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4 razões por que você merece estar na lista de demitidos

Confira alguns dos principais critérios que colocam qualquer um no topo da lista de demissões, segundo os especialistas

Demitido: quem sobrevive e quem é cortado em uma reestruração (Thinkstock)

Camila Pati

Publicado em 7 de junho de 2016 às 16h09.

São Paulo – A palavra reestruturação está causando arrepios nos profissionais brasileiros. Sintoma cruel da crise , do ponto de vista de muitas pessoas que perderam seus empregos, a revisão das estruturas hierárquicas, quando feita de forma inteligente, não tem o salário ou o volume de pessoas como critérios exclusivos, segundo Josué Bressane Jr, sócio-diretor da FALCONI Gente.

Atitude e critérios objetivos de medição de resultados falam mais alto em reestruturações inteligentes, segundo ele. “Às vezes, olha-se para os altos salários e cortam-se pessoas que podem trazer valor enorme para a empresa”, diz Bressane.

Na sua próxima entrevista de emprego , antes de usar o seu salário como justificativa para ter sido demitido, lembre-se bem de que a definição de quem fica e quem sai tem muito mais a ver com a análise do comportamento em momentos de crise (e de bonança) do que com o número de zeros no holerite.

Confira alguns dos principais critérios que colocam qualquer um no topo da lista de demissões, segundo os especialistas consultados.

1. Falta de relevância

A relevância é um fator chave da análise para uma reestruturação, segundo Rafael Souto, presidente da Produtive. “Quanto menor a relevância do trabalho de uma pessoa para a empresa, mais inseguro o seu emprego fica”, diz. Se as suas entregas não fazem lá muita diferença para o resultado final da empresa, a chance de você sair na próxima revisão da estrutura é alta.

Por outro lado, se a sua atuação tem grande impacto no resultado e você é visto como um talento dentro da organização, é muito provável que seu nome não seja cogitado para corte, e, sim, para uma promoção. “Não se pode esquecer que se trata de um ambiente em que resultado é fundamental”, diz Bressane.

2. Ausência de visão de “dono do negócio”

A luz vermelha está acesa para a falta de dedicação e comprometimento. Reestruturações inteligentes costumam poupar aqueles funcionários que se apropriam do negócio como se fossem os donos da empresa. “Ficam aqueles que demonstram essa visão de dono, fazendo mais com menos”, diz o diretor da FALCONI Gente.

A pior posição para se estar agora é acomodado, restrito às tarefas básicas da sua área, e fora de sintonia com o momento difícil da economia.

Na prática, dizem os especialistas, tem mais chance de, não só sobreviver à crise como também crescer na carreira, quem se apropriar das preocupações dos executivos e acionistas da empresa e demonstrar disposição para resolver os problemas, mesmo em meio a equipes  enxutas. “Propostas de soluções são música para os ouvidos dos líderes neste momento”, diz Souto.

3. Agenda negativa

Se a solução de problemas é música, reclamação é ruído incômodo. Colocar a lente de aumento no que não vai bem e fazer questão de deixar explícita a sua insatisfação com a equipe que ficou menor, com o trabalho que ficou maior ou com o clima que pesou, é dar destaque ao seu nome na lista de cortes.

É inegável que, neste cenário pesado, se destacam as pessoas que mudam o foco para o o que pode ser feito com o objetivo de virar o jogo em terreno de escassez de recursos. É o que Rafael Souto, da Produtive, chama de criar uma agenda positiva e comunicar isso a pares, subordinados e chefes. “ A atitude adequada para quem quer crescer na carreira em momentos de crise é buscar alternativas de redução de custo, de captação de novos clientes, por exemplo”, diz.

A comunicação desta agenda não se trata de mero marketing pessoal. “É algo que vai além e gera uma espiral positiva para o grupo. Otimismo aliado a resultado impulsiona a carreira na crise”, diz Souto.

4. Indisponibilidade para assumir mais funções e desafios

A diferença é clara. Há quem enxergue a redução dos quadros de funcionários - e o consequente acúmulo de funções - como um grande pesadelo e há outros que, no entanto, entendem essa situação como uma ótima oportunidade de crescimento.

Quem se encaixa no primeiro grupo está, principalmente agora, mais vulnerável se houver uma reestruturação, por mais cruel que isso possa soar. São preteridos em uma demissão aqueles que demonstram a disposição em encarar novas funções e desenvolver novas habilidades.

Segundo Bressane, aqueles profissionais que, para entregar resultados, precisam de equipes grandes e se mostram incapazes de fazer mais com menos são os mais indicados para serem cortados, em momentos de revisão da estrutura da empresa.

