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4 táticas para evitar (ou pelo menos adiar) a sua demissão

Em vez de ignorar o fantasma da demissão, é melhor agir com antecedência. Veja o que fazer para impedir, ou pelo menos atrasar, o seu desligamento da empresa

Executivo preocupado: em vez de ignorar o fantasma da demissão, é melhor agir com antecedência (BartekSzewczyk/Thinkstock)

Claudia Gasparini

Publicado em 4 de agosto de 2016 às 15h00.

São Paulo — Ser demitido nunca será fácil, mas você sofrerá muito mais se a notícia for completamente inesperada. Além de doloroso, o fator surpresa torna o golpe muito mais violento para a sua estabilidade financeira .

O problema é que a maioria das pessoas só se dá conta da iminência do seu desligamento quando já é tarde demais. “Muita gente ignora ou nega os indícios porque não quer sair da sua zona de conforto”, afirma Rafael Souto, CEO da consultoria Produtive. Ao ignorar o fantasma da demissão, porém, você só está desperdiçando tempo e oportunidades de reagir.

Os sinais costumam avançar de fora para dentro. Sua empresa está passando por dificuldades em meio à crise econômica e tem feito repetidas reestruturações e cortes de pessoal? Sinal amarelo, diz Souto. Quando as demissões chegam ao seu departamento e colegas próximos começam a ser dispensados, é preciso aguçar ainda mais os sentidos.

O comportamento do seu gestor também pode dar algumas pistas de que o círculo está se fechando sobre você. “Se você é o próximo da lista, o líder pode começar a tratá-lo de forma mais objetiva, menos carinhosa do que o habitual, porque não quer parecer falso diante de alguém que em breve será demitido”, explica Yuri Trafane, sócio da Ynner Treinamentos.

Cuidado: estar atento aos indícios de uma demissão não significa acreditar em todas as previsões catastrofistas dos seus colegas de trabalho ou sucumbir à melancolia coletiva que costuma contaminar ambientes em crise.

O importante é ser capaz de se antecipar aos acontecimentos e traçar um plano. Na melhor das hipóteses, você poderá evitar o seu desligamento. Na pior, você ao menos ganhará tempo para se organizar financeiramente e adiantar a sua busca por um novo emprego.

Mas como executar essa façanha? Souto e Trafane dão os seguintes conselhos:

1. Chame seu gestor para uma conversa franca

Discutir abertamente as suas suspeitas com o seu chefe é arriscado, mas em certos casos pode evitar o pior. “Peça um feedback para saber se há algum problema no seu comportamento que você pode reverter e, assim, impedir o seu desligamento”, diz Trafane. No mínimo, você passará o recado de que está comprometido e preocupado em melhorar.

Tudo depende, claro, do nível de intimidade que você tem com o seu líder. Se houver confiança entre vocês, e ele admitir que você será o próximo da lista, a conversa pode evoluir para um acordo. “Você pode negociar o prazo para a demissão ou os seus horários de trabalho para ter tempo de fazer entrevistas de emprego , por exemplo”, explica Souto.

2. Pareça ser o que você é

Quer você queira, quer não, vivemos em um mundo de aparências. Não significa que você terá sucesso sendo uma bela embalagem vazia — mas que as suas competências não se sustentam sem alguma dose de marketing pessoal.

“Se o seu emprego está ameaçado, mostre que eles precisam de você”, aconselha Trafane. Não basta trabalhar mais: é preciso divulgar os resultados que você gerou, seja em relatórios e e-mails, seja em conversas ou reuniões. Um profissional competente e produtivo também deve parecer excelente.

3. Posicione-se como parceiro do negócio

Você corre o risco de ser demitido porque as finanças da empresa vão mal? Uma saída é se diferenciar pelo otimismo. Isso porque os pessimistas e queixosos costumam os primeiros na lista de dispensas de uma companhia em crise.

Para Souto, as empresas tendem a manter os funcionários mais colaborativos e positivos do grupo, isto é, aqueles que agem como se também fossem donos do negócio. Ainda que isso não impeça a sua demissão, é possível que você caminhe para o final da “fila” de desligamentos e, assim, ganhe algum tempo para planejar os seus próximos passos.

