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Vivendas da Barra, o inusitado QG político de Bolsonaro

Rotina do candidato do PSL mostra que seu cada vez mais provável governo deve ser centrado nele mesmo

Imagem de arquivo: a campanha de Jair Bolsonaro passou a ditar os rumos do Brasil de forma curiosa: com base na agenda de visitas e no servidor de internet da casa do deputado (Paulo Whitaker/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2018 às 06h13.

Última atualização em 19 de outubro de 2018 às 06h40.

O atentado a faca em Juiz de Fora e a ampla vantagem no segundo turno fizeram com que o núcleo de campanha de Jair Bolsonaro (PSL) passasse a ditar os rumos do Brasil de forma curiosa: com base na agenda de visitas e no servidor de internet da casa do deputado, localizada no Condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, bairro nobre do Rio de Janeiro.

A julgar pelo entra e sai dos últimos dias, o inusitado QG político pelo menos permite aos brasileiros ter um cheiro de como será um cada dia mais provável governo Bolsonaro. E isso não chega a ser particularmente animador. Veja o dia de ontem, por exemplo. Passaram pela casa os dois mais próximos assessores de Bolsonaro — seu filho Eduardo, deputado federal eleito por São Paulo e cotado para a presidência da Câmara, e Gustavo Bebbiano, presidente do PSL e provável futuro ministro da Justiça. São eles os principais responsáveis pela estratégia de campanha do candidato e pelas movimentações políticas.

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Bolsonaro recebeu ontem também a equipe médica liderada pelo cirurgião Antonio Luiz Macedo, do hospital Albert Einstein, que o liberou para participar de debates, mas ressaltou que “a decisão é dele”. No fim de tarde Bebbiano afirmou que o candidato não vai a nenhum debate, afirmando que outros, como Lula, já o fizeram. Lula, porém, foi em todos os debates de segundo turno em 2002 e 2006.

O candidato ainda recebeu a visita de Antônio Denarium, candidato de seu partido ao governo de Roraima, para tratar da política de fronteira. Estiveram por lá ainda um grupo de 10 deputados da bancada evangélica, e o advogado chileno José Antonio Kast, candidato derrotado nas eleições de 2017 e apoiador do ditador Augusto Pinochet.

Em meio a tantas, visitas, o capitão reformado do exército se valeu de dezenas de posts nas redes sociais para tentar se desvencilhar das acusações de se beneficiar de caixa dois eleitoral. À noite, fez um vídeo para afirmar que “a Folha de São Paulo [responsável pela reportagem] está jogando no time do Haddad”.

Nos dias anteriores, o condomínio recebeu a visita da atriz Regina Duarte, de Ratinho Júnior (governador eleito no Paraná) e do economista Paulo Guedes. Se a rotina é prenúncio de um futuro governo, duas coisas ficam claras desde já. Bolsonaro usará muito o Twitter para falar direto com seus eleitores. E fará um governo centrado nele, um candidato que conseguirá eleger um enorme número de governadores e que já fez de seu partido a segunda maior bancada do Congresso.

A diferença será trocar o Vivendas da Barra pelo Palácio do Planalto.

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