cenário político continue turbulento e o processo de recuperação econômica ainda deva demorar, “as empresas perceberam que não dá para esperar mais tempo para contratar figuras essenciais para a retomada”, explica Caroline Cadorin, diretora da HAYS Experts.
“Os departamentos comerciais já precisam estar bem estruturados quando a economia se reerguer", diz ela. Por isso, os empregadores já começaram a sondar o mercado para planejar novas contratações: se não fizerem isso agora, vão ficar muito para trás quando a situação estiver mais favorável.
Não dá para dizer que haverá, já no próximo semestre, uma “explosão” de vagas em vendas e marketing — o novo mapeamento de talentos acaba de começar e o volume das contratações ainda é bem menor do que o registrado quatro ou cinco anos atrás.
Mesmo assim, o quadro começa a ganhar cores mais animadoras para os profissionais dessas áreas. Com um detalhe: o perfil buscado pelas empresas mudou.
Ao contrário dos momentos mais agudos da crise, quando as empresas reestruturaram seus quadros e priorizaram posições de base, agora cresce o interesse por profissionais de nível sênior, capazes de oferecer um olhar estratégico para o negócio.
Segundo Cadorin, a busca por cargos de gestão e diretoria representava 8% do total das buscas por profissionais, segundo pesquisa da HAYS de 2015. Já no levantamento referente a 2016, esse número subiu para 16%.
Em marketing, especificamente, a maior parte das oportunidades passa pelo universo da internet e das redes sociais. “Com a mudança do marketing analógico para o digital, praticamente todos os setores demandam profissionais com essa característica”, diz a diretora da HAYS Experts.
De forma geral, o perfil mais procurado em vendas também passou por transformações importantes. Com a crise, ganhou destaque o profissional consultivo, que não apenas tem conhecimentos técnicos sobre o produto, mas que também consegue agregar valor ao cliente mesmo antes de a compra ser efetuada.
“Os mais procurados são aqueles que conseguem construir relações duradouras e que facilmente percebem correlações entre as necessidades do cliente e as soluções da empresa”, diz Cadorin. “É preciso criar proximidade e posicionar-se como consultor para gerar fidelização”.
Inglês fluente, capacidade de adaptação, polivalência e agilidade continuam sendo competências importantes para o profissional de vendas ou de marketing em 2017. Segundo o relatório da HAYS, os profissionais mais valorizados neste ano serão aqueles com experiência em inteligência de mercado, marketing digital e vendas técnicas.
Perfis mais solicitados x perfis menos solicitados
O estudo da HAYS indica que os cargos em alta em 2017 no mercado de vendas e marketing são estes:
Perfis mais solicitados |
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Key account manager LATAM |
Gerente / engenheiro de vendas técnicas |
Gerente nacional de vendas |
Gerente de e-commerce |
Gerente de relações governamentais |
Gerente de trade marketing |
Um dos mais procurados do momento, o key account manager é valorizado por ser responsável por boa parte do faturamento da empresa, já que cuida dos seus clientes mais estratégicos. O escopo LATAM (América Latina) tem a ver com o fato de que as empresas têm criado posições de gerência menos locais e com alcance geográfico mais amplo do que no passado, dentro de uma estrutura mais enxuta.
Já o gerente ou engenheiro de vendas é essencial para a fidelização, pois trabalha como consultor para o cliente: é ele quem ensina o melhor uso do produto ou serviço para maximizar sua utilidade para quem o comprou. Ele também pode facilitar a prospecção de novos negócios ao descobrir que o consumidor tem outras “dores” que a empresa pode sanar.
Outro profissional em alta, o gerente nacional de vendas está sempre entre os mais procurados da área, em qualquer setor. “Dentro de uma estrutura comercial, ele é o maestro da orquestra, uma figura essencial para fazer uma gestão estratégica de pessoas e resultados”, diz Cadorin. “Se a empresa não tiver um bom profissional nessa posição, certamente vai ficar para trás”.
Também na lista dos cargos mais quentes, o gerente de e-commerce é valorizado graças à consolidação do comércio eletrônico como forma de alavancar os negócios na crise. O investimento ajuda a enxugar estruturas de logística e cortar custos necessários para manter lojas físicas.
O momento político e econômico vivido pelo Brasil, por sua vez, explica a importância do gerente de relações governamentais no contexto das vendas. “É uma figura fundamental para desenvolver relacionamento com órgãos reguladores, o que é essencial para o setor farmacêutico por exemplo, além de garantir a conformidade à legislação para o lançamento de novos produtos”, explica a diretora da HAYS Experts.
Já o gerente de trade marketing tem papel estratégico para tornar o produto mais atrativo para consumidor final, por meio de campanhas, parcerias com distribuidores e ações nos pontos de vendas. Segundo Cadorin, a posição está em alta porque garante o retorno dos esforços da área comercial.
Por outro lado, as posições em baixa na área são as seguintes:
Perfis menos solicitados |
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Gerente de merchandising |
Gerente de expansão |
De acordo com a diretora da HAYS Experts, o gerente de merchandising tem sido pouco demandado porque seu escopo de atuação se tornou restrito demais nos últimos anos. “Seu papel é olhar para o ponto de venda do varejo e cuidar do posicionamento dos produtos para alavancar vendas”, diz ela. “É um trabalho mais operacional, que acabou sendo englobado por outros cargos de atuação mais ampla”.
Já o gerente de expansão está em baixa por um motivo fácil de explicar: apesar da perspectiva de retomada, o momento para a maioria das empresas não é de crescimento, mas de retração. “As empresas não estão aumentando o número de lojas e nem expandindo equipes, elas querem consolidar aquilo que já têm”, diz Cadorin.