Usar Exército é "coisa de governo fraco", diz Maia a blog
“Forças Armadas devem ser deixadas para o final. Mas o presidente parece gostar do simbolismo”, disse o presidente da Câmara ao blog de Josias de Souza
João Pedro Caleiro
Publicado em 26 de maio de 2018 às 10h14.
Última atualização em 26 de maio de 2018 às 11h05.
São Paulo - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está criticando publicamente o uso das Forças Armadas na greve dos caminhoneiros.
"A decisão foi errada", disse ao blog de Josias de Souza, na Folha de São Paulo, na noite de sexta-feira. E completa: “Isso é coisa típica de governo fraco”.
Foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) na noite desta sexta-feira uma decisão queautoriza o emprego das Forças Armadas para a Garantia de Lei e da Ordem até o dia 4 de junho.
Elas incluem a remoção ou a condução de veículos que estiverem obstruindo a via pública e a escolta de veículos que prestem serviços essenciais ou transportem produtos considerados essenciais.
Para Maia, o governo não deveria ter ido além do que foi autorizado por Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a pedido da Advocacia-Geral da União.
Moraes permitiu que a força fosse usada para desbloquear estradas, mas não mencionou Exército, apenas Polícia Rodoviária Federal, Polícias Militares e Força Nacional de Segurança.
“Foi o que o governo pediu. E seria suficiente”, avaliou Maia. “As Forças Armadas devem ser deixadas para o final, para situações extremas. Mas o presidente parece gostar do simbolismo.”
Maia é pré-candidato à Presidência da República pelo DEM e sua atuação na greve dos caminhoneiros foi marcada por um erro de cálculo.
Ele defendeu que alíquota do PIS/PASEP e do Cofins fosse zerada para o óleo diesel, o que acabou sendo incluído na proposta de reoneração da folha de pagamento aprovada pela Câmara.
Os deputados divulgaram que a previsão de perda de arrecadação seria da ordem de R$ 3 bilhões, enquanto o governo falava em R$ 12 bilhões.
Maia acabou voltando atrás e admitiu que a perda de arrecadação seria maior do que o previsto, mas em torno de R$ 9 bilhões.