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A Cultura do Excesso Corporativo: Ela pode estar na sua empresa e você nem sabe; conheça os sinais

Ansiedade e burnout podem ser um dos resultados dessa cultura – veja como fugir dela

A cultura do excesso nas empresas tem suas raízes em diversos acontecimentos históricos, mudanças socioeconômicas, influências culturais e avanços tecnológicos (Charday Penn/Getty Images)

Publicado em 20 de junho de 2024 às 12h52.

Última atualização em 20 de junho de 2024 às 12h55.

A "cultura do excesso corporativo" pode estar na sua empresa e você não sabe. Caracterizada por padrões e crenças prejudiciais, essa cultura se manifesta por meio das seguintes dimensões: workaholic, consumismo exagerado, comunicação excessiva, competitividade exacerbada e processos burocráticos complexos.

É importante compreender que essa cultura prejudicial não surge do nada, afirma Joaquim Santini, pesquisador internacional de comportamento organizacional, que passou por faculdades como Harvard, Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, Unicamp e INSEAD (The Business School for the World – Europe).

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“Ela está muitas vezes enraizada em práticas gerenciais e organizacionais ultrapassados, que priorizam a produtividade a qualquer custo em detrimento do bem-estar dos funcionários e da sustentabilidade do planeta. Além disso, a pressão dos acionistas, a competição acirrada do mercado e a falta de liderança eficaz podem contribuir para o estabelecimento dessa cultura tóxica”.

O que esse tipo de cultura pode gerar nos funcionários?

A cultura do excesso apresenta diversos aspectos negativos, como o desequilíbrio entre vida pessoal e profissional, que pode levar a problemas de saúde mental, relacionamentos prejudicados e exaustão.

“Essa cultura pode aumentar o estresse, a ansiedade e a pressão constante para atender a expectativas irrealistas, criando um ambiente de trabalho tóxico, com competitividade exacerbada, falta de colaboração e relações interpessoais prejudicadas ”, diz Santini que estuda o tema há cinco anos. “A sobrecarga de trabalho e a falta de tempo para reflexão e planejamento podem diminuir a criatividade, a inovação e a eficiência, resultando em alta rotatividade de funcionários e perda de talentos e conhecimento organizacional.”

A dificuldade em estabelecer limites saudáveis entre o trabalho e a vida pessoal pode levar a um esgotamento físico e emocional, enquanto a tomada de decisões baseada em valores distorcidos prioriza o excesso em detrimento da sustentabilidade e do bem-estar a longo prazo.

“O desafio para as empresas é encontrar esse ponto de equilíbrio, onde a busca por resultados e crescimento é perseguida de forma saudável e sustentável, levando em consideração as necessidades e o bem-estar de todas as partes interessadas, como funcionários, clientes, acionistas e a sociedade como um todo. Isso requer uma liderança consciente, valores empresariais sólidos e uma visão de longo prazo”, diz o pesquisador.

Essa cultura sempre existiu?

A cultura do excesso nas empresas tem suas raízes em diversos acontecimentos históricos, mudanças socioeconômicas, influências culturais e avanços tecnológicos. Alguns dos principais fatores que contribuíram para o desenvolvimento e intensificação dessa cultura incluem:

As 5 dimensões que exemplificam essa cultura

O papel da liderança

Todas essas dimensões da cultura do excesso estão interligadas e se reforçam mutuamente e são fortemente influenciadas pela liderança. Para enfrentar esse desafio, é necessária uma abordagem integrada, que envolva a conscientização em todos os níveis da organização, a mudança de mentalidade dos líderes e a implementação de políticas e práticas que valorizem o bem-estar, a sustentabilidade e a colaboração, afirma Santini que trabalha desde 1993 com análise do comportamento humano no mercado de trabalho.

“Somente assim será possível construir uma cultura corporativa mais saudável, equilibrada e propícia ao sucesso duradouro.”

Em quais carreiras esse tipo de cultura é mais comum?

A cultura do excesso, segundo Santini, pode ser encontrada em qualquer setor ou profissão, dependendo do modelo de gestão da empresa e do comportamento de seus líderes.

Para evitar essa cultura, o pesquisador indica algumas estratégias que podem ajudar a minimizar a cultura do excesso:

Combatendo o workaholic:

Reduzindo o consumismo corporativo:

Controlando a comunicação excessiva:

Promovendo a cooperação em vez da competitividade exacerbada:

Simplificando os processos burocráticos:

“Vale ressaltar que a implementação dessas soluções requer um esforço contínuo e o comprometimento de toda a organização e o engajamento genuíno e efetivo de toda a liderança”, afirma Santini. “Cada estratégia deve ser adaptada ao contexto específico da empresa, levando em conta sua cultura, estrutura e necessidades únicas”.

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