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Vigilante ofereceu sorvete para atrair crianças antes de incêndio

Antes de iniciar o incêndio que deixaria 5 mortos, o vigilante Damião Soares da Silva atraiu a atenção das crianças dizendo que daria picolés a elas

Janaúba: segundo as investigações, o ato foi premeditado e ocorreu no aniversário de três anos da morte do pai do vigilante (Polícia Militar de Minas Gerais/Divulgação)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de outubro de 2017 às 12h56.

Última atualização em 6 de outubro de 2017 às 16h12.

Janaúba - O incêndio que matou cinco crianças e uma professora na Creche Municipal Criança Inocente, em Janaúba, norte de Minas , ocorreu no meio da festa de dia das crianças, antecipada por causa do feriado na semana que vem.

Com uma mochila nas costas e um pote azul nas mãos, o vigilante Damião Soares da Silva, de 50 anos, entrou no salão, fechou a porta e atraiu a atenção das crianças. "Eu vou dar picolé para vocês."

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Silva atirou álcool nos alunos e no próprio corpo, depois ateou fogo. Segundo as investigações, o ato foi premeditado e ocorreu no aniversário de três anos da morte do pai do vigilante.

No momento do atentado, apenas as crianças do berçário não participavam da festa. A dinâmica do crime foi relatada por testemunhas à Polícia Civil.

De acordo com o delegado Renato Nunes Henriques, chefe do Departamento da Polícia Civil de Montes Claros, responsável pela região, Silva, de fato, fabricava picolé em casa. Por isso, ele comprava etanol, usado como insumo na produção e guardava em casa (misturado com água, o álcool mantém a temperatura mais baixa).

"A investigação, agora, é para traçar o perfil psicológico dele", afirmou o delegado. "Ele começou a demonstrar transtornos em 2014, quando foi ao Ministério Público denunciar que a mãe estava envenenando a comida dele mas era mentira." Para vizinhos da creche, o vigilante parecia uma pessoa normal. "Ele não mostrava isso para a sociedade."

Ao longo da semana, familiares relataram que Silva repetiu, ora que daria um presente a eles, ora que iria morrer.

Velório

Os corpos das vitimas começaram a ser velados por familiares, em casa, na noite desta quinta-feira, 5. Os enterros ocorrem separadamente no cemitério da cidade.

A primeira criança a ser enterrada foi Ana Clara Ferreira Silva, de 4 anos, irmã gêmea de Victor Hugo Ferreira Silva, que, por estar com conjuntivite não foi para a escola no dia do crime. "Poderia ter sido os dois", disse o avô Antônio Ferreira, de 55 anos.

Ana Clara sofreu queimaduras no rosto e no corpo e não resistiu. Outras duas irmãs dela inalaram fumaça, foram internadas e transferidas para Montes Claros. O ataque causou a morte de cinco crianças e uma professora. Damião Silva também morreu em função das queimaduras.

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