João Kepler: Não invista em um negócio pelo lucro; invista pelo equity
Em vez de usufruir do resultado do seu negócio no presente, o investidor deve reinvestir e pensar no longo prazo
Da Redação
Publicado em 4 de maio de 2021 às 10h15.
Última atualização em 4 de maio de 2021 às 17h55.
O poder do equity está totalmente atrelado à “riqueza invisível” que existe nos negócios e na nova nconomia. A questão é que poucos ainda conseguem entender e aplicar. Afinal, não é simples desenvolver uma visão de longo prazo e aproveitar melhor as oportunidades desse novo mercado.
Nem sempre os empresários refletem sobre isso. Quando vão abrir um negócio, pensam no curto prazo: em margem, ganhos, lucros, pró-labore e distribuição aos sócios.
Sem nenhuma estratégia de equity para o futuro!
Mudar a atual mentalidade, ou até mesmo definir uma a partir de agora, significa que você passará a adotar uma ordem mental (crenças dominantes, maneira de pensar, hábitos, disciplina, ética e transparência) que caracterizam uma coletividade, uma classe de pessoas que compartilham dos mesmos interesses e foco e acabam, por vezes, adotando uma mesma postura.
Isso porque essas pessoas admiráveis aprenderam a pensar no longo prazo e a reinvestir tudo que ganham como uma estratégia de equity.
Para exemplificar o que estou falando:
Imagine um fabricante de picolés, seu José Antônio, que fazia em casa o suco de limão, colocava na forma e congelava na sua geladeira. Levava todos os dias para vender 50 picolés embalados em um saquinho transparente no seu isopor branco e vendia a R$ 1,00 cada na esquina perto de uma escola.
Ao vender tudo no dia, ele fazia R$ 50,00 no total e gastava em torno de R$ 15,00 para produzir. Sobravam por dia R$ 35,00, que usava para sustentar sua família.
Pois bem, seu José Antônio um dia começou a ouvir sugestões sobre novos sabores e foi melhorando a qualidade do suco, passou a usar outras frutas, adicionando leite e leite condensado, e aumentou o valor para R$ 2,00.
Com ajuda dos clientes, colocou o nome “Seu Zé” no picolé. Começou a reinvestir o lucro e, logo em seguida, já embalou o picolé com sua marca e, na sequência, comprou um carrinho simples.
Em dois anos, ele já tinha dez carrinhos com sua marca e uma cozinha adaptada. E com o passar dos anos e o lucro aumentando, passou a ter uma frota de cem carrinhos, até que uma marca de sorvete comprou a marca “Seu Zé” por um valor significativo muito maior que ele jamais imaginou ganhar vendendo picolés.
Fazendo uma breve reflexão com essa singela história, imagine se ele tivesse ficado travado na mentalidade do ganho imediato, vendendo picolé de limão e ganhando os R$ 35,00 por dia?
Verdade que trocar uma recompensa imediata por algo provável e no longo prazo normalmente vai contra a natureza humana. E esse é o desafio para os investidores que desejam mudar seus hábitos e resultados.
Essa é a mentalidade do equity: em vez de usufruir de todo o resultado do seu negócio naquele momento, você passa a reinvestir e pensar no longo prazo no mesmo negócio.
Na pegada do investimento, existe uma lógica para se investir em negócios no longo prazo e exigir que os fundadores das empresas tenham mentalidade de equity para aumentar o valor percebido pelo mercado, o valuation.
Aprender a investir em negócios requer mais do que simplesmente ter o dinheiro para colocar onde você acredita que obterá melhores dividendos.
Para investir em um negócio eu utilizo a seguinte lógica:
- Não entro em negócios para ser sócio
- Não entro em negócios para ter lucro
- Não entro em negócios para ter dividendos
- Não entro em negócios para ficar pra sempre
- Não entro em negócios para fazer gestão
- Não entro em negócios para dar ordem
Entro pelo valor atual e futuro de um negócio, entro pelo EQUITY!
Para se tornar investidor e fazer parte, de maneira ativa, do ecossistema empreendedor, é preciso, antes de tudo, preparação e conhecimento sobre equity.
Recomendo fortemente que você invista seu tempo neste aprendizado.
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