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2º turno medirá forças do antipetismo e do antibolsonarismo

Para analistas que participaram de webinar da Bússola, polarização deve nacionalizar a disputa em algumas capitais

Pessoas aguardam na fila para votar nas eleições municipais (Sergio Moraes/Reuters)
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Bússola

Publicado em 17 de novembro de 2020 às 21h10.

Última atualização em 1 de novembro de 2022 às 20h09.

Enfraquecimento da chamada “nova política”, cuja onda nos últimos anos ajudou a eleger outsiders e novatos. Fortalecimento de partidos tradicionais de centro e de direita, que ampliaram suas bancadas municipais e o número de prefeituras em todo o país. Desgaste progressivo da esquerda, mas com novas lideranças ensaiando algum protagonismo em centros urbanos. Esse foi o panorama geral do 1º turno das eleições municipais destacado no webinar promovido nesta terça-feira, 17, pela Bússola. A live reuniu os analistas políticos da FSB Comunicação, Alon Feuerwerker e Marcio de Freitas, e o sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa, Marcelo Tokarski.

E o que esperar do 2º turno, que vai decidir o futuro de 57 cidades em todo país, incluindo 18 capitais? Para Alon Feuerwerker, a disputa polarizada em algumas capitais será um importante termômetro para medir forças entre o bolsonarismo e antibolsonarismo, e também entre o petismo e o antipetismo, mesmo onde o partido não tem candidato próprio. “Quando se pensa em nacionalização, existem duas polarizações possíveis. A primeira, do bolsonarismo com o antibolsonarismo, que a gente pode assistir no Rio de Janeiro e em Fortaleza, onde há candidatos que receberam apoio mais explícito do presidente. E a outra é a do petismo com o antipetismo, que se manifesta onde há candidatos do PT - que é o partido que mais foi ao 2º turno agora em 2020 - e também quando os candidatos de esquerda são de outras siglas, como é o caso de São Paulo e Belém, com o Psol, e Porto Alegre, com o PC do B. Nestes últimos casos, o embate petismo x antipetismo vira esquerda x antiesquerda”, explicou.

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Alon considera que o 2º turno vai ser estratégico para medir o  vigor em 2020 de alguns fenômenos políticos que tiveram papel decisivo nas eleições de 2018, como o bolsonarismo e o antipetismo. “As grandes linhas das eleições de 2020 já estão definidas: quais foram os partidos que mais cresceram e quais foram os que diminuíram. Vamos ver agora se esse 2º turno nos dá novos elementos em relação ao ambiente político em geral, se está igual ao ambiente político de 2018 ou se mudou alguma coisa”, completou.

Abstenção pode cair no 2º turno

Marcelo Tokarski, do Instituto FSB Pesquisa, explicou que o índice de abstenção recorde de mais de 23% do último domingo, que em algumas capitais ultrapassou 30%, foi uma combinação do já crescente desinteresse da eleitor pela política com o medo de contaminação pelo novo coronavírus. “Historicamente a abstenção vem crescendo diante do cansaço da população com a política. Mas, neste ano, a gente tem uma contribuição muito forte da pandemia de Covid-19. Seja pelo medo de contágio no dia de votação, seja por ter ocupado o debate público e desviado o foco das eleições, que acabaram sendo muito mais mornas”, destacou.

Tokarkski acredita que essa postura mais passiva do eleitor, que se observou na campanha do 1º turno, deve mudar. Segundo ele, o acirramento das disputas no 2º turno deverá animar o pleito e poderá levar mais eleitores às urnas, reduzindo a abstenção. “A polarização de agora ajuda porque muitos eleitores vão querer votar, seja para eleger o candidato que ele quer, seja para impedir a vitória do candidato que ele não quer”, afirmou.

Fim da coligação para vereadores

O analista Marcio de Freitas lembrou que, em 2020, pela primeira vez, a legislação proibiu coligação para vereadores,  o que levou os partidos a lançarem muitos candidatos e fragmentou os votos. Ele alertou que os efeitos do fim das alianças para as eleições proporcionais vão além: “essa legislação vai impactar porque tem um segundo passo dela que, além de proibir as coligações, cria uma cláusula de desempenho que vai reduzir os números de partidos”.

Segundo Marcio, a partir dos resultados das eleições de domingo, já há siglas que passaram a estudar a junção com outras. “Há conversas em Brasília de algumas lideranças muito empolgadas com o resultado eleitoral que imaginam a fusão com partidos que tiveram um desempenho pior. O objetivo é criar uma sigla um pouco maior, que tenha capacidade de penetração no interior, nos grotões do país, mas que tenha também uma representação expressiva também na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, concluiu.

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