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CPI da Covid: Queiroga diz que foi dele decisão de não nomear Luana Araújo

Em depoimento à CPI, ministro nega que Planalto tenha vetado nome da médica, contrária ao "tratamento precoce", para Secretaria de Enfrentamento à Covid

Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em depoimento à CPI da Covid. (Edilson Rodrigues/Agência Senado/Flickr)

Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em depoimento à CPI da Covid. (Edilson Rodrigues/Agência Senado/Flickr)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 8 de junho de 2021 às 11h57.

Última atualização em 8 de junho de 2021 às 12h05.

Em depoimento à CPI da Covid, nesta terça-feira, 8, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que partiu dele a decisão de recuar da nomeação de Luana Araújo para a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19. A declaração vai de encontro às falas da médica, que disse ter sido informada pelo ministro de que o nome não teria sido aceito pela Casa Civil.

Indicada por Queiroga em 12 de maio, Luana teve a nomeação cancelada 10 dias depois. No período entre a indicação e o cancelamento, saíram na imprensa matérias que mostravam que a infectologista tem posicionamentos muito diferentes dos defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro sobre assuntos como uso de cloroquina para tratamento de covid-19.

Apesar das evidentes divergências e de ele mesmo ter indicado Luana para o cargo, Queiroga garantiu que a decisão de não nomeá-la foi dele, não do Planalto. "Não houve nenhum tipo de restrição da Casa Civil e da Segov acerca das questões próprias avaliadas naquela instância", disse.

O ministro apontou como motivo para ter recuado o fato de ter percebido que Luana não colaboraria para "a harmonização" da pasta, diante das "divergências entre a classe médica" sobre assuntos relacionados à pandemia. "Então, num ato discricionário do ministro, resolvi não efetivar sua nomeação", contou.

"Nesse ínterim, o nome da Luana, apesar da qualificação técnica, começou a sofrer muitas resistências, em face dos temas que são tratados aqui, onde há divergência muito grande entre a classe médica. Entendi que, naquele momento, a despeito da qualificação que a doutora Luana tem, não seria importante a presença dela para contribuir para a harmonização desse contexto"

Marcelo Queiroga

A versão de Queiroga é diferente da contada por Luana. Ao ser questionada sobre o motivo, em depoimento à CPI, em 2 de maio, a médica disse que o ministro entrou em contato com ela e informou que, "infelizmente", o nome não teria sido aprovado. "Alguém mentiu. Ou o senhor ou ela", disse a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA).

“O ministro, com toda hombridade que ele teve ao me chamar, ao fazer o convite, me chamou ao final e disse que lamentava, mas que a minha nomeação não sairia, que meu nome não teria sido aprovado”, disse a médica à CPI. Perguntada se a decisão teria partido de Queiroga, ela disse não saber, mas que "não teria lógica" se fosse.

Divergências com o presidente sobre assuntos relacionados a tratamento precoce levaram à demissão dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. No caso de Luana, não ficou clara a relação. "O que eu sei é que houve essa confusão toda de  imprensa, eu estava trabalhando e minha nomeação não saiu", contou a médica.

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