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Rumo à COP28: um poderoso apelo dos ministros de Agricultura das Américas 

Diretor-Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) fala sobre o papel das Américas no cenário mundial  

"Mais de 30 ministros de agricultura de países das Américas convocados pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) se reuniram na Costa Rica para consolidar uma parceria continental" (andreswd/Getty Images)

"Mais de 30 ministros de agricultura de países das Américas convocados pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) se reuniram na Costa Rica para consolidar uma parceria continental" (andreswd/Getty Images)

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Publicado em 22 de novembro de 2023 às 15h06.

Última atualização em 22 de novembro de 2023 às 15h21.

Por Manuel Otero*

Pandemia, contração econômica, aceleração da inflação, eventos climáticos extremos e crise bélica no Leste Europeu. Sem considerar o novo cenário de horror gerado no Oriente Médio na lista de choques para a economia global, o número de pessoas que sofrem de insegurança alimentar grave no mundo aumentou em mais de 200 milhões entre 2019 e em 2021.

Nesse contexto, mais de 30 ministros de agricultura de países das Américas convocados pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) se reuniram na Costa Rica para consolidar uma parceria continental para a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável, que permita aproveitar oportunidades, mitigar ameaças, reduzir riscos e oferecer soluções.

A parceria parte da visão de que as Américas, como maior produtor e exportador mundial de alimentos, têm um papel central na superação dos obstáculos impostos pela conjuntura e na geração das respostas. O setor agropecuário quer reforçar sua liderança, aprofundar o salto tecnológico apoiado na ciência e inovação e está pronto para continuar alimentando a região e o mundo em harmonia com a natureza. 

Esses dois entendimentos básicos sintetizam o consenso alcançado na Costa Rica entre países diversos e heterogêneos, alguns com preocupações crescentes sobre seus níveis de insegurança alimentar, e outros com enormes excedentes exportáveis que desempenham um papel crucial para que o mundo possa dispor de alimentos saudáveis, inócuos e nutritivos.

Resoluções para o setor agropecuário nas Américas

Nas resoluções aprovadas pelos ministros e nos foros de discussão, houve outro grande consenso, que indicou que a urgência e a natureza dos desafios enfrentados pela agricultura tornam necessário passar à ação com base em quatro princípios: 

  1. Os sistemas agroalimentares devem ser fortalecidos, mas não são malsucedidos; 
  2. A agricultura, por sua importância econômica e capacidade de mitigação, é parte da solução dos desafios atuais; 
  3. A ciência e a tecnologia devem guiar as transformações; 
  4. Os agricultores são atores centrais, uma vez que ninguém pode fazer uma gestão mais sustentável dos recursos naturais e produtivos.

Outra importante decisão da Conferência Ministerial foi o pedido dos governos dos países das Américas ao IICA pelo apoio do organismo à ação coletiva e à adoção de posições comuns frente à crise ambiental e, ao mesmo tempo, para contribuir para que o setor agropecuário tenha acesso ao financiamento climático.

Uma das tarefas executadas pelo IICA nos últimos anos foi a promoção da análise e do debate sobre a necessidade de estabelecer uma relação sinérgica entre a agricultura e a mudança do clima, tarefa que teve um marco na COP27 (Egito) com a instalação, pela primeira vez, de um pavilhão chamado Casa da Agricultura Sustentável das Américas. 

O que esperar da COP28 e o futuro do setor agropecuário

Com apoio dos países e parceiros do setor privado, o pavilhão será instalado agora na COP28, em Dubai, gerando um cenário privilegiado para que autoridades públicas e produtores mostrem os avanços para uma maior sustentabilidade, para a promoção de uma agricultura regenerativa, que aplica o enfoque de Uma Só Saúde, que inclui os solos, por uma região decisiva para a segurança alimentar e a conservação ambiental.

Apesar de sua responsabilidade marginal na emissão de gases de efeito estufa, enfatizamos que o setor agropecuário nunca mais pode ficar de fora dos âmbitos de negociação climática.

Na região existe um grande consenso sobre a importância de atuar coordenadamente para reduzir os níveis de insegurança alimentar e simultaneamente enfrentar a crise climática.

A bioeconomia emerge como ponte entre produção e ambiente, construindo oportunidades para transformar a biomassa do nosso continente em novas cadeias de valor e mudar o perfil do setor agrário, tradicionalmente visto como um fornecedor de matérias-primas, para transformá-lo em um complexo agroindustrial altamente diversificado.

A convocação ministerial se constituiu assim em um potente chamado à ação para ir além do diagnóstico e continuar transformando a agricultura, vital para o desenvolvimento sustentável e que, por isso, deve ser cada vez mais resiliente, competitiva e inclusiva.

*Manuel Otero é diretor-Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

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