4. Tente descobrir se você pode ser transferido

Outra tática para atrasar o seu desligamento da empresa é investigar se o seu trabalho pode ser aproveitado em outra área da empresa, que esteja a salvo dos cortes. Assim, mesmo que você seja dispensado do seu departamento original, ainda manterá o seu emprego.

Essa solução costuma dar certo para quem investe em networking interno. “É importante que você seja uma pessoa bem relacionada na empresa como um todo, para saber quais áreas precisam de gente”, explica Souto. Em alguns casos, também ajuda estar atento aos canais de divulgação de vagas da companhia na internet ou em redes sociais como o LinkedIn.

São Paulo - O mercado de trabalho vai mal como um todo no Brasil, mas algumas áreas de atuação têm sido mais prejudicadas pela crise do que outras. Um levantamento feito pela Catho a partir de dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) revela os 10 setores que mais cortaram vagas de emprego até agora. O setor de construção civil foi o que mais demitiu em 2014 e 2015, com mais de 435 mil postos de trabalho extintos nos últimos dois anos. A drástica queda nos investimentos em infraestrutura é o que explica a retração do emprego na área, explica Luís Testa, diretor de marketing e parcerias da Catho. O encolhimento do mercado também é consequência da explosão de casos de corrupção envolvendo empreiteiras nos últimos dois anos. "Em 2016, a situação deve se complicar ainda mais para essas empresas", diz Testa. "Por isso, é provável que o mercado de trabalho em construção civil continue a sofrer baixas ao longo deste ano". O varejo também aparece entre as áreas que mais extinguiram postos de trabalho até agora. Os cortes são um reflexo esperado da queda geral do consumo, evidenciada pelas vendas fracas do último Natal. Segundo Testa, o comportamento retraído do consumidor brasileiro tem levado muitas lojas a reduzir ou até encerrar suas operações, com consequências inevitáveis para o emprego. A seguir, você verá os 10 setores de atuação mais afetados pela crise até agora. Clique nas imagens para acessar a lista.
  • 2. 1. Construção civil

    2 /12(Thinkstock/potowizard)

  • ÁreaConstrução civil
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)3.174.170
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)3.609.438
    Saldo acumulado-435.268
  • 3. 2. Comércio varejista de mercadorias em geral

    3 /12(thinkstock)

  • ÁreaComércio varejista
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)7.456.284
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)7.531.270
    Saldo acumulado-74.986
  • 4. 3. Confecção de peças do vestuário (exceto roupas íntimas)

    4 /12(Thinkstock/JaysonPhotography)

    ÁreaConfecção de peças do vestuário
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)452.505
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)512.469
    Saldo acumulado-59.964
  • 5. 4. Serviços de engenharia

    5 /12(Thinkstock/lagereek)

    ÁreaServiços de engenharia
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)264.840
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)311.153
    Saldo acumulado-46.313
  • 6. 5. Comércio a varejo e por atacado de veículos automotores

    6 /12(Thinkstock/welcomia)

    ÁreaComércio de veículos automotores
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)205.777
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)242.533
    Saldo acumulado-36.756
  • 7. 6. Incorporação de empreendimentos imobiliários

    7 /12(Thinkstock/BrianAJackson)

    ÁreaEmpreendimentos imobiliários
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)269.507
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)304.968
    Saldo acumulado-35.461
  • 8. 7. Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores

    8 /12(Thinkstock/AntonMatveev)

    ÁreaFabricação de peças para veículos
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)64.405
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)109.995
    Saldo acumulado-45.590
  • 9. 8. Montagem de instalações industriais e de estruturas metálicas

    9 /12(Thinkstock/bugphai)

    ÁreaMontagem de instalações industriais
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)262.528
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)307.244
    Saldo acumulado-44.716
  • 10. 9. Fabricação de açúcar em bruto

    10 /12(Thinkstock/)

    ÁreaFabricação de açúcar em bruto
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)243.164
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)290.456
    Saldo acumulado-47.292
  • 11. 10. Agricultura

    11 /12(Thinkstock/ fotokostic)

    ÁreaAgricultura
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)2.070.209
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)2.097.571
    Saldo acumulado-27.362
  • 12. Veja agora os profissionais mais bem pagos no Brasil em 2016

    12 /12(Thinkstock)

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