Serralheiro que teve Fusca incendiado ganha Brasília
O carro foi doado por um empresário de Curitiba, sensibilizado com a cena do Fusca do trabalhador em chamas na Rua da Consolação, durante um protesto
Da Redação
Publicado em 20 de fevereiro de 2014 às 09h57.
São Paulo - A carcaça totalmente destruída do Fusca 1975, incendiado durante uma manifestação em janeiro, ainda ocupa a oficina do serralheiro Itamar Santos, de 54 anos. Mas o carro ganhou na última terça-feira, 18, a companhia de uma Brasília amarela, fabricada em 1980 - mas com cara de novinha.
O carro foi doado por um empresário de Curitiba, sensibilizado com a cena do Fusca do trabalhador em chamas na Rua da Consolação, região central de São Paulo.
Itamar voltava da igreja no dia 25 de janeiro quando, ao passar pela manifestação contra a Copa do Mundo, um colchão em chamas ficou preso na roda e o fogo se alastrou. Ele e outras quatro pessoas - entre elas uma criança de 5 anos - foram retirados do veículo em chamas.
Itamar ficou sem o carro que usava com a família e também no trabalho. "Semana passada tive de levar um portão no braço, fiz cinco viagens", conta, já com um sorriso no rosto - que não apresentava logo após o episódio traumático. "Agora estou com dó de colocar ferro nesse carro novo, está 'zero bala'."
A Brasília realmente está um brinco. Estofado impecável, funilaria sem um arranhão e o motor "nos trinques" - resultado de uma revisão mecânica realizada antes da doação.
O serralheiro diz que ficou impressionado com o ato. "Fiquei muito feliz, foi uma coisa de coração. Era um carro que o dono não vendia por nada."
O novo carro do serralheiro pertencia a Arlindo Ventura, de 40 anos, conhecido como Magrão. Dono de um bar na capital paranaense e agitador cultural, Magrão viu pela TV o drama de Itamar. "Eu tinha uma reunião importante e fiz uma promessa. Se eu me saísse bem, doaria a 'cabrita'", diz ele, referindo-se ao apelido que deu ao carro.
Magrão havia comprado a Brasília em 2009, depois de ter lavado e cuidado do carro ao longo de 8 anos, quando trabalhou em um estacionamento.
"Acho que o carro vai ser útil, mas a parte emocional é difícil aliviar", diz o empresário, ressaltando que seu ato foi uma forma de mostrar que a violência é desnecessária.
Após o episódio, manifestantes e ativistas insistiram que o Fusca foi incendiado acidentalmente. Surgiu pela internet uma corrente para ajudar o serralheiro e tentar compensar o prejuízo.
Vários depósitos bancários foram feitos diretamente na conta de Itamar, somando cerca de R$ 7 mil. Uma vaquinha online já arrecadou R$ 6,7 mil - os organizadores pretendem comprar outro carro. "Eles queriam mostrar que não é todo mundo igual, e não é mesmo", disse Itamar.
Quando os organizadores entraram em contato com o serralheiro para falar da "vaquinha", ele recusou no primeiro momento. "Mas depois alguns amigos disseram que eu estava sendo orgulhoso, então resolvi aceitar", diz.
Além de carro e dinheiro, Itamar foi presenteado com bolo, pãezinhos e também surgiu mais trabalho. Para dar continuidade à corrente do bem que surgiu a seu favor, ele vai doar a carcaça do Fusca para um catador que vive na sua vizinhança, na zona sul. "Ele é humilde, mas veio prestar solidariedade para mim, acho que vou ajudá-lo."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
São Paulo - A carcaça totalmente destruída do Fusca 1975, incendiado durante uma manifestação em janeiro, ainda ocupa a oficina do serralheiro Itamar Santos, de 54 anos. Mas o carro ganhou na última terça-feira, 18, a companhia de uma Brasília amarela, fabricada em 1980 - mas com cara de novinha.
O carro foi doado por um empresário de Curitiba, sensibilizado com a cena do Fusca do trabalhador em chamas na Rua da Consolação, região central de São Paulo.
Itamar voltava da igreja no dia 25 de janeiro quando, ao passar pela manifestação contra a Copa do Mundo, um colchão em chamas ficou preso na roda e o fogo se alastrou. Ele e outras quatro pessoas - entre elas uma criança de 5 anos - foram retirados do veículo em chamas.
Itamar ficou sem o carro que usava com a família e também no trabalho. "Semana passada tive de levar um portão no braço, fiz cinco viagens", conta, já com um sorriso no rosto - que não apresentava logo após o episódio traumático. "Agora estou com dó de colocar ferro nesse carro novo, está 'zero bala'."
A Brasília realmente está um brinco. Estofado impecável, funilaria sem um arranhão e o motor "nos trinques" - resultado de uma revisão mecânica realizada antes da doação.
O serralheiro diz que ficou impressionado com o ato. "Fiquei muito feliz, foi uma coisa de coração. Era um carro que o dono não vendia por nada."
O novo carro do serralheiro pertencia a Arlindo Ventura, de 40 anos, conhecido como Magrão. Dono de um bar na capital paranaense e agitador cultural, Magrão viu pela TV o drama de Itamar. "Eu tinha uma reunião importante e fiz uma promessa. Se eu me saísse bem, doaria a 'cabrita'", diz ele, referindo-se ao apelido que deu ao carro.
Magrão havia comprado a Brasília em 2009, depois de ter lavado e cuidado do carro ao longo de 8 anos, quando trabalhou em um estacionamento.
"Acho que o carro vai ser útil, mas a parte emocional é difícil aliviar", diz o empresário, ressaltando que seu ato foi uma forma de mostrar que a violência é desnecessária.
Após o episódio, manifestantes e ativistas insistiram que o Fusca foi incendiado acidentalmente. Surgiu pela internet uma corrente para ajudar o serralheiro e tentar compensar o prejuízo.
Vários depósitos bancários foram feitos diretamente na conta de Itamar, somando cerca de R$ 7 mil. Uma vaquinha online já arrecadou R$ 6,7 mil - os organizadores pretendem comprar outro carro. "Eles queriam mostrar que não é todo mundo igual, e não é mesmo", disse Itamar.
Quando os organizadores entraram em contato com o serralheiro para falar da "vaquinha", ele recusou no primeiro momento. "Mas depois alguns amigos disseram que eu estava sendo orgulhoso, então resolvi aceitar", diz.
Além de carro e dinheiro, Itamar foi presenteado com bolo, pãezinhos e também surgiu mais trabalho. Para dar continuidade à corrente do bem que surgiu a seu favor, ele vai doar a carcaça do Fusca para um catador que vive na sua vizinhança, na zona sul. "Ele é humilde, mas veio prestar solidariedade para mim, acho que vou ajudá-lo."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.