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Cultura, entretenimento e o “figital” na realidade pós-pandemia

Os agentes da cultura e de eventos precisam lidar com o fato de que o comportamento de seu público já não é mais o mesmo

Musehum: avanço do virtual não substitui a necessidade da experiência concreta (Bússola/Divulgação)
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Bússola

Publicado em 20 de agosto de 2021 às 09h00.

Última atualização em 20 de agosto de 2021 às 14h33.

Por Suzana Santos*

Quais serão os efeitos da pandemia na nossa forma de consumir cultura e entretenimento? Como será a experiência dos centros culturais, museus,  espetáculos, eventos esportivos e festivais daqui para diante? A pandemia de covid-19 acelerou exponencialmente a adesão à tecnologia digital por parte das empresas e das pessoas.

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A transformação que estava em curso deu um salto gigante e antecipou em muitos anos movimentos de adoção das experiências digitais na produção e no consumo de bens e serviços. É natural que o setor de cultura e eventos, que resistiu totalmente on-line em meses pandêmicos, também acelere de forma exponencial o uso da tecnologia no pós-pandemia.

Os agentes da cultura e de eventos precisam lidar com o fato de que o comportamento de seu público já não é mais o mesmo. É preciso reinventar e inovar para se adaptar às novas necessidades e desejos que foram colocados para jogo, criando experiências de interação e sensibilização do público.

Diante disso, o ambiente que se configura para o retorno aos eventos físicos culturais será o que vem sendo designado como “figital” no mercado de consumo, que traduz a convergência do meio físico com o digital. Um conjunto de canais on-line e off-line para o cliente consumir produtos e serviços como quiser e com a melhor experiência.

A expansão digital abriu novas possibilidades para a cultura e eventos, redefiniu a interação com a audiência e ampliou alcance e impacto, possibilitando chegar onde não se chegava antes. Por outro lado, os encontros presenciais, olho no olho, foram muito mais valorizados com o distanciamento social, pois vimos que o avanço do virtual não suprime a necessidade da experiência concreta e física.

No mundo da cultura e eventos, o uso da tecnologia digital para amplificar as experiências físicas no consumo de expressões artísticas já estava sendo concretizada e já era tendência de consumo como mostrou a pesquisa “Narrativas para o Futuro dos Museus”, realizada pelo Oi Futuro, sobre as expectativas do público brasileiro de centros culturais e museus.

Certamente a pandemia precipitou o processo de transformação e comprimiu o tempo de gestação de novas estratégias com uso de tecnologias como inteligência artificial, projeção mapeada, realidade virtual e aumentada no campo da cultura e de eventos. A realidade pós-pandemia e a chegada do 5G, acelerando a conexão dos objetos inteligentes, farão com que essas narrativas imersivas híbridas se tornem cada vez mais presentes e populares.

O uso das tecnologias vai explodir como vimos no mercado de consumo de varejo. Exemplos que confirmam a possibilidade de popularização são representados pelo Mori Digital em Tóquio, pela experiência Nave do Rock in Rio de 2019 no Brasil e pelo campeonato de baseball na Coréia do Sul também em 2019.

Temos um exemplo concreto também no Centro Cultural Oi Futuro que, sem pandemia, recebia em média cem mil pessoas por ano. Reabrimos em janeiro de 2020 no Oi Futuro o Musehum (Museu das Comunicações e Humanidades) totalmente modernizado, com sete instalações que promovem vivência híbrida presencial com ferramentas tecnológicas para experiências imersivas que capturam a atenção de todos os tipos de audiências, oferecendo novas camadas de conhecimentos e sensações.

Neste caso, a pandemia atrasou a tendência porque tivemos que fechar em março por questão de segurança sanitária. Mas pudemos reabrir em novembro, conforme liberação das autoridades com os protocolos de segurança e vimos crescer a demanda pelas novas experiências físicas integradas com tecnologias digitais.

Em janeiro de 2021, abrimos o ano de celebração de 20 anos do Oi Futuro com o desafio de pensar e executar nossa curadoria 100% híbrida para todos os nossos projetos. Esta já é nossa realidade “figital”.

Mas não podemos esquecer do mais importante: as pessoas. Devemos ter em mente que o uso da tecnologia, por si só, não tem valor algum se não estiver enraizado em um olhar humano para o humano, de escuta ativa e de acolhimento das pessoas, com sua diversidade de formas de ser e de ver o mundo. E sempre com inclusão.

*Suzana Santos é presidente do Instituto Oi Futuro

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