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Como prevenir o absurdo?

Continuamos a testemunhar casos em que a estupidez se manifesta para bases de seguidores assustadoramente grandes, mesmo contra dados concretos. Confira a coluna Gestão Sustentável desta semana

 (simon2579/Getty Images)

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Danilo Maeda
Danilo Maeda

Head da Beon - Colunista Bússola

Publicado em 26 de setembro de 2024 às 10h00.

Nos dias atuais, qualquer pessoa razoável deveria reconhecer que precisamos de mais mulheres nas posições de liderança, sendo responsáveis por decisões políticas, econômicas, sociais e em todas as áreas da vida. Não só por equidade e reparação de injustiças históricas, mas também por pragmatismo – afinal, diversos estudos indicam que organizações com mais mulheres líderes apresentam melhor desempenho.

Contudo, continuamos a testemunhar casos em que a estupidez se manifesta para bases de seguidores assustadoramente grandes, mesmo contra dados concretos, contra o bom senso e contra qualquer noção de civilidade. 

Faço coro à condenação de casos como o mais recente, que precisa e merece ser responsabilizado em todas as esferas possíveis, inclusive na comercial. Ao mesmo tempo é frustrante perceber que fatia relevante da sociedade (inclusive entre pessoas supostamente bem educadas) aplaude tais posicionamentos.

Ao conversar com mulheres líderes, ouvi relatos de cansaço em relação à hipocrisia de organizações que só agem para repudiar violências quando essas tornam-se absurdas ou ganham grande repercussão, ignorando indicações prévias de uma visão de mundo baseada na opressão e desigualdade. Nesse sentido, as condenações públicas tornam-se apenas mentiras convenientes para limpar a barra de quem no fundo pensa igual ao ator alvo do cancelamento.

É de fato cansativo e difícil, mas essa dinâmica deveria ser combustível para falarmos mais e melhor sobre as pautas que importam. Se os hipócritas mentem cada vez melhor, nossa capacidade crítica também tem que melhorar para separar o joio do trigo e agir antes do absurdo. 

Os sinais estão aí para quem quiser ler 

Um absurdo inaceitável dificilmente vem sem tentativas anteriores de testar o limite do aceitável. E é nesta fase aparentemente inofensiva (ou só um pouco menos ofensiva, no caso) que deveríamos já deixar de ceder espaço e relevância a atores que trabalham contra o desenvolvimento.

Particularmente, creio em Deus e que Ele pode nos livrar de muita coisa. Mas não é por isso que deveria me eximir da responsabilidade (por conta própria, no caso) de me livrar daqueles que acreditam haver pessoas superiores aos demais, me livrar de quem confunde ambição com ganância, me livrar da lógica que maximiza retornos imediatos às custas de prejuízos futuros, me livrar de quem acha que mulheres não podem liderar o mundo, me livrar de quem acha que não tem mais o que aprender, me livrar de quem nega a emergência climática, me livrar de quem negligencia os direitos humanos.

Oramos para que Deus nos livre do mal e Ele responde que já nos deu as ferramentas para isso, na forma de inteligência, bom senso, respeito e educação. É tudo tão básico que parece errado terminar um texto assim. Mas se o diabo mora nos detalhes é no obscuro do descuido com valores fundamentais que são gerados os absurdos que nos chocam.

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