Bia Granja: “A Desinfluência dos influenciadores”
Maior especialista em influência digital no país analisa como a responsabilidade e o papel social dos influenciadores ganharam visibilidade e importância com a pandemia
André Martins
Publicado em 26 de janeiro de 2021 às 15h16.
Nas últimas semanas, o ecossistema de influência, através de grupos de Zap e redes sociais, tem discutido muito um assunto só: a desinfluência dos influenciadores.
Você pode achar estranho uma pessoa como eu, que trabalha com influência há 15 anos, vir falar justamente sobre desinfluência mas, talvez, essa seja uma das discussões mais importantes pra esse mercado em muito tempo.
Essa pauta emergiu nos primeiros momentos do isolamento social lá em 2020 (nossa, parece tão longe, né?). Do New York Times à coluna de fofoca do Leo Dias, só se falou do desmoronamento da "Cultura da Celebridade", pessoas com vidas distantes e aspiracionais que perderam totalmente o sentido em meio ao choque da realidade e desigualdade que a pandemia esfregou na nossa cara.
No sentido inverso, novas caras, arrobas e pessoas surgiram e começaram a ganhar relevância justamente por trazerem conteúdo da vida real com um olhar empático e esclarecedor para as coisas que aconteciam no mundo.
A primeira grande "personalidade" cancelada a partir desse novo contexto, como todos lembram, foi Gabriela Pugliesi (que teve que fazer até um "circuit break" em sua conta do Instagram para tentar frear a debandada de seguidores).
Essas duas coisas juntas deram o pontapé inicial para movimentos como o #RessignificandoaInfluência e #InfluênciaDeResponsa, que provocaram o mercado a fazer uma avaliação profunda sobre as bases de sustentação do seu negócio: influencers repensando seu papel dentro das conversas importantes do mundo e marcas refletindo melhor sobre seus investimentos de #publi.
No final do ano passado, após a equivocada festinha do "influencer" Carlinhos Maia, surgiu uma tal de " Planilha da Desinfluência ", criada com o intuito de ser um grande banco de dados de cagadas de influenciadores pras marcas saberem em quem não investir.
A planilha foi deletada, mas o movimento pegou forte. Tanto do lado das marcas, que estão mais conscientes em relação aos seus investimentos e sendo cobradas por isso, quanto do lado dos influenciadores. Nunca se falou tão claramente sobre o papel social dos influenciadores. E isso é ótimo!
Para mim, toda essa discussão sobre "desinfluência" é extremamente importante para reforçar o que é a REAL influência, consolidando, de uma vez por todas, o fim da "Ostentação da Vida Perfeita" como pedra fundamental desse mercado.
Queremos influenciadores que nos ajudem a navegar pelo mundo, que sejam guias, curadores, em quem podemos, além de admirar, CONFIAR.
As melhores oportunidades de negócios estão surgindo para quem entende essa diferença. Vamos da ostentação para a consciência coletiva, do engajamento superficial para a construção de um legado. Esse é o verdadeiro poder da influência. E é nisso que estou apostando para este mercado em 2021. Você vem comigo nessa?
* Cofundadora e CCO da YOUPIX, consultoria de negócios para a influence economy, Bia é a maior especialista em influência digital do país.
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