6 táticas de influência para quem é (muito) tímido
Autora de “A Força dos Quietos” revela as estratégias bem sucedidas de influência usadas por pessoas introvertidas
Camila Pati
Publicado em 5 de abril de 2014 às 06h00.
São Paulo – Engana-se quem pensa que é preciso ser tagarela para influenciar pessoas. Acredite, não é em cima de um pedestal e gastando odo o seu “latim” que alguém vai convencer outra pessoa a fazer algo.
Vender ideias e engajar pessoas não acontece da noite para o dia. É um processo que vai muito além de uma voz forte e uma postura extrovertida. É o que defende Jenniffer Kahnweiller no livro “A Força dos Quietos” (Editora Gente).
Mas como é possível combinar silêncio e impacto em uma personalidade tímida? A autora indica seis “forças” estratégicas que ela percebeu no perfil dos chamados influenciadores silenciosos:
1O momento de silêncio
“Os introvertidos iniciam sua jornada exatamente onde pensam e recarregam melhor suas energias: em silêncio”, escreve Jenniffer.
Por quê? De acordo com ela, são momentos de reflexão que estimulam a criatividade , ampliam a compreensão do outro e ajudam a manter o foco no que realmente interessa.
Pesquisas já comprovaram que as melhores ideias emergem da solidão, segundo a autora. O silêncio, defende, é terreno fértil para a inovação.
No livro “O Poder dos Quietos”, Susan Cain (citada por Jenniffer) destaca um ponto em comum entre o naturalista Charles Darwin e Steve Wozniak, criador do primeiro PC: suas descobertas mais famosas tomaram forma em momentos de silêncio.
2Preparação
Ainda na quietude, os silenciosos “fazem o dever de casa”. Estudam, ampliam o seu conhecimento tendo base para fortalecer pontos de vista.
São especialistas, por excelência. E é assim que mostram seu valor e ganham a confiança de seus pares, diz a autora.
3Escuta atenta
Ouvir o que o outro tem a dizer pode ter efeitos de influência mais duradouros do que apostar em um monólogo.
A partir da observação atenta do discurso, é possível captar os sinais (sutis) que as pessoas emitem e ajustar a postura para ganhar o poder de influência.
Influenciar é o gesto de dar e receber. E é ouvindo o que a outra tem a dizer que é possível saber o que é importante para ela e, assim, identificar a moeda de troca (item essencial do processo de influência).
4Conversas Focadas
Depois de ouvir, é sua hora de falar. Encorajar, oferecer apoio, aprender e estimular o aprendizado do outro são algumas das táticas de conversa bem-sucedidas reunidas pela autora.
Jenniffer também destaca que influenciadores silenciosos conseguem, a partir dessas conversas, avançar na solução de problemas e no enfrentamento de conflitos.
5Escrita
Para muitos introvertidos, a escrita é uma válvula de escape poderosa. Influenciadores silenciosos, segundo a autora, usam esta habilidade a seu favor.
Para isso, lançam mão de algumas táticas: conhecer e adaptar o texto ao seu público alvo, coerência e coesão impecáveis e argumentos persuasivos.
6Plano de Mídias Sociais
As mídias sociais são aliados “de peso” e os influenciadores silenciosos sabem disso, segundo a autora.
Isso porque elas permitem que tímidos organizem seus pensamentos (ao seu ritmo) e decidam o que e onde compartilhar ideias e argumentos. É uma forma de se expor de maneira mais controlada.
“Também permitem que aqueles que hesitam em falar em público tenham a oportunidade de se comunicar e colaborar com centenas de pessoas e até milhares de pessoas ao redor do mundo”, escreve Jenniffer.
Pensando nisso, os sócios da SOAP, consultoria especializada no assunto, compartilharam com EXAME.com algumas das regras básicas para usar a linguagem corporal do jeito certo durante as apresentações. Confira:
Em uma apresentação, a plateia é a protagonista – não você, seus slides ou lousa. Por isso, seu foco deve estar em quem está do lado de lá do palco ou da mesa.
Na prática, isso significa que seus olhos devem estar fitos neles – e não na sua apresentação de slides ou outro recurso.
“Você não pode interromper por muito tempo a conexão com a audiência”, afirma Rogério Chequer, sócio da SOAP. “Sem conexão, não há empatia. Sem empatia, não há credibilidade”.
Apesar da multidão de notas na partitura, é o maestro quem determina em que ponto de toda harmonia cada músico deve se focar. Faça o mesmo.
Assuma a postura de maestro da atenção da plateia. Segundo os especialistas, este processo começa antes de sua chegada ao palco – para ser mais preciso, no momento em que você confecciona os slides que irão auxiliá-lo durante a apresentação.
“O conteúdo mais importante não é o que está no slide, mas sim o que você está falando. Então, mostre apenas imagens sobre o que você diz”, afirma Eduardo Adas, sócio da SOAP. “Se você mostrar tudo de uma vez, a audiência não vai saber para onde olhar”.
Braços cruzados, mão na cintura ou nos bolsos, pernas muito abertas e por aí vai. Posturas assim passam “mensagens subliminares para a audiência na direção de desleixo, falta de disciplina, organização ou profissionalismo”, afirma Chequer.
A melhor estratégia para evitar isso é apostar em posturas e gestos neutros. “O que você busca em termos gestuais deve sempre visar à neutralidade e à complementariedade”, afirma Adas.
Ou seja, a maneira como você usa as mãos ou desloca o seu corpo não pode interferir na história que está contando – antes, deve reforçá-la.
Manter as mãos ao lado do corpo, por exemplo, cumpre essa função. Fazer gestos abertos, por sua vez, mostra ausência de proteção e confiança. “A conexão com a audiência é mais forte se seu gesto é natural”, diz Chequer.
“Muita gente odeia que aponte o dedo para elas. Ao fazer isso, você quebra a empatia”, diz Chequer.
Quando o grupo é pequeno, contudo, muitas vezes não faz sentido ficar em pé. Aí, a dica é aguçar os sentidos para perceber qual postura é mais adequada para cada reunião.