No entanto, não adianta estar aberto a mudanças, mas não contar isso a ninguém. “Muitas pessoas fazem pouco para mostrar que querem desafios”, diz Souto. A melhor maneira, indica o especialista, é verificar você mesmo quais as oportunidades de começar novos projetos na sua área ou em outra da empresa.

“Pedir para fazer menos é a estratégia contrária para quem quer crescer”, diz Souto. Existe uma missão difícil que ninguém que assumir na empresa? Coloque-se à disposição, expanda a sua área foco. Leia tendências e teste novos espaços dentro da empresa.

É uma maneira de ganhar a tal da relevância, ponto crucial da análise em uma reestruturação. E se a empresa não valorizar essa atitude, o mercado irá, garante Souto. Bressane concorda. “ Passada a crise, esse profissional terá ganho mais uma experiência”.

São Paulo - O mercado de trabalho vai mal como um todo no Brasil, mas algumas áreas de atuação têm sido mais prejudicadas pela crise do que outras. Um levantamento feito pela Catho a partir de dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) revela os 10 setores que mais cortaram vagas de emprego até agora. O setor de construção civil foi o que mais demitiu em 2014 e 2015, com mais de 435 mil postos de trabalho extintos nos últimos dois anos. A drástica queda nos investimentos em infraestrutura é o que explica a retração do emprego na área, explica Luís Testa, diretor de marketing e parcerias da Catho. O encolhimento do mercado também é consequência da explosão de casos de corrupção envolvendo empreiteiras nos últimos dois anos. "Em 2016, a situação deve se complicar ainda mais para essas empresas", diz Testa. "Por isso, é provável que o mercado de trabalho em construção civil continue a sofrer baixas ao longo deste ano". O varejo também aparece entre as áreas que mais extinguiram postos de trabalho até agora. Os cortes são um reflexo esperado da queda geral do consumo, evidenciada pelas vendas fracas do último Natal. Segundo Testa, o comportamento retraído do consumidor brasileiro tem levado muitas lojas a reduzir ou até encerrar suas operações, com consequências inevitáveis para o emprego. A seguir, você verá os 10 setores de atuação mais afetados pela crise até agora. Clique nas imagens para acessar a lista.
  • 2. 1. Construção civil

    2 /12(Thinkstock/potowizard)

  • Veja também

    ÁreaConstrução civil
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)3.174.170
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)3.609.438
    Saldo acumulado-435.268
  • 3. 2. Comércio varejista de mercadorias em geral

    3 /12(thinkstock)

  • ÁreaComércio varejista
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)7.456.284
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)7.531.270
    Saldo acumulado-74.986
  • 4. 3. Confecção de peças do vestuário (exceto roupas íntimas)

    4 /12(Thinkstock/JaysonPhotography)

    ÁreaConfecção de peças do vestuário
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)452.505
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)512.469
    Saldo acumulado-59.964
  • 5. 4. Serviços de engenharia

    5 /12(Thinkstock/lagereek)

    ÁreaServiços de engenharia
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)264.840
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)311.153
    Saldo acumulado-46.313
  • 6. 5. Comércio a varejo e por atacado de veículos automotores

    6 /12(Thinkstock/welcomia)

    ÁreaComércio de veículos automotores
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)205.777
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)242.533
    Saldo acumulado-36.756
  • 7. 6. Incorporação de empreendimentos imobiliários

    7 /12(Thinkstock/BrianAJackson)

    ÁreaEmpreendimentos imobiliários
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)269.507
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)304.968
    Saldo acumulado-35.461
  • 8. 7. Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores

    8 /12(Thinkstock/AntonMatveev)

    ÁreaFabricação de peças para veículos
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)64.405
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)109.995
    Saldo acumulado-45.590
  • 9. 8. Montagem de instalações industriais e de estruturas metálicas

    9 /12(Thinkstock/bugphai)

    ÁreaMontagem de instalações industriais
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)262.528
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)307.244
    Saldo acumulado-44.716
  • 10. 9. Fabricação de açúcar em bruto

    10 /12(Thinkstock/)

    ÁreaFabricação de açúcar em bruto
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)243.164
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)290.456
    Saldo acumulado-47.292
  • 11. 10. Agricultura

    11 /12(Thinkstock/ fotokostic)

    ÁreaAgricultura
    Total de contratados nos últimos dois anos (2014/2015)2.070.209
    Total de demitidos nos últimos dois anos (2014/ 2015)2.097.571
    Saldo acumulado-27.362
  • 12. Veja agora os profissionais mais bem pagos no Brasil em 2016

    12 /12(Thinkstock)

  • Acompanhe tudo sobre:AtitudeCrises em empresasDemissõesDesempregogestao-de-negociosReestruturação